domingo, 13 de outubro de 2019

DOMINGO





                                                       - DOMINGO -           

                                                                                                           
                                                                               

Segunda-feira
Eu vou a Villa
Comprar confetes
Para jogar na “Lira”.


Amanhã é dia santo
Dia do Corpo de Deus.


Quem tem roupa
Vai à Missa.


Quem não tem
Faz como eu.


Se da Capela
Avistasse a Freguesia
Todos diziam               
Iaiá vai sair.


Alerta povo
Em fazer confusão...


Iaiá vai sair
Ai... aí... eu não.


No Terno
Posso perder...
Mas na Bandeira                             
Eu vou ganhar.


Ainda tenho
A Guarda de Honra
Para me acompanhar.



Matias Moreno. DOMINGO. Álbum: Villa Velha. “Ana Maria & Matias Moreno”. Bahia – 2002.








- SALÃO DE AUDIÇÃO - 

 Domingo. (Valsa-Maxixe).
Álbum: Villa Velha.







Foto: Adela Aragón López





Estaremos na Lira...
obrigado por vossa companhia. 






segunda-feira, 30 de setembro de 2019

ALMAS









                                                        - ALMAS -        

                                                                                                           
                


O vaqueiro foi levado pelas enchentes
O rio levou seu cavalo
E também sua boiada.


O vaqueiro foi levado pelo Jacuhype
Entre Itacruz e Almas
E não se viu, mais...


O vaqueiro foi levado pelas águas
E apareceu na “lua cheia”
Aboiando em Almas.


O vaqueiro foi levado pelas chuvas
E hoje... toda sexta-feira
Atravessa o rio a cavalo.


Chora viola...
Caboclinha também !!!
Chico Bento foi embora
Eu vou embora também.



Matias Moreno. ALMAS. Álbum: Na Boca do Povo. “Ana Maria & Matias Moreno”. Paris – 1995. 







- SALÃO DE AUDIÇÃO -

Almas. (Moda de Viola)
Álbum: Na Boca do Povo.









Foto: Adela Aragón López





Obrigado... e até logo.
na "Festa do Vaqueiro"...



                                       








sábado, 14 de setembro de 2019

KALUMBI







                                                        - KALUMBI -

                                                                                                           
         
                                                                      
A “feira” da Villa
Não pode parar...
Lucas chegou
Chegou... vai parar.


Lá, vem o comboio
No vale a passar...
Lucas chegou
Chegou... vai levar.


Passou na Tapera
Voou no Kalumbi
Sobradinho !!!  
Chegou em São João.


O axé batucou
Aqui e acolá...
Lucas chegou
Chegou vai sambar.



Matias Moreno. KALUMBI. Álbum: Lua Cheia. “Ana Maria & Matias Moreno”. Bahia – 1998.







- SALÃO DE AUDIÇÃO -

Kalumbi (Partido Alto)
Álbum: Lua Cheia







Foto: Adela Aragón López





Abraços estaremos no "Kalumbi"
Obrigado a todos...






segunda-feira, 2 de setembro de 2019

O BOI VALENTE






                                                   - O BOI VALENTE -

                                                                                                           
                                                                               

O boi
É o Valente
Pega o boi
Na fonte.


Pega o boi
Minha gente
O boi
É o Valente.


Não é do Imperador ...
Não é do Vaqueiro ...
Não é do Tenente.


Não ficou na boiada
Desgarrou da Invernada.


Passou
Do Caldeirão
Deu carbúnculo
No Sertão.


Amuado
De aboio
Sumiu
No Oitão.



Matias Moreno. O BOI VALENTE. Álbum: Maré Alta. “Ana Maria & Matias Moreno”. Bahia – 2005.







- SALÃO DE AUDIÇÃO -

O Boi Valente. (Baião)
Álbum: Maré Alta







Foto: Adela Aragón López





Até mais... no "Oitão" do Caldeirão.
Obrigado !!!










quinta-feira, 15 de agosto de 2019

FOLCLORE






                                              - O FATO FOLCLÓRICO -



                                     O conhecimento é imprescindível para saber que é fato folclórico a fim de poder compartimentaliza-lo, classificando-o como folclore autentico, folclore aplicado e projeção do folclore. Uma dança folclórica é folclore autêntico quando executada pelo grupo folk que a guarda em seu contexto cultural. Executada por alunos de um estabelecimento, respeitado o modelo folclórico, é folclore aplicado, apresentada em teatro, por profissionais, modificada num ou noutro ponto para satisfação estética de uma determinada clientela, é projeção do folclore.
                       

                                    A projeção do folclore se verifica em todos os setores culturais, atingindo a obra de Mário de Andrade, Villa-Lobos, Portinari, Raul Bopp. Di Cavalcanti, Oswaldo de Andrade (pai e filho), Jorge Amado, Guimarães Rosa, José Lins do Rego, Francisco Mignone, Camargo Guarnieri, Tarsila do Amaral, Afonso Arinos, Cassiano Ricardo e inúmeros outros artistas das letras, da música, da pintura, da escultura, do teatro, do cinema, do balé etc.



