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Siri-Açú -
Ali o siri
Corre no mangue.
Siri caxangá
Com o siri do mangue.
Siri branco
Com o siri nêma.
Siri da ponta
Siri boia
Siri-açú.
Sirirí rir
Do gereré.
No manguezal da ilha.
Matias Moreno. SIRI-AÇÚ. Álbum: Lagoa da Onça. “Ana Maria
& Matias Moreno”. Bahia – 2022.
- PROGRAMA -
Canção do Mar – Guma suspendeu as velas do saveiro, puxou a âncora e aproveitou o vento. Mestre Manuel ia no “Viajante sem Pôrto” atravessando o quebra-mar. Ninguém nessa época andava mais ligeiro no saveiro que Mestre Manuel. Guma olhou o “Viajante sem Pôrto”. Ia rápido, as velas abertas ao vento. A noite descera completamente. Guma acendeu o cachimbo, acendeu a lanterna do “Valente” e o saveiro deslizou na água.
Perto de Itaparica alcançou
o saveiro de Mestre Manuel:
- Vamos pegar
uma aposta, Manuel ?
- Até onde você
vai ?
- Maragogipe,
primeiro, de lá pra Cachoeira.
- Então a gente
aposta até Maragogipe.
- Tá valendo
cincão ...
- E mais dez se
tu topar – gritou o negro Antônio Balduíno que ia no saveiro de Manuel.
- Tá valendo ...
E os saveiros saíram juntos, cortando águas calmas. Do
“Viajante sem Pôrto” Maria Clara cantava. Nesse momento Guma compreendeu que
perderia a aposta. Não há vento que resista a uma canção quando é bela. E essa
que Maria Clara canta é das mais belas. O saveiro de Mestre Manuel se aproxima.
O “Valente” vai sem vontade, que Guma está todo no embalo da canção. As luzes
de Maragogipe são visíveis à margem do rio. O “Viajante sem Pôrto” passa por
êle, Guma joga os quinze mil-réis, Mestre Manuel grita:
- Boa viagem.
Jorge Amado. MAR MORTO. Págs. nº 95 e 96. Livraria Martins
Editora. São Paulo – 1936.
- SALÃO DE AUDIÇÃO -