Nos tempos idos do Brasil Colônia, já nas entranhas citadinas e transitórias para o Império, fez o Negro brasileiro sua sonoridade marcante em seus terreiros, com o ritmo Calundu. A Nação Indigena se referenda no trecho do poema a seguir.
Calundu
- “Ao som de uma guitarrilha
Que
tocava um colomim
Vi
bailar na Água Branca
As
mulatas do Brasil...”
(Chansoneta – Gregório de Matos)
Baile
de negros, Calundus e Feitiços, modas cantadas por mulheres-damas na cidade da
Bahia, música onde satanás anda metido por ser grande poeta, contrapontista e
tocador de viola... se a solfa eclesiástica foi ensinada ao “Colomim” como o
caminho do bem, a música que surgia espontânea nas ruas e nas casas brasileiras
nos dois primeiros séculos, foi vista pelos cronistas da época como encarnação
do demônio.
(Kieffer,
Anna Maria – Questão de Música Mestiça- “A Tarde Cultural, 10, Salvador,
26/9/1995”).
Toada
– “Outra forma do Romance lírico brasileiro é a Toada, canção breve. Em geral
de estrofe e refrão, em
quadras. Melancólica e sentimental, o seu assunto, não
exclusivo mais preferencial, é o amor, sobretudo na Toada Cabocla. Toada em si
é qualquer cantiga, mas a referencia aqui é a essa espécie lírica tão comum e
ás vêzes também sobre motivo jocoso ou brejeiro, como esta colhida em engenhos
de Pernambuco, com acentuada influência do Fado:
Azulão é “passo” preto
Roxinol cor de canela
Quem tem seu amor defronte
Faz ronda, faz sentinela.”
(Renato
Almeida. (Historia da Musica Brasileira, pag. 105.)
Baião
– O Baião, dança e musica, abrange duas fases: a antiga que o nordeste, da
Bahia ao Maranhão, conheceu durante um século e a posterior ou moderna; a
partir de 1946, que atingiu todo o Brasil e se projetou no exterior.
Já em l842,
falava-se no Baiano ou Baião, difundido no Nordeste Brasileiro e muito em voga
no século XIX. Era conhecido no Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte,
Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Bahia, com diversas modalidades coreográficas.
(Giffoni,
Maria Amália Corrêa – Danças Folclóricas Brasileiras, pag. 65.)
“O
Baião não é outra coisa senão o Baiano, designação regional e uma das mais
persistentes do Samba... o que o Baião apresenta de especial, realmente, é o
movimento rítmico sincopado”
(Luis
Heitor – Danças Sertanejas, “Cultura Política”, 46, Rio de Janeiro, 1944, pags.
302 – 303).
"Manoel
de Oliveira Paiva (1891) em “Dona Guidinha do Poço” descreve o Baião no Ceará
dançado no terreiro ao som de violas e com cantores. Um dançador “bateu rente
no terreiro, com as mãos para trás, recuou, pé atrás, pé adiante, pisou duro,
estirou os braços para frente, com a cabeça curvada e, estalando as castanholas
nos seus dedos rijos fez uma roda de galo que arrasta asa” e tira uma dama.
Essa sai “empinada para diante, dando castanholas para os lados”. Outro
dançador “dizendo que o Baião precisa ser de quatro”, junta-se àquela e tira
uma dama. Os dois pares executam “volteados”, trocam de damas e repetem as
figuras. Há desafio...".
(In
o Baião Folclórico, Rossini Tavares de Lima).
“Embora
durante um século ou mais o Baião existisse no Nordeste, foram estas duas
figuras que o fizeram atravessar fronteiras, (Luis Gonzaga e Humberto
Teixeira), atingindo a Europa, sendo exibido nos Estados Unidos e invadindo o
Brasil. Nas Boates paulistas em l950, tocava-se á proporção de 10 Baiões para
qualquer outro gênero musical”.
(Giffoni,
Maria Amália Corrêa – Danças Folclóricas Brasileira, pag. 55.).
Enriquecido é o universo da Música Brasileira, seus Ritmos e suas Folias. Alegria gente brasileira e Viva o Folclore! Conheça mais uma canção que está na estação Minha Terra!
Ficha Técnica:
Ao Canto e Afoxé: Ana Maria
Ao Canto e Violão, Autor e Compositor: Matias Moreno
Percussão: Emiliano
Viola-do-Sertão e Cavaquinho: Zé Rocha
Violino: Mateus Costa
Teclado:César Túlio
Sax: Daniel Victor
Gravação e mixagem: Dailton Santana
Capa: José Raimundo M. Rocha
Realização: Dominique
Studio Corsário:Salvador( Bahia).
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