segunda-feira, 22 de julho de 2013

Próxima parada estação Na Boca do Povo.




Estamos hoje nos preparando e arrumando nossa "Mala do Folclore" para caber mais um tomo de nossa obra! Hoje entramos num papo mais extenso e preciso, pois amigos, conversar com vocês daqui abre precedentes para novas oportunidades. Muito obrigado! Enfim, coube em nossa mala, enquanto matávamos a saudade, os três ritmos que finaliza o cd Minha Terra.


arquivo pessoal



Então amigos vamos falar do ritmo Jongo  – Espécie de Samba, em São Paulo, Minas Gerais, Espirito Santo, Estado do Rio de Janeiro. Sua coreografia difere duma para outra localidade. “ No centro da roda, exibim-se os dancarinos, individualmente, numa coreografia complicada de passos, contorções violentas e sapateado, no que revelam grande agilidade. O acompanhamento é feito exclusivamente por instrumentos de percussão. Pequenos tambores chamados Tambores de Jongo, que são barrilotes fechados por uma pele esticada. Às vêzes o Cantador traz um chocalho na mão. O interêsse do Jongo está na disputa que fazem os Dancarinos de suas habilidades, sendo comum irem ao centro da roda dois deles – um homem e uma mulher – e encorajados pela vibração da assistência, realizam um verdadeiro desafio de passos. O Canto é de estrofe e refrão sustentado pelo ritmo surdo dos tambores. Às vezês estranhamente combinados e ajudados pelo batido das palmas “.
(Renato Almeida, Historia da Musica Brasileira, p.167).  

É importante  lembrar que toda a nossa obra, são releituras da realidade musical de nosso Brasil. Um recorte em nosso tempo, com isso também vem mais duas obras Samba-Canção e   Modinha :

 Como o próprio nome sugere, o Samba-Canção indica uma aproximação do samba com a canção, sucessora da modinha como modelo básico de música romântica ao longo das décadas de 1920 e 1930. No entanto, antes de se fixar como um subgênero musical no seio do moderno samba urbano carioca (e ao lado do samba carnavalesco), o termo samba-canção designava várias músicas que caberiam dentro dos apelidados "sambas de meio de ano", mas que não eram na verdade sambas-canção como se entenderia a partir da década de 1930. Por exemplo, o samba-maxixe "Jura", de Sinhô, interpretado por Araci Côrtes, que foi lançado em 1929 equivocadamente como um samba-canção. Segundo José Ramos Tinhorão, o samba-canção é resultado de experiências iniciadas por compositores semieruditos como Henrique Vogeler, Heckel Tavares e Joubert de Carvalho, mas passaria paulatinamente ao domínio de compositores oriundos das camadas mais baixas da população, muitos dos quais ignorantes da música formal.
A primeira canção reconhecidamente a fazer sucesso como samba-canção foi "Linda Flor (Ai Ioiô)". A composição da música foi feita pelo maestro Henrique Vogeler, que era diretor-artístico da gravadora Brunswick), e a autoria da letra é da dupla de revistógrafos Luís Peixoto e Marques Porto. As duas primeiras versões foram gravadas, respectivamente, por Vicente Celestino e Francisco Alves. Por exigência de Araci Côrtes, uma nova versão da letra foi reescrita, e obteria grande sucesso.

E a Modinha -  È uma Canção Brasileira, De gênero tradicional, quaze sempre amorosa. As mais antigas tinham, mesmo sabor acentuadamente erótico, e por vêzes equivoco. Gilberto Freyre a elas se refere, dizendo-se impregnadas do erotismo das “Casas-Grandes e das Sensalas”. Ribeiro dos Santos, que as ouvio em Portugal. No seculo XVIII, diz que eram “Cantigas de amor, tão descompostas, que corei de pejo, como me achasse de repente em Bordeis ou com mulheres de má fazenda”; e Lord Beckford, muitas vêzes citado, tem uma tirada, que bem define as deliciosas Modinhas. Tão  em voga na sisuda Lisboa do tempo de Dona Maria I: “Aqueles que nunca ouviram falar dêsse original gênero de musica diz ele -  ignoram as mais feiticeiras melodias que já existiram desde os dias dos Sibaritas. Elas consistem em lânguidos compassos interrompidos, como se a respiração faltasse, devido ao excesso de enlêvo. E a alma estivesse ansiosa por encontrar a alma irmã de algum objeto amado”.
(Luiz da Camara Cascudo, Dicionario do Folclore Brasileiro, 403). 

Então Amigos até breve, nos veremos na Boca do Povo!.
  Boa tarde meus queridos amigos, esses dias distante da nossa estação, estávamos sempre na estrada. Paramos aqui, Ufa! agenda cheia... breves notícias. Mas como sempre a "Mala do Folclore" não deixa de nos surpreender, dessa vez com toda a alegria do ritmo Maxixe -  Foi por algum tempo expoente da nossa dança urbana. Tendo cedido lugar ao samba, devido talvez, á sua coreografia complicada, difícil e exagerada. Resultou da “fusão da Habanera pela rítmica, e da Polca pela andadura, com adaptação da sincopa africana”. Outros o fazem uma prolação do Lundu, mesclado com a Toada. – (Renato Almeida, Historia da Musica Brasileira, p.189). Segundo uma versão do Maestro Villa Lobos, o Maxixe tomou esse nome de um indivíduo apelidado Maxixe que, num Carnaval na Sociedade Estudantes de Heidelberg, dançou um Lundu de