Ocu baba Ocu jerê. Até mais Santo Amaro!
Voltamos a cidade de Cachoeira ,riquíssima, vastíssima enciclopédia da Bahia. Alô Cachoeira da Bahia, nosso abraço , vem aí saltitando da Mala do Folclore os Ritmos Partido Alto, Toré e o Ritmo Choradinho.
Partido Alto – nos seculos XVII, XVIII, XIX e até
mesmo inicio do seculo XX não se fazia diferença entre “Sambadeira, prostituta
ou vagabunda” para o homem: Sambador era um deflorador e desordeiro, impedindo
com isto que muita gente de posição concorresse ao Samba, por suas pregações
morais. Isto deu origem as rodas de samba, realizadas ás ocultas entre os
senhores, as suas crioulas preferidas e esta realização temos o nome de Samba
do Partido Alto.
Para este tipo de Samba
eram escolhidos os tocadores de maior recato e responsabilidade, evitando a
divulgação e até o conflito de familia. A este tipo de Samba só assistiam os
participantes com as suas favoritas. O ritmo era mais moderado e feito ao som
das violas e pandeiros esta modalidade apresenta algumas alterações.
Enquanto os
tocadores e cantores entoam a Cantiga a Sambadeira não vai ao centro da roda,
quando para a Cantoria, ouve-se somente o som das palmas e da viola, a
Sambadeira vai ao centro da roda, rodopia, sapateia e vai para o pé da viola
onde dança de frente para o violeiro, dizendo-se que ela “amarrou o Samba”. Depois de um
longo repinicado ela vira as costas ao violeiro e assim desamarrou do Samba e o coro começa novamente a cantar
enquanto é dada a Umbigada. (Zilda Paim, Relicario Popular, Pag. 55, Bahia, 1999).
Tore - Os tupinambás
se prezam de grandes músicos, e, ao seu modo,cantam com sofrível tom, os quais têm boas
vozes;
mas todos cantam por um tom, e os músicos fazem motes de
improviso, e suas voltas, que acabam no consoante do mote;
um só diz a
cantiga, e os outros respondem com o fim do mote, os quais
cantam e bailam juntamente numa roda, na qual um tange um tamboril,em que não dobra as pancadas;
outros
trazem um maracá na mão, que é um cabaço, com umas pedrinhas dentro, com
seu cabo por onde pegam;
e nos seus bailes não fazem mais mudanças,
nem mais continências que bater no chão com um só pé ao som do
tamboril;
e assim andam todos juntos à roda, e entram pelas casas uns
dos outros; onde têm prestes vinho, com que os convidar; e às vezes
anda um par de moças cantando entre eles, entre as quais há também mui
grandes músicas, e por isso mui estimadas. Entre este gentio são os músicos mui
estimados, e por onde quer que vão, são bem agasalhados, e muitos
atravessaram já o sertão por entre seus contrários, sem lhes fazerem
mal.
( Gabriel Soares de Souza,”Tratado
Discritivo do Brasil em 1587”,(capitulo CLXII), pags 315 e 316.
Choradinho – ou Baião dança e canto popular, ao som
da viola e de outros instrumentos, derivado do Baiano. Conhecida também como
Baiano ou Chorado. Esses nomes também se aplicam ao pequeno trecho instrumental
que os contendores executam nos Desafios para dar tempo ao adversario de
preparar a sua resposta.
(Silvio Romero)
Choradinho – (...) “ nem todos, porém, a compartem.
Baldos de recursos para se alongarem das rancharias, agitam-se, então, nos
Folguedos costumeiros, encouraçados de novo, seguem para os Sambas e Cateretês
ruidosos, os solteiro,famanazes no Desafio, sobraçando os machêtes, que vibram
no Choradinho ou Baião, o os casados levando toda a obrigação, a familia. Nas
chopanas em festa recebem-se os convivas com estrepitosas salvas de ronqueiras
e como em geral não há espaço para tantos, arma-se fora, no terreiro varrido,
revestidos de ramagens, mobiliado de cepos, e troncos, e raros tamboretes, mas
intenso, alumiado pelo luar e pelas estrelas o salão do baile. Despontam o dia com
uns largos tragos de aguardente, a teimosa, e rompem estrídulamente os
sapateados vivos.
Um cabra
destalado ralha na viola. Serenam em vagarosos maneios, as Caboclas bonitas.
Revoluteia, brabo e corado o sertanejo moço.
Nos intervalos travam-se
os desafios.
Enterreiram-se, adversarios, dois Cantores rudes. As rimas saltam e
casam-se em quadras muita vez belissimas.
Nas horas
de Deus, amém
Não é zombaria, não !
Desafio o
mundo inteiro
Pra
cantar nesta função !
O
adversario retrunca logo, levantando-lhe o ultimo verso da quadra:
Pra cantar nesta função
Amigo, meu
camarada.
Aceito teu
desafio
O fama
deste sertão !
É o começo
da luta que só termina quando um dos bardos se engasga numa rima dificil e
titubeia, repinicando nervosamente o machete, sob uma avalanche de risos
saudando-lhe a derrota. E a noite vai deslizando rápida no Folguedo que se
generaliza. Até que as barras venham quebrando e cantem as sericóias nas
ipueiras, dando o sinal de debandar ao agrupamento folgazão.
Terminada a
festa, volvem os vaqueiros á tarefa rude ou á rede preguiçosa.”(...)
(Euclides da Cunha, OS SERTÕES, pags. 228 e 229), (Lendas e Canções,
“Quadras”, Juvenal Galeno.)
Estamos a vontade para fazer o nosso mapa, o qual nos leva a Estrada Real. E vamos que vamos! Voltaremos ao Trem de Ferro, para caminhar na "Feira de Santana" com a Mala do Folclore. Obrigado a todos e visitem nosso endereço eletrônico:
Ana Maria autografando "Boa Viagem" (Cachoeira-Ba.) |
Matias Moreno autografando "Brasiliana Folias e Ritmias" (Cachoeira-Ba.) |
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