- Pé da
Serra -
Na ladainha
Os cânticos e as orações...
O foguetório anunciou
A benção do glorioso
Nosso São João.
A bela rezadeira
E o divino devoto
Da antiga tradição
Do tríduo consagrado
Ao nosso São João.
O nosso São João
Nasceu em uma feira
No porto da cachoeira
Dançando trança-fita
Folguedo e quadrilha.
Bumba... bumba-meu-boi
Ninguém segura a velha
No forró do pé da serra.
Matias Moreno. PÉ DA SERRA. Álbum: Lagoa da Onça. “Ana Maria
& Matias Moreno”. Bahia – 2022.
- PROGRAMA -
Marcha Junina - Sua origem remonta às escolas jesuíticas
para índios, que a introduziram no Brasil ainda no século XVI, tendo a mesma
espalhado-se para todo o Brasil. Já em 1603. Frei Vicente de Salvador
registrava em sua obra “História do Brasil” que os índios eram “muito amigos
das novidades, como do dia de São João Batista por causa das fogueiras e
capelas”. Das diversas festas populares, foi a primeira a criar um repertório
musical próprio. Já em 1837, o padre Lopes Gama registrou em seu jornalzinho “O
capuzeiro” cantigas juninas como “Acordai, acordai/Acordai João/Ela está
dormindo. /Não acorda não”. Com a crescente urbanização do país, desenvolvida
nas primeiras décadas do século, as festas juninas ou joaninas adquiriram um
caráter de evocação de um passado rural, quando, ao redor de fogueiras
buscava-se rememorar o modo de vida caipira através de caracterizações no
vestuário, linguajar e comida, além da música, através de uma dança coletiva, a
quadrilha. A partir de 1930, os primeiros compositores e cantores de música
popular vão lançar mão desse filão, através da estilização de um determinado
tipo de música, conhecida como música de São João, assim como se dava em época
de carnaval com os sambas e as marchinhas. Uma das primeiras dessas composições
foi a marchinha “Cai cai balão”, do compositor Assis Valente, gravada em 1933
por Francisco Alves e Aurora Miranda na Odeon. No mesmo ano, o Bando dos
Tangarás gravou as cenas regionais “Festa de São João I e II”, de João de
Barro, também na Odeon e Carmen Miranda e Mário Reis gravaram na Victor a
marcha “Chegou a hora da fogueira”, de Lamartine Babo. Durante os anos 30
dezenas de músicas destinadas às festas juninas seriam lançadas por grandes compositores
como Lamartine Babo, Braguinha, Ari Barroso e muitos outros, num processo que
continuou até os anos 50, quando as transformações no mercado musical acabaram
por relegar esse tipo de música a uma posição secundária. Em 1939 Dalva de
Oliveira gravou na Colúmbia a marcha “Noite de junho”, de João de Barro e
Alberto Ribeiro. Outro artista que compôs e gravou diversas músicas voltadas
para as festas juninas foi Luiz Gonzaga, que, entre outras, gravou “Olha pro
céu”, parceria com José Fernandes, “Meu Araripe”, com João Silva, e “Noites
brasileiras” com Zé Dantas.
Dicionário Cravo Albin da MÚSICA POPULAR BRASILEIRA.
- SALÃO DE AUDIÇÃO -
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