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Lagoa da Onça -
A Bola de fogo
Caiu na Tapera
E foi rolando caatinga
Parando no Cariacá.
Lagoa da Onça
Olho da Água e Piquaruçá
Seguiram o Bendengó
De Itapicuru até o Jatobá.
Açude...
Jeremoabo e Gameleira.
Contaram
Que, naquele meteorito
Viajavam os rupestres
Que falavam em hieróglifos.
Matias Moreno. LAGOA DA ONÇA. Álbum: Lagoa da Onça. “Ana
Maria & Matias Moreno”. Bahia – 2022.
- PROGRAMA -
Romance – São poemas em versos octossílabos (pela
versificação castelhana e setissílabos pela nossa) refundidos e recriados nos
séculos XV e XVI, com rimas assonantes nos pares e os impares livres, vindos
dos séculos X, XI, XII, como as canções de gesta, registando as façanhas
guerreiras de espanhóis e franceses. Foram poemas feitos para o canto nas
côrtes e saraus aristocráticos, e não poesia democrática e vulgar, feita para o
povo. No século XVI, a recriação foi um processo de acomodação ao gênio popular
e muitos motivos surgiram, dentro dos metros e modelos passados, versificados
ao sabor do gôsto popular, mais fiéis aos tipos antigos. Passaram as
assonâncias e tonâncias ás rimas simples, e neste caráter o Romance teve voga
extraordinária, cantados e trazidos para o Brasil, como para toda a América
espanhola, pela memória do colonizador. A gesta militar de outrora, o poema
nacional a gôsto de Laveleye, a epopeia nacional, anônima e coletiva (LA SAGA
DES NIBELUNGEN DANS LES EDDAS ET DANS LE NORD SCANDINAVE, 14, Paris, 1866)
passou ao plano popular, número e heterogêneo, buscando os efeitos da emoção do
lirismo do amor, temas sempre sensíveis e poderosos no espirito popular, alheio
aos motivos fidalgos de luta e de conquista, ás loucuras cavalheiresca do voto
do pavão e os sonhos do domínio cristão nas terras onde Cristo nascera. O séc.
XVI foi a época do Romance em Portugal e justamente a fase de povoamento do
Brasil. Os romances vieram cantados e resistiram até, possivelmente, o séc.
XVIII, quando foram esquecidos no uso, mas não nas memorias coloniais. Apenas
na segunda metade do séc. XIX os romances começaram a ser registado no norte
brasileiro, já vitoriosa a campanha valorizada em Portugal por Almeida Garrett
e na Inglaterra com Walter Scott.
Luís da Câmara Cascudo. DICIONARIO DO FOLCLORE BRASILEIRO.
Pag. 553. Instituto Nacional do Livro. Rio de Janeiro – 1954.
- SALÃO DE AUDIÇÃO -
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