São Pedro – Discípulo, santo
chaveiro, primeiro papa, festejado a 29 de junho, juntamente com São Paulo,
aparece nas estórias populares como personagem astuto, finório, espécie de
Pedro Malasartes, com maior dignidade, mas desenvoltura; idêntica. De sua
simplicidade e boa fé, espontânea credulidade, visíveis no Novo Testamento, o
povo o tornou uma expressão curiosa, que outrora, que ora se liberta de
circunstâncias aflitivas ou difíceis com imperturbável sangue frio, ou resolve
essas situações com processos não muito ortodoxos, mas perdoados pela
indulgência de Jesus Cristo, seu companheiro nas jornadas.
(Câmara
Cascudo, DICIONARIO DO FOLCLORE BRASILEIRO, pag. 494, Rio de Janeiro, 1954).
Ângela Gomes "Procissão Marítima"
Bandeira
Furtada – Era uma tradição popular em certas localidades do Norte brasileiro
furtar uma das bandeiras hasteadas á porta de casas residenciais, e comunicar
depois a futura devolução, com cortejo solene. Recebiam a bandeira furtada com
festas, bailes, musicas. O habito de ter a bandeira á porta era privativo da
época joanina, de Santo Antônio, 13 de junho a São Pedro, 29. Sempre era a data
escolhida para a devolução da bandeira. “Uso daquela época era reunirem-se
vários rapazes sempre naquela postada à frente da casa de gente distinta,
abastada, que contasse com algumas moças bonitas. Conduziam o estandarte e, no
dia seguinte, por meio de uma carta em boa caligrafia, e melhor adjetivada,
comunicava-se ao chefe daquela família, que, na véspera de são Pedro, seria
realizada a “entrega” com toda solenidade. Realmente, pelas oito horas da noite
do dia indicado, numa charola bem confeccionada, conduzida por moças
caprichosamente vestidas, cantando um hino sob acompanhamento de uma banda
musical, vinha à bandeira furtada. À frente, os membros da comissão e demais
associados, queimavam busca-pés e fogos-de-bengala, por ultimo, os curiosos. A
recepção sempre pomposa; salão repleto de famílias, discurso de entrega, discurso
de agradecimento, danças animadas, banquetes à meia-noite. Mais discursos
brindando os donos da casa, o belo sexo, umas modinhas, algum recitativo,
continuação das danças até os primeiros claros da manhã”.
(Cariolano
de Medeiros, O TAMBIÁ DA MINHA INFÂNCIA, págs. 49 – 50, João Pessoa, 1942).
Papas Stefanos "Festa na Roça"
Comemoração
– É festejada semelhantemente a São João, embora em menor escala. Na Bahia os
festejos eram promovidos especialmente pelos sacerdotes seculares (presbíteros
de São Pedro) e pelas viúvas, atendendo á tradição popular de o santo ter
enviuvado. É festejado pelos marítimos, por ter sido pescador, com missas
votivas, desfiles marítimos, etc., em vários lugares, entre eles no Rio de
Janeiro. ”Foi na noite de 28 de junho que chegamos nos arredores de Campinas. A
radiosa beleza da noite tropical tornava-se ainda maior pela iluminação da
cidade, pelas imensas fogueiras espalhadas pela planície, e brilhantes fogos de
artificio lançados de todas as ruas e de todas as plantações circundantes. Os
clarões e o barulho eram tais que sem qualquer esforço de imaginação, terse-á
acreditado estar perto de alguma cidade sitiada, durante um violento
bombardeio. Era a “Véspera de São Pedro”. E todo homem que tinha um Pedro
ligado a seu nome, sentia-se na obrigação de acender uma imensa fogueira diante
de sua porta, e soltar uma porção de foguetes, além de descarregar inúmeras
pistolas, mosquetes e morteiros, sob semelhante tormenta entramos em Campinas”.
(D.P. Kidder
e J.C. Fletcher, O BRASIL E OS BRASILEIROS. II pag. 107, São Paulo, 1941).
Alfred Volpi "Mastro de São Pedro"
Estrada de Boiada (Xote) Àlbum Fonte Nova
Sala de Audição:
https://www.youtube.com/watch?v=DY_8WVsXghk
Até breve... Amigos e boas festas !!!