BATUQUE – “A luta
mobilizava um par de jogadores, de cada vez. Estes, dado o sinal, uniam as
pernas firmemente, tendo o cuidado de resguardar o membro viril e os
testículos. Havia golpes interessantíssimos, como a Encruzilhada, em que o
atacante atirava as duas pernas contra as pernas do adversário, a Coxa Lisa, em
que o lutador golpeava coxa contra coxa, seguindo o golpe com uma Raspa. E
ainda como o Baú, quando as duas coxas do atacante davam um forte solavanco nas
do adversário, bem de frente. Todo o esforço dos lutadores era concentrado em
ficar em pé, sem cair. Se. Perdendo o equilíbrio, o lutador tombasse, teria
perdido, irremediavelmente, a luta. Por isso mesmo, era comum ficarem os
Batuqueiros em Banda Solta ,
isto é equilibrados numa única perna. A outra no ar, tentando voltar á posição
primitiva”.
(Édison Carneiro, NEGROS BANTOS, Cap. X, pags. 164, Rio de
Janeiro – 1937).
BANZABÊ – Todos
os Cronistas Coloniais descrevem o Bailado Indígena em círculos, com pancadas
de pé, e Canto. Nas Danças Secretas, preparatórias para a guerras ou grandes
expedições de colheita, os Pagês, Feiticeiros religiosos, ficavam no meio do
círculo de Dançarinos emplumados, e iam soprando baforadas de tabaco, aroma
excitador, hálito de deuses animadores. Não tivemos documentos de uma Dança
solista do Page, Dança-Oração, cada atitude expressando súplica, dentro dos
ritmos dedicados á divindade.
(Luis da Câmara Cascudo, DICIONARIO DO FOLCLORE BRASILEIRO,
pags. 226, Rio de Janeiro – 1954).
BANZABÊ - O
Cantor principal carregava um bastão no qual havia um chocalho de pequi
amarrado, que era percutido no chão durante toda a performance, fornecendo o
pulso rítmico das músicas. Em algumas sessões um dos ajudantes também trazia um
bastão de ritmo. Ao entrarem nas casas, posicionavam-se em “linha” de frente
para a porta principal da casa (a que está voltada para o centro da aldeia).
(Maria Ignez Cruz Mello, MÚSICA E MITO ENTRE OS WAUJA DO
ALTO XINGU, pags.116, Florianópolis – 1999).
Foto by Ana Maria |
SAMBA DE TERNO –
(...) ”Na Bahia, os Presepes, os Bailes de Pastoras e os decantes de Reis,
prolongam-se até o Carnaval. – È o tempo das mangas, das músicas e das mulatas!
Dessa
noite em diante, os Cantadores de Reis percorrem a cidade cantando verso de
memória e de longa data.
Esses
Ranchos compõem de moças e rapazes de distinção; de negros e pardos que se
extremam, ás vezes, e se confundem comumente.
Os trajes são
simples e iguais: calça, paletó e colete branco, chapéu de palha ornado de
fitas estreitas e compridas, muitas flores em torno, etc,; as moças, de vestido
bem feitos e alvos, de chapéus de pastoras; precedendo-os na excursão
habilíssimos tocadores de Serenatas.
Levando-lhes talves vantagem pelas ondulações do andar, pelo arredondado
das formas lascivas. Pelos dentes de pérolas em bocas de ônix, ou orvalhos
matinais nas rosas do amanhecer, as crioulas e mulatas acompanham os seus
pares, tremendo-lhes o seio por baixo de um nevoeiro de rendas finíssimas,
estalando a chinelinha preta e lustrosa, atirando com negligência o pano da
costa, matizado e caríssimo.
Mulheres e homens, meninos e
meninas, batem ao compasso da música. Leves pandeiros, ou tocam, nas mãos
entreabertas e suspensas, castanholas que atroam.
Destoando
do concerto magnífico, lá cresce o Rancho dos Bucumbis, que são negros e negras
vestidos de penas, rosnado Toadas Africanas, e fazendo bárbaro rumor com seus
instrumentos rudes.
Dos
Bucumbis não sabemos o rumo.
Os Ranchos,
ao fogo dos archotes, ao som das frautas e violões, dos cavaquinhos e
pandeiros, das Cantorias e castanholas dirigem-se ao Presepe da Lapinha, as
casas conhecidas em que se festeja o natal, ou tiram Reis á aventura do acaso.
A partir das oito horas
começam a desfilar os primeiros Bandos. Embora prevenidas, ás casas que os têm
de receber conservam a porta fechada, não obstante os Dramas Pastoris e as
Danças estarem em atividade.
Chegando
um deles ao ponto convencionado, á casa em que deve entrar, a música preludia o
Canto, que rompe seguido de coros:
Ò de casa,
nobre gente
Escutai e
ouvireis,
Lá das
bandas do oriente
São
chegados os três reis. (...)
Depois
destas e de muitas outras Trovas Clássicas, a porta abre-se, o Rancho entra, e
chegando ao Presepe, entoa novas Canções e novos acompanhamentos:
Bravo,
bravo, bravo !
Hoje é
quem brilha,
O verbo
humanado
Deus de
maravilha.
E ficam ou
seguem, depois de comer e beber do que se lhes oferece...(...).
(Melo Morais Filho, FESTAS E TRADIÇÕES POPULARES DO BRASIL,
pags. 75 a 77, Rio de Janeiro – l946).
Até breve queridos amigos, fiquem conosco em nosso endereço :
Nenhum comentário:
Postar um comentário