Onde se abriga barcos, abriga-se também a história de nossa gente e a criação de nosso querido Folclórico. O qual, nossa Mala do Folclore, alenta-se. Pois bem, estamos já tranquilos, despedidas e novas perspectivas à porta, digo, ao mar.
Caiapó – “Os portugueses têm muita escravaria destes
índios cristãos. Têm eles uma confraria dos reis em nossa igreja, e por ser
antes do natal, quiseram dar vista ao padre visitador de suas festas. Vieram um
domingo com seus alardos á portuguesa, e a seu modo com muitas danças, folias,
bem vestidos, e o rei e a rainha ricamente ataviados, com outros principais e
confrades da dita confraria; fizeram no terreiro de nossa igreja seus caracóis,
abrindo e fechando com graça por serem mui ligeiros, e os vestidos não
carregavam muito a alguns por que os não tinham”.
(Fernão Cardim – Tratados da Terra e Gente do Brasil.
Pags. 342- 343, Rio de Janeiro, 1925).
Xote – “Schottisch – Apareceu durante a Regência e
dominou na Maioridade e Segundo Império, tendo mais de mil composições
dedicadas ao gênero. Dança de salão, aristocrática, passou ao povo e,
desaparecendo da sociedade onde viera, incorporou-se aos bailes populares e
regionais, sendo o ritmo de muita dança velha, como arrepiada, jararacas,
serrote, etc. no Rio Grande do Sul havia e há vários tipos de “Schottischs”,
com denominações especiais e típicas. O ritmo vivo de 2/4, presto dá para
animar a festança. “Schottisch” e Polca foram expulsos dos bailes de gente
ilustre, mais continuam vivos nas alegrias do povo. Nos estados do Nordeste,
nos bailes de “rifa” ou nos bailes de “quota”, indispensavelmente, o fole,
harmônica. sanfona ou realejo sacode para o ar o desenho melódico de muito
“Schottisch”, antigo, e também inúmeros criados pelos sanfoneiros.
(Luis de Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore
Brasileiro, pag. 568, Rio de janeiro – 1954).
Samba de Lavagem - “Quem não recorda na Bahia, dos
longos séquitos de aguadeiros e carroceiros a guiar cavalos e muares enramados
com folhagem de pitanga e barulhentas carroças atacadas de lenha pela calçada
do Bonfim até o adro da igreja, onde já tripudiavam crioulas e mulatas, gente
de todas as castas e matizes, com a bateria de tinas, bacias, esfregões e
vassoras? quem a viu, que a esquecesse aquela extraordinária festa da água e
álcool, aquele enorme disparate de benditos e chulas, de rezas e gargalhadas,
de gestos contritos e bamboleios impudicos ? a Vênus hotentote já exibia as
suas opulências carnais e os seus rebolados de dançarina. Os ranchos de
aguadeiros, despejando os barris, cambavam com garganteios estentóreos. Soavam
bacias como sinos rachados. O estrépito das palmas formava um matraquear
ensurdecedor. Num mesmo instante, joelhos que se dobravam ante os altares,
estiravam-se ágilmente nos passos e voltas de um atrevido fandango. Enquanto as
vassoras chapinhavam nas lajes da nave, olhares caprinos, incendiados em chamas
alcoólicas, devoravam colos negros e impantes, onde as contas do rosário
vibravam como guizos de mascarado. Não faltavam ao espetáculo nem as gaiatices
do espirituoso capadócio, nem músicas apropriadas ao tom da colossal pagodeira”.
(Ernesto Matoso. Cousas do Meu Tempo, pag. 25, Bordeaux, 1916).
Assim vamos recolher as velas por hoje... E nos prepararmos para o próximo Post. Nos veremos para falar da nossa gente, nossa cultura e nossa música. Até breve amigos e vamos que vamos!
Visite nosso endereço musical http://www.youtube.com/watch?v=n4Ek_ONZ8tc.
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