De todas as nossas viagens pelas Folias e Ritmias da Música do Brasil, de fato, a natureza é o que mais nos emociona. De todas as nossas escritas, o falar de nossa gente, do seu imaginário e da sua realidade é o que nos identifica. Cada nota de nossas canções nos torna ativos e vivos. Assim é a vivência, com a Música Folclórica, este é o sentimento que nos traz o Porto Bate Pé. Estamos vivos e ativos na companhia dos ritmos Canção - Caipira, Lundu e Embolada.
Canção-Caipira – A criação coletiva da
Canção. Este é um acontecimento muito comum
na
música caipira. Das festas populares, onde se reúnem centenas e às
vezes
até milhares de pessoas, o artista popular e seus parceiros criam em
cima
do acontecimento elaborando letra e melodia reportando-se à
festividade
em si, ou apenas usando-a como tema para dar vazão à sua
criatividade,
à sua inspiração. Existe hoje um número muito grande dessa
modalidade
musical de criação coletiva, mas apenas a festa do Divino, a
dança
de São Gonçalo ou a Folia de Reis, por exemplo, são citadas. Na
verdade,
o nome ou os nomes dos compositores terminam sendo
substituídos
pelo da cidade ou povoado onde foi criada a canção. É por
isso
que ouvimos falar da ‘Cana-Verde de Piracicaba’, do ‘Recortado de
Olímpia’,
do ‘Cururu de Tietê’ e assim por diante. O nome ou os nomes
dos
seus compositores perderam-se no tempo por falta de registro. Assim, ela
incorpora-se ao folclore da região
(Waldenyr
Caldas, O QUE É MUSICA SERTANEJA, São Paulo – 1987)
Lundu – Ao lado dessa Fofa adotada
pelas camadas populares brancas portuguesas, outra dança surgida pela metade de
setecentos, quase certamente também na Bahia – embora, noticias sobre ela
aparecesse quase simultaneamente pela década de 1760 também em Pernambuco e no
Rio de Janeiro- ,estava destinada sob o nome de Lundu a perfazer um caminho
mais longo, pois de dança de terreiro iria passar não apenas a número de teatro
mas, por artes de seus estribilhos cantados, a transformar-se, inclusive, em
canção de sabor humorístico.
Esse chamado Lundu, muito mais
preso que a Fofa aos Batuques de negros – de onde se destacara como dança
autônoma ao casar a Umbigada dos rituais de terreiro africanos com a
coreografia tradicional do Fandango (tanto na Espanha quanto em Portugal
caracterizado pelo castanholar dos dedos dos bailarinos que se desafiavam em
volteios no meio da roda) - , apresentava ainda um traço destinado a determinar
sua evolução: o estribilho marcado pelas palmas dos circunstantes, que fundiam
ritmo e melodia no canto de estilo estrofe-refrão mais típico da África negra.
Dessa intimidade de origem com os
batuques realizados em lugares ermos pelos escravos das roças – e onde sob tal
designação genérica muitas vezes se abrigavam as cerimônias do ritual religioso
africano – talves tivessem tirado os brancos, atraídos pela festa rítmica dos
negros, o próprio som da dança. É que, conforme revelavam não apenas o poeta
Gregório de Matos no século XVII, mas Nuno Marques Pereira e seu PEREGRINO DA
AMERICA e outros documentos oficiais de setecentos, tanto na Bahia quanto em
outras cidades das Minas Gerais os ritos da religião denominados de Calundus
eram eventualmente chamados de Lundus.
(José
Ramos Tinhorão, HISTORIA SOCIAL DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA, pags. 99 – 100,
Portugal – l990.)
Gravura de Rugendas |
Embolada - Gênero musical que teve
origem no Nordeste brasileiro, aparecendo mais freqüentemente na zona litorânea
e mais raramente na zona rural, suas características principais incluem uma
melodia mais ou menos declamatória, em valores rápidos e intervalos curtos. O
gênero é simples e não possuiu qualquer composição preestabelecida, quanto ao
número e disposição dos versos. Um estribilho é repetido, num intervalo maior
ou menor por um dos cantadores, enquanto o outro improvisa. A letra é
geralmente cômica, satírica ou descritiva. O texto, com freqüência, é alterado
com aliterações e onomatopéias. A dicção, por vezes complicada, torna-se mais
difícil devido a rapidez com que os versos muitas vezes são improvisados. Para
Euclides Formiga, o metro é "setissilábico, a redondilha maior". Já
para Câmara Cascudo, a embolada tem como característica o refrão e a estrofe de
seis versos. Já para Leonardo Mota, seria um martelo, com estrofe de dez versos
com cinco sílabas. Nas feiras nordestinas uma das principais atrações é o
encontro de dois emboladores, empunhando o pandeiro ou o ganzá, um instrumento
de flandre, cheio de caroços de chumbo. Entre os principais emboladores,
destaca-se a figura do alagoano Tira-Teima. Com o advento do rádio e
especialmente a partir da invasão da música nordestina nos anos 40,
destacaram-se diversos artistas cultores do gênero. Um dos principais nomes do
gênero foi o pernambucano Manezinho Araújo, que fez grande sucesso nos anos 40
e 50 com suas emboladas, com destaque para "Veja como o coco é bom",
"As metraia dos navá", "Quando a rima me fartá" e
"Cuma é o nome dele", entre outras composições. Mais recentemente
destacaram-se na embolada as duplas Cajú e Castanha e Terezinha e Lindalva,
essa última apresentando-se no Rio de Janeiro, principalmente no Largo da
Carioca.
(Instituto
Cultural Cravo Albin).
Foto Ana Maria |
Assim estamos desenhando o mapa da Música Folclórica, baseando-nos em nossa releitura e projeção dos Ritmos Nativos do Brasil Imperial e Colonial. E sempre acompanhados com a Mala do Folclore. Até breve Amigos, acompanhe nosso endereço sonoro : http://www.youtube.com/watch?v=6uN79uN_sUE&feature=youtu.be e Visitem nossa loja: http://a-quitanda-do-folclore.webnode.com/.
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