BRASILIANA - (...) “De Lisboa gabava-se
Fleckno à Mademoiselle de Beauvais que já se podia considerar viajante
intercontinental. Estivera em terras da Ásia. E nas cimereas plagas.
Faltavam-lhe as da África e América, para contentar urna vaidadezinha assaz
infantil.
Não tardaria que a satisfizesse. Impressões
de Lisboa nenhuma nos inculca. Elogios elevados faz contudo ao Príncipe do
Brasil, o malogrado adolescente discípulo de Antônio Vieira, "príncipe
alto e esguio, de grandes esperanças, espírito, coragem e instrução".
Pouco depois anunciava Fleckno à
Mademoiselle de Beauvais que ia partir para a África e o Brasil, a ver areais
na primeira e florestas no segundo.
Não só aprovara D. João IV tal propósito
como lhe mandara dar duzentas coroas de aiuta de custa. Instigara ao jesuíta a
ideia de tal jornada o desespero de conhecer "novos céus e novas terras, a
curiosidade de atravessar a Equinocial e ver as raridades do Brasil encontradas
em Lisboa".
Estava
no Tejo, de verga d'alto, uma das frotas do Brasil. Bela ocasião para visitar a
África e a América!
Assim, apressou-se em aceitar o convite do
nosso famoso Salvador Correia de Sá e Benevides, General daquela esquadra.
Partiu pois para os mares equinociais e as terras selvagens do outro
hemisfério.
Largou Salvador de Lisboa, a 15 de agosto de
1647, chegando ao Rio a 16 de janeiro de 1648.(...)
(...)
À tarde chegaram os pilotos a fim de conduzir-nos para dentro da baía;
ancoramos então sob a leve brisa que toda a noite sopra do mar e toda a manhã
da terra.
Entramos na baía por entre dois rochedos
possantes, distantes um do outro de algumas milhas (um, pela sua forma, é
denominado o Pão de Açúcar). Ao avançarmos, passando algumas milhas além do
forte que defende a barra, deparou-se-nos a mais sedutora paisagem do mundo, o
Lago do Rio, de umas vinte e tantas milhas de extensão, todo salpicado de ilhas
verdejantes, algumas de uma milha, outras mais, outras menos, e a cidade ereta
à esquerda, umas três milhas além do forte, num sítio onde a baía oferece
segurança a muitos milhares de naus.
Ao desembarcar, encontrei cômodos para mim
arrumados pelos padres da Companhia, com dois molatos (sic) ou mestiços de
negros para servir-me, com a minha dieta preparada nas suas próprias cozinhas
próximas à minha morada.
Tudo isto não sei se por ordem do Rei ou
recomendação do Governador (que viera conosco) ou se graças à caridade dos bons
padres; o certo é que fui tão extraordinariamente acomodado, como por dinheiro
algum poderia pagá-lo, pois aqui não existem, como em nossa terra, hospedarias
ou albergues. Os que frequentam estas paragens são os mercadores, hospedados
pelos seus correspondentes ou marinheiros, que permanecem a bordo, homem algum
havendo ainda empreendido tal travessia movido pela simples curiosidade.”(...)
(Afonso
de E. Taunay, VISITANTES DO BRASIL COLONIAL, (Séculos XVI – XVIII), pags. 50 e
51, 65 e 66, São Paulo – 1933).
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ROTEIRO –
ESTRADA
DA BOIADA – (Xote) Cd: Fonte Nova (1997)
NAMORO
NO MATO – (Miudinho)
Cd: Cisca – Fogo (1996)
DEBAIXO
DA PALMEIRA – (Lundu)
Cd: Na Boca do Povo (1995)
Cd Fonte Nova |
Cd Cisca Fogo |
Cd Na Boca do Povo |
Até breve queridos amigos, fiquem conosco em nosso endereço : https://www.youtube.com/watch?v=VAO00OvtBEs .
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