Antonio Conselheiro e Cangaceiro - Douglas Docelino
Chegada de Lampião no Inferno - Eugenio Colonnese
Floriano Peixoto - Pintor Desconhecido
Lampião e Maria Bonita - Benjamin Abrahão
Padre Cícero - Petrônio
Corisco e Dadá - Benjamin Abrahão
Delmiro Gouveia e Anunciada Candida - Autor Desconhecido
Adilia e Sila - Benjamin Abrahão
Aureliano Chaves - Amarilis Chaves
Antonio Silvino - Portinari
Cacimba Sêca - Aldemir Martins
- GEMEDEIRA -
Nesse mesmo instante, muitas léguas de alpergatas distante, na clareira
onde pernoitavam os sete cangaceiros, estranho fenômeno começou a ocorrer com a
viola de Gitirana, que dormia ao sereno, fora da sacola. Uma a uma, suas cordas
começaram a se partir, sozinhas. E, rebentando-se, elas gemiam em sons roucos,
cavos.
Gitirana despertou, aflito. Vendo o instrumento com suas cordas se
partindo, correu para perto e ficou a escutar o som da última corda quebrada,
debruçou-se, chorando, sobre a viola quebrada:
-
Acorde, padrinho Labareda – gritou. Alguma coisa de grave aconteceu com o nosso
capitão...
Delirava ao falar:
- Não
sei o que se passa com o mistério sinistro dessa minha viola, com suas cordas,
elas estão se rachando sozinhas. Sinto a agonia da minha viola perdigueira, ela
está gemendo, dando um aviso...
Labareda
despertou e veio na direção de Gitirana que, ajoelhado perto da viola,
parecia um doido, conversando sozinho:
- Minha
viola quebrada, triste viola minha. Á
toa você não ia se quebrar desse jeito, o que aconteceu com o nosso capitão? Só pode ter sido morte por traição.
Despertaram os demais companheiro e todos vieram para o lugar onde
Gitirana, em desespero, lamentava-se diante do instrumento.
Labareda,
numa calma compungida, procurou esclarecer o fenômeno:
- Só pode
ter sido traição. Mataram o capitão...
Malva, ali
perto, tocando no ombro de Gitirana, falou:
- Com Lampião
e Maria Bonita estava o Luiz Pedro e mais gente com eles. Por certo hoje de
madrugada, comadre Maria não se levantou para fazer o café.
Ajoelhado,
agora segurando a viola, Gitirana nela batia, repetindo:
- Todas as
cordas da minha viola foram partidas, quebradas, voa, viola, voa.
.
Estava atuado o cabra. Não escutava Malva, nem
ninguém. Persignava-se. Segurou a viola com estranha unção chamando-a de
encontro ao peito. Sentiu uma enorme e estranha vontade de trovar. E batendo os dedos na madeira,
sustentou a “gemedeira”. E com ela parecia que o sertão inteiro chorava também.
E, ali, na
medida do conto da regra inteira, na pancada da viola, dolente “gemedeira”,
suspirou:
“Lampião e
Maria Bonita,
Luiz Pedro e
Quinta-Feira:
Ai, ai, ui,
ui, ai, ai, ui, ui.”
Reverenciou inda os demais companheiros,
solando na perdigueira:
“Caixa de
Fósforo, Elétrico,
Diferente,
Enedina, Mergulhão
Ai, ai, ui,
ui."
Compadre, meu
Cajarana,
Gira, gira,
Gitirana:
Ai, ai, ui,
ui.”
Paulo Dantas. DELMIRO GOUVEIA E OUTROS SERTÕES. Pag. 73, (Edições
Populares) – São Paulo - 1976
Coroneis do Sertão - Caboré
Os Sobreviventes - Descartes Gadelha
O Bordel - Omar Santos
A Serpente - J. Borges
A Criança Morta - Portinari
Os Combatentes - Grover Chapman
Os Violeiros - J. Borges
Labareda - MS
Bando de Lampião e Maria Bonita - Benjamin Abrahão
Bando de Corisco e Dadá - Benjamin Abrahão
O Cordelista na Feira - J. Borges
- SALÃO DE AUDIÇÃO -
A Nova República. (Gemedeira)
Àlbum : Minha Terra
Muito Obrigado !!! Por vossa companhia...
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