Maria de Lurdes Borges Ribeiro, FOLCLORE, Biblioteca Educação É Cultura, pág. 36. Rio de Janeiro – 1980.











                                                    - PINDORAMA -


                                                                                                           



Eu moro na oca
A oca é na taba
A taba é na tribo.



Eu quero canjica
Tapioca e pamonha
Dormir na rede
Com cabaça e gamela.


O canto é Tupy
Catiti... catiti...
Imará... notiá...
Notiá... ipejú.



Gostoso é o beijú
Olhar uirapuru
Anhangá e o trovão.



Matias Moreno. PINDORAMA. Álbum: Na Boca do Povo. “Ana Maria & Matias Moreno”. Paris – 1995.







- SALÃO DE AUDIÇÃO -

Pindorama (Banzabê)
Álbum: Na Boca do Povo.






 Foto: Adele Aragón López





Obrigado por vossa visita
e até a vista...






quinta-feira, 1 de agosto de 2019

FOLCLORE






                                - ENTRE CULTURA OFICIAL E A POPULAR –



                                     [...] “A distinção (entre cultura oficial e a popular) parece-me ainda mais curiosa. Não há povo que possua uma só cultura, entendendo-se por ela uma sobrevivência de conhecimentos gerais. Cafres e Pehuls têm a cultura religiosa, o conjunto de regras sagradas que ritmam a aproximação do homem á divindade, compreendendo os ritos de trabalho e acomodação social, presididos pela casta sacerdotal ou real, e outra ainda, reunião de contos, fábulas, exemplos, brincadeiras, superstições, alheia inteiramente ao cerimonial da tribo, além de lendas e contos etiológicos que pertencem ao mundo inteiro, adaptando-se ás cores locais para os efeitos divulgativos.

                                   Essa unidade que Frobenius elogiava no africano, será sempre discutida porque haverá, obstinadamente, em qualquer agrupamento humano sob a mais rudimentar organização, a memória coletiva de duas origens de conhecimento: o oficial, regular, ensinado pelo código dos sacerdotes ou direção do rei, e o não oficial, tradicional, oral, anônimo, independente de ensino sistemático porque é trazido nas vozes das mães, nos contos de caça e pesca, na fabricação de pequenas armas, brinquedos, assombros”. [...].


Luís da Câmara Cascudo. LITERATURA ORAL. Pag. 27. Rio de Janeiro – 1952.









                                                 - PRAIA FORMOSA -






Não sei, se é de “Macau”
Ou da “Guine”, vamos ver
Ai que dengo diferente
De “Lisboa”, Portugal.


Ai... ai... ai... minha nau !!!
Ai... ai... ai... além-mar !!!
Ai... ai... vento, vela...
Leme firme, caravela.


Não sei, se é do “Damão”
Ou de “Java”, vamos ver
Ai que dengo diferente
De “Cipango” no Japão.


Ai... ai... ai... minha nau !!!
Ai... aí... ai... além-mar !!!
Ai... ai... ai... vento, vela
Leme firme, caravela.


Oh !!! bahiana, tão bela
Aonde é, que, você mora ???
- Moro na “Lua Cheia”
E daqui, vou me embora.


Ai... ai... ai... minha nau !!!
Ai... ai... ai... além-mar !!!
Ai... ai... vento, vela
Leme firme, caravela.


Oh !!! bahiana, tão bela
Aonde, vosmecê namora...
- É... no muro... da igreja
A noite... na “Fonte Nova”.


Ai... ai... ai... minha nau !!!
Ai... aí... ai... além-mar !!!
Ai... ai... vento, vela
Leme firme, caravela.



Matias Moreno. PRAIA FORMOSA. Álbum: Lua Cheia. “Ana Maria & Matias Moreno”. Bahia – 1998.







- SALÃO DE AUDIÇÃO -

Praia Formosa. (Choradinho)
Álbum: Lua Cheia.







Foto: Adela Aragón Lópes





Até Breve...
Obrigado pela Companhia.












sexta-feira, 19 de julho de 2019

FOLCLORE





                             - Precursores dos Estudos de Folclore no Brasil –







                A bibliografia folclórica de autores nacionais é aberta por Celso de Magalhães, publicando, em Recife, no jornal Trabalho (1873), estudos comparativos sobre os romances velhos de Portugal recolhidos no Nordeste e os modelos do Romanceiro, de Teófilo Braga, posteriormente reunidos em A Poesia Popular Brasileira.

               No ano seguinte, José de Alencar lança O Nosso Cancioneiro, com análise e considerações sobre as formas poética populares, destacando-se as gestas de bois famosos. As nossas letras andavam em festas com o romantismo e o folclore entremeou as obras de Alencar.

              Com Religião e Raças Selvagens, no mesmo ano, Couto de Magalhães começa suas atividades entre os índios, prosseguindo com Contes Indiens au Brésil (1882) e, em 1876, O Selvagem, pesquisa que contou com a colaboração de soldados bilingües, autorizados por Duque de Caxias, então Ministro da Guerra.

              Silvio Romero, critico, historiador, jurista, colheu a poética popular, publicando na Revista Brasileira (1879-1880) seus Estudos sobre a Poesia Popular. Em Lisboa são editados Cantos Populares do Brasil (1883) e Contos Populares do Brasil (1885). Gustavo Barroso, ao biografá-lo no I Congresso Brasileiro de Folclore, afirma que “Ninguém nesse período de 1883 a 1951 deu ao Brasil maior cópia de Romances e Xácaras, salvo do esquecimento e destruição”.

              Mello Morais Filho foi um paisagista de usos e costumes. Dentre suas obras, Festas e Tradições Populares do Brasil (1888) cumpre o destino que lhe anteviu Silvio Romero no prefácio: “suas descrições de costumes hão de ser chamadas a depor, como documentos autêntico”.

              Pereira da Costa, Manoel Querino e Vale Cabral, do Nordeste, nascidos como Silvio Romero, em 1851; sob a tutela de seus nomes realizou-se o I Congresso Brasileiro de Folclore, que lhes celebrou o centenário. Pereira da Costa se distinguiu com Folk-lore Pernambucano; Manoel Querino se localiza preferentemente nos complexos culturais baianos, sendo o negro o ponto central; Vale Cabral deixou 15 Cadernos de Literatura Oral do Nordeste.

             José Verissimo, em 1882, publica na Revista América seus estudos sobre Tradições, Crenças e Superstições Amazônicas, e, em 1891, Barbosa Rodrigues apresenta na Revista Brasileira a pesquisa sobre Lendas, Crenças e Superstições, seguindo com Poranduba Amazonense (1890).

               Um rumo diferente daria aos estudos de folclore, iniciando estudos científicos sobre o negro, derrubando os limites socioculturais da época, e desvendando o pensamento africano com L’animisme fetichiste des nègres de Bahia (1900) e Os Africanos no Brasil (1933).

               Nas primeiras décadas do século XX, João Ribeiro, historiador e filólogo, ministra na Biblioteca Nacional (1913) o primeiro curso de Folclore e com tenacidade e paciência percorria dos Vedas á quadrinha popular o caminho no qual poderia deparar-se com a solução de problemas de exegese. Tornou o Folclore como ciência psicológica e em 1919 publica O Folclore.

               Amadeu Amaral (SP) considerava que o povo tem uma ciência a seu modo, uma arte, uma filosofia, uma literatura (ciência, arte, filosofia, literatura anônimas). Tem também um direito, uma religião e uma moral que se distinguem dos que lhe são impostos pela cultura da escola ou lhe vêm por infiltração natural de influências ambientais – muito embora possam ter tido uma origem cultural remota, mas já trabalhada por um inconsciente processo de adaptação da psique coletiva. Pioneiro da dialetologia nacional com Dialeto Caipira (1920), sugeriu á Academia Brasileira de Letras a centralização dos estudos de Folclore, propôs a fundação de uma associação em São Paulo, que funcionasse a modo de mutirão, com material metodicamente arquivado, numa forma rudimentar de banco de dados. Publicou trabalhos em O Estado de S. Paulo na década de vinte, depois reunidos em Tradições Populares (1948).

               Lindolfo Gomes (SP) foi o primeiro a estudar o conto cientificamente e a esboçar um sistema de classificação, no Brasil. Publicou Contos Populares, 1931.

               Entre os continuadores, Mário de Andrade; amou o povo e lhe bebeu a sabedoria. Foi o primeiro a fazer pesquisa de campo, a formar equipe de pesquisadores, realizando, em 1938, no Norte e Nordeste, o mais denso e rico levantamento folclórico. Legou extensa bibliografia na qual comparecem não apenas as resultantes das pesquisas, mas as indagações e os problemas situados em pontos vitais da ciência.

               Impossível arrolar os nomes de tantos e tantos mestres que abriram veredas e ergueram conclusões normativas; mas figuram nas bibliografias especializadas e em várias obras folclóricas. Dentre as primeiras: O Folclore no Brasil, de Basílio de Magalhães; Manual Bibliográfico de Estudos Brasileiro, de Rubens Borba de Morais; Bibliografia do Folclore Brasileiro, de Bráulio do Nascimento; Boletim Bibliográfico, do IBECC.



Maria de Lurdes Borges Ribeiro, FOLCLORE, Biblioteca Educação É Cultura, págs. 28, 29, e 30, Rio de Janeiro – 1980.








                                                       - O CORONEL –






O Coronel
Mandou comprar
O Iorubá além-mar.


O Coronel
Desafiou o Paiaiá
O Maragojipe e o Sabujá.


O Coronel
Mandou atacar
O comboio da Coroa.


O Coronel
É meu padrinho
E do povo, todo de lá.



Matias Moreno. O CORONEL. Álbum: Maré Alta. “Ana Maria & Matias Moreno”. Bahia – 2005.







- SALÃO DE AUDIÇÃO -

O Coronel (Xácara)
Álbum: Maré Alta





Foto: Adela Aragón Lópes





Até breve !!!
obrigado por vossa companhia...