Assim que chegamos em Cruz das Almas ( Recôncavo Baiano), fomos recebidos e acarinhados por pessoas amigas. Agradecidos, nossa Audição foi Show! A caminho da Feira de Santana , cheios de alegria e com a Mala do Folclore distribuindo Folias e Ritmias deixamos por aqui os ritmos Valsa- Maxixe, Calundu e Canção Ladainha ...
Valsa-Maxixe – Veio a divulgar-se no Brasil durante
fins do Primeiro Imperio e Periodo Regencial, justamente quando Paris inteiro a
consagrava, 1830 e seguintes. Discutem a origem, porque essa discussão é o
encanto profissional dos eruditos. Os franceses dizem que a Valsa veio da
Volta, dança popular na Provença desde o séc.XII e que chegou, sob Luis XII, a
Paris, onde foi muito dançada sob a dinastia dos Valois. Os alemães explicam
que a Walzer é produto legitimamente germânico, desde o nome que se universalizou.
Viera, então, da Springtanz e de que era tipo a melodia popularíssima do
séc.XVIII, Ach ! du lieber Augustin. Certo é que, partindo da Volta, espécie de “Galharda” Provencal, ou da
Springtanz alemã, a Valsa espalhou-se realmente de 1780 a 1830, dominando então
Europa e America como dança de sala, leve, airosa, sentimental, aristocrática,
no seu compasso fácil e ondulante de 3/4. No Brasil, no Primeiro Imperio e
Segundo, a Valsa era dançadissima, e o povo gostou do seu ritmo. Ainda contiua
viva e atual nas festas do interior. Inútil informar do seu prestígio urbano.
(Luis da Câmara Cascudo, DICIONÁRIO DO FOLCLORE BRASILEIRO, pag. 632, Rio
de Janeiro – 1954)
Dança urbana surgida no Rio de
Janeiro por volta de 1870. Segundo José Ramos Tinhorão, o Maxixe desenvolveu-se
a partir do momento em que a polca, gênero musical de origem européia e tocado
nos salões da corte imperial e da alta classe média carioca, sempre ao piano,
passou a ser tocada por músicos populares chamados chorões com a utilização de
flauta, violão e oficlide. Tais grupos costumavam animar festas em casas
populares tocando polcas, valsas e mazurcas. Para o pesquisador Renato de
Almeida, em sua História
da Música Brasileira, o maxixe seria "uma adaptação de elementos que se
fixaram num tipo novo, de dança popular com uma coreografia cheia de movimentos
requebrados e violentos, muitos deles emprestados ao batuque e ao lundu".
Já para Mário de Andrade, o maxixe seria a primeira dança genuinamente nacional
e que teria nascido a partir da fusão do tango e da havaneira com a rítmica da
polca, tendo ainda uma adaptação da síncopa afro-lusitana. Já para Ricardo
Cravo Albin, o maxixe seria "outro gênero musical fundador da MPB".
(Instituto
Cultural Cravo Albin)
Calundu – Mau humor, neurastenia, irritação,
frenesi. Até meados do século XVIII era o mesmo que candomblé ou macumba, festa
religiosa dos africanos escravos, com canto e dança ao som dos batuques.
Gregorio de Matos citava Calundus, fins do seculo XIII :
Que de quilombos que tenho
Com mestres superlativos,
Nos quais se ensinam de noite
Os Calundus e feitiços...
(Luis da Câmara Cascudo, DICIONARIO DO FOLCLORE BRASILEIRO, pag, 147, Rio
de Janeiro – 1954).
Canção – Ladainha – De Nossa Senhora, Sagrado Coração,
Todos os Santos etc. São tiradas(declamadas) ou cantadas durante os terços,
novenas, trios, etc. Sua popularidade, baseada nos poderes místicos da
imprecação religiosa, é antiga e vasta. São os ultimos vestígios dos ladairos,
as rogações públicas e coletivas feitas por ocasião de calamidades. Os velhos
tiradores de Ladainhas no sertão do nordeste tinham vozes de alta expressão
trágica, causando inesquecivel impressão pela inflexão sonora e patética.
Abalando as almas. A parte musical das litanias tem merecido atenção dos
musicógrafos, apreciando, na simplicidade melódica o dinamismo da sugestão
monótona acabrunhadora e melancolica, reduzindo o auditório a um estado apático
e doloroso de quietismo, resignação e arrependimento contrito. As Ladainhas
Maiores foram instituida pelo Papa Gregorio Magno(590-604) e são rezadas no dia
de São Marcus (25 de abril) e as Ladainhas Menores na segunda, térça, e
quarta-feira imediatamente anteriores á quinta da Ascenção.
(Luis da Câmara Cascudo, DICIONARIO DO FOLCLORE BRASILEIRO, pag. 346, Rio
de Janeiro – 1954).
Companheiros de viagem, aqui estamos abraçando a Feira de Santana e realizados em encontrar e garimpar na Estrada Real, as felizes sonoridades e singularidade do povo sertanejo. Feira de Santana cidade que conhece e abre portas do Sertão ao Litoral. Abraços Fraternais, Amistosos e Gratos! Muito bom revê-los.
" Algumas estradas são referidas com maior regularidade, são elas: A Estrada Real das Boyadas que possuía saídas de Salvador, Santo Amaro e Cachoeira e seguia em direção ao Norte e Noroeste..." (/rededemuseus/crch/andrade_a-espacializacao-da-rede-urbana.pdf ).