Conta-nos a história sobre o encantamento do estrangeiro ao adentrar a Baía, que hoje guarda o nome de Todos os Santos. Algo tão desconhecido e sutilmente surpreendente quanto o ritmo Toada, que a Mala do Folclore mostra com mais duas preciosidades de nosso cabedal musical.
Toada – Cantiga, Canção, Cantilena; a
melodia nos versos para cantar-se.
(Câmara Cascudo Luis, Dicionário do
Folclore Brasileiro, pag.615, Rio de Janeiro, 1954.)
“Musica confusa, sons ruidosos, que nada
dizem, sinônimo de solfa”
(Izaac Newton, Dicionário Musical,
pag.283, Maceió, l904.)
Repente Amartelado – “Não há informação
ameríndia para fixar a presença do Desafio na America pré-colombiana ou
pré-cabralina. Os Árabes conheciam o Desafio, e a influencia é visível na
música dos Cantadores sertanejos. O Desafio na África é uma projeção Árabe.
Como o Desafio é, em linha reta, vindo do canto Amabeu e este pertencia a ciclo
pastoral, acompanhado pelos instrumentos de sopro, os Cantadores do Nordeste
cantam o Desafio, o velho, o legitimo, o verdadeiro, sem acompanhamento
musical. No intervalo e entre a pergunta e a resposta executam um pequeno
trecho, exclusivamente musical, enquanto um dos adversários prepara o verso
seguinte. Noutros exemplos, embora sem o acompanhamento ao canto, fazem ouvir
um arpejo no fim de cada verso, jamais coincidindo com a voz humana”.
(Luis da Câmara Cascudo, Vaqueiros e
Cantadores, pags. 125-180, Porto Alegre, 1938).
“No Brasil, a tradição medieval ibérica
dos trovadores deu origem aos cantadores – ou seja, poetas populares que vão de
região em região, com a viola nas costas, para cantar os seus versos. Eles
apareceram nas formas da trova gaúcha, do calango (Minas Gerais), do cururu
(São Paulo), do samba de roda (Rio de Janeiro) e do repente nordestino. Ao
contrário dos outros, este último se caracteriza pelo improviso – os cantadores
fazem os versos "de repente", em um desafio com outro cantador. Não
importa a beleza da voz ou a afinação – o que vale é o ritmo e a agilidade
mental que permita encurralar o oponente apenas com a força do discurso.
A métrica do repente varia, bem como a
organização dos versos: temos a sextilha (estrofes de seis versos, em que o
primeiro rima com o terceiro e o quinto, o segundo rima com o quarto e o
sexto), a septilha (sete versos, em que o primeiro e o terceiro são livres, o
segundo rima com o quarto e o sétimo e o quinto rima com o sexto) e variações
mais complexas como o martelo, o martelo alagoano, o galope beira-mar e tantas
outras. O instrumental desses improvisos cantados também varia: daí que o
gênero pode ser subdividido em embolada (na qual o cantador toca pandeiro ou
ganzá), o aboio (apenas com a voz) e a cantoria de viola”.
(Silvio Essinger)
Canção do Mar - "Para o folclorista Luís da
Câmara Cascudo, Dorival Caymmi inventou um gênero, já que não havia antes nada
que se assemelhe às suas praieiras; músicas como "A Lenda do Abaeté",
"O Vento", "Canoeiro" e "O Mar", trazem um violão
único que se transforma nas coisas que canta, apagando as fronteiras entre a
música e o que ela "descreve”. Para quem escuta o LP, a sensação que fica
é de que o sargaço, a rede, a jangada, o dorso do pescador, o amor de Rosa por
Pedro, tudo está inebriado pelo violão e a voz do cantor". ( Breno Procópio )
Pois bem amigos de "terras brasilis", estamos firmes no leme em busca das sonoridades de nossa Música Brasileira. A estada no Porto Fonte Nova, vai construindo um riquíssimo caminho, que pela nossa carta nautica nos levará ao Porto Lua Cheia. Estaremos sempre no nosso endereço musical, aguardando sua visita. E vamos que vamos!.
Nenhum comentário:
Postar um comentário