Saindo da rota das águas pelo Porto Lua Cheia, pegamos a Mala do Folclore e subimos até o Recôncavo da Bahia. Passagem por Santo Amaro da Purificação, onde o "Samba Chulado" pediu passagem. Assim, junto com ele, nos acompanham os ritmos Cantoria - Romeira e Samba.
Samba-Chulado – A Chula era a
alma do Samba do Partido Alto fez a Modinha viver, é filho da Bahia, orgia de
ritmos, ironias, surpresas, um que de selvagem. De primitivo, uma glorificação
do passado. A dança bole com os nervos de muita gente recatada, a rapaziada
perde a cabeça quando a Mulata, sapateando, dá os seis passinhos de estilo para
entrar na roda, quando a Cabrocha dança um “Corta Jaca Miudinho” ou quando
requebra num “Corta Coco Direitinho”.
Os olhares lascivos da
Sambadeira, mexem com os corações.
O Samba é próprio das
festas em louvor aos santos do mês de junho, São Cosme, São Damião, nas festas
da lavagem da igreja da Purificação , nas festas de casamento e batizados das
roças e fazendas.
O Samba é uma exibição das
qualidades individuais de cada dançarino. Cada qual mais apurado, mais
entusiasta e as Crioulas com o seu maior remelexo. Os olhares lascivos da
Sambadeira além de bulirem com o sentimento dos espectadores, produzem maior ou
menor excitação nela própria.
Samba quer dizer
adoração, queixume, súplica e desejo.
(Zilda Paim, Relicário Popular,
pag. 56, Bahia, 1999.).
Cantoria-Romeira – Ato de
cantar, a disputa poética cantada, o Desafio entre os Cantores do Nordeste
Brasileiro.(...) “Admirável é que o tempo não lhes vença o ânimo nem apouque a
admiração do povo. Continua como eram. Agora em menor porção mas sempre
queridos cercados, cantando valentias, passando fome, vendendo folhetos,
sonhando batalhas. Seu público não mudou. É o mesmo. Vaqueiros, mascates,
comboieiros, trabalhadores de eito, meninada sem profissão certa e que
trabalham em tudo, mulheres... Nas Feiras são indispensáveis. Rodeados como os
camelôs nas cidades, de longe ouvimos a voz roufenha, áspera, gritante. Nos
intervalos, o Canto Chorado da viola companheira. Perto cem olhos se abrem,
contentes de ver mentalmente o velho cenário combativos de seus avós. Ninguém
interrompe. Não há insulto. Pilhéria, a pilhéria dos rapazes espirituosos das
capitais. Há silencio e ouvido atento”(...)
(...) “Os Portugueses trouxeram
a tradição das Romarias para o Brasil. Não consta que os indígenas tivessem
pontos de afluência religiosa e os africanos conheceram as Romarias depois de
muçulmanizados.”(...)
(Luis da Câmara Cascudo, Dicionário
do Folclore Brasileiro, pags. 152 e 554, Rio de Janeiro, 1954.)
Samba – Samba - Duro é o Samba
feito só para homens, com um ritmo quente de Batuque, sempre executado no final
das grandes farras quando as Mulatas já se recolheram, e lá vai alta a
madrugada !!!
Variadas são as formas
do Samba: Samba Amarrado, Samba da Crioula, Samba do Partido Alto. Todos estes
nomes significando os Sambas apresentados em recintos reservados para altas
personalidades com as suas preferidas, este ritmo é acompanhado de violas que é
seguido pelo bater das palmas. A Sambadeira dando o seis passinhos de estilo,
entra na roda e vai ao pé da viola dá a Umbigada e o violeiro entoa uma Chula,
terminada a Chula é que sai a outra Sambadeira.
As Chulas improvisadas,
mexiam com os presentes ou fatos ocorridos ou ainda parte das pessoas.
Nunca vi Santo Amaro,
de Lampião
Nunca vi mulher magra
de cadeirão.
Formada a roda rufam os
pandeiros, repinicam as palmas e o coro entoa o Samba. Vários são as músicas e
versos.
É hoje sim você tem qui
dá
Debaixo da rama do
maracujá
Eu dou seu Zé, eu dou
seu Zé
Umbigada na sua mulher.
(Zilda Paim, Relicário Popular.
Pags. 56 e 59, Bahia, 1999).
É amigos muitas emoções pela frente, aqui estamos no Porto Lua Cheia com a Mala do
Folclore e suas sonoridades. Garantimos muitas emoções, até breve!. Não deixem de curtir nosso endereço musical.
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