- Precursores dos Estudos de Folclore no Brasil –
A bibliografia folclórica de autores nacionais é aberta por
Celso de Magalhães, publicando, em Recife, no jornal Trabalho (1873), estudos
comparativos sobre os romances velhos de Portugal recolhidos no Nordeste e os
modelos do Romanceiro, de Teófilo Braga, posteriormente reunidos em A Poesia
Popular Brasileira.
No ano seguinte, José de Alencar lança O Nosso
Cancioneiro, com análise e considerações sobre as formas poética populares,
destacando-se as gestas de bois famosos. As nossas letras andavam em festas com
o romantismo e o folclore entremeou as obras de Alencar.
Com
Religião e Raças Selvagens, no mesmo ano, Couto de Magalhães começa suas atividades
entre os índios, prosseguindo com Contes Indiens au Brésil (1882) e, em 1876, O
Selvagem, pesquisa que contou com a colaboração de soldados bilingües,
autorizados por Duque de Caxias, então Ministro da Guerra.
Silvio
Romero, critico, historiador, jurista, colheu a poética popular, publicando na
Revista Brasileira (1879-1880) seus Estudos sobre a Poesia Popular. Em Lisboa
são editados Cantos Populares do Brasil (1883) e Contos Populares do Brasil
(1885). Gustavo Barroso, ao biografá-lo no I Congresso Brasileiro de Folclore,
afirma que “Ninguém nesse período de 1883 a 1951 deu ao Brasil maior cópia de Romances
e Xácaras, salvo do esquecimento e destruição”.
Mello
Morais Filho foi um paisagista de usos e costumes. Dentre suas obras, Festas e
Tradições Populares do Brasil (1888) cumpre o destino que lhe anteviu Silvio
Romero no prefácio: “suas descrições de costumes hão de ser chamadas a depor,
como documentos autêntico”.
Pereira
da Costa, Manoel Querino e Vale Cabral, do Nordeste, nascidos como Silvio
Romero, em 1851; sob a tutela de seus nomes realizou-se o I Congresso
Brasileiro de Folclore, que lhes celebrou o centenário. Pereira da Costa se
distinguiu com Folk-lore Pernambucano; Manoel Querino se localiza
preferentemente nos complexos culturais baianos, sendo o negro o ponto central;
Vale Cabral deixou 15 Cadernos de Literatura Oral do Nordeste.
José
Verissimo, em 1882, publica na Revista América seus estudos sobre Tradições,
Crenças e Superstições Amazônicas, e, em 1891, Barbosa Rodrigues apresenta na
Revista Brasileira a pesquisa sobre Lendas, Crenças e Superstições, seguindo
com Poranduba Amazonense (1890).
Um
rumo diferente daria aos estudos de folclore, iniciando estudos científicos
sobre o negro, derrubando os limites socioculturais da época, e desvendando o
pensamento africano com L’animisme fetichiste des nègres de Bahia (1900) e Os
Africanos no Brasil (1933).
Nas primeiras
décadas do século XX, João Ribeiro, historiador e filólogo, ministra na
Biblioteca Nacional (1913) o primeiro curso de Folclore e com tenacidade e
paciência percorria dos Vedas á quadrinha popular o caminho no qual poderia
deparar-se com a solução de problemas de exegese. Tornou o Folclore como
ciência psicológica e em 1919 publica O Folclore.
Amadeu
Amaral (SP) considerava que o povo tem uma ciência a seu modo, uma arte, uma
filosofia, uma literatura (ciência, arte, filosofia, literatura anônimas). Tem
também um direito, uma religião e uma moral que se distinguem dos que lhe são
impostos pela cultura da escola ou lhe vêm por infiltração natural de
influências ambientais – muito embora possam ter tido uma origem cultural remota,
mas já trabalhada por um inconsciente processo de adaptação da psique coletiva.
Pioneiro da dialetologia nacional com Dialeto Caipira (1920), sugeriu á
Academia Brasileira de Letras a centralização dos estudos de Folclore, propôs a
fundação de uma associação em São Paulo, que funcionasse a modo de mutirão, com
material metodicamente arquivado, numa forma rudimentar de banco de dados.
Publicou trabalhos em O Estado de S. Paulo na década de vinte, depois reunidos
em Tradições Populares (1948).
Lindolfo Gomes (SP) foi o primeiro a estudar
o conto cientificamente e a esboçar um sistema de classificação, no Brasil.
Publicou Contos Populares, 1931.
Entre os
continuadores, Mário de Andrade; amou o povo e lhe bebeu a sabedoria. Foi o
primeiro a fazer pesquisa de campo, a formar equipe de pesquisadores,
realizando, em 1938, no Norte e Nordeste, o mais denso e rico levantamento folclórico.
Legou extensa bibliografia na qual comparecem não apenas as resultantes das
pesquisas, mas as indagações e os problemas situados em pontos vitais da
ciência.
Impossível arrolar os nomes de tantos e tantos mestres que abriram
veredas e ergueram conclusões normativas; mas figuram nas bibliografias
especializadas e em várias obras folclóricas. Dentre as primeiras: O Folclore
no Brasil, de Basílio de Magalhães; Manual Bibliográfico de Estudos Brasileiro,
de Rubens Borba de Morais; Bibliografia do Folclore Brasileiro, de Bráulio do
Nascimento; Boletim Bibliográfico, do IBECC.
Maria de Lurdes Borges Ribeiro, FOLCLORE, Biblioteca Educação
É Cultura, págs. 28, 29, e 30, Rio de Janeiro – 1980.
- O CORONEL –
O Coronel
Mandou comprar
O Iorubá além-mar.
O Coronel
Desafiou o Paiaiá
O Maragojipe e o Sabujá.
O Coronel
Mandou atacar
O comboio da Coroa.
O Coronel
É meu padrinho
E do povo, todo de lá.
Matias Moreno. O CORONEL. Álbum: Maré Alta. “Ana Maria &
Matias Moreno”. Bahia – 2005.
- SALÃO DE AUDIÇÃO -
O Coronel (Xácara)
Álbum: Maré Alta
Foto: Adela Aragón Lópes
Até breve !!!
obrigado por vossa companhia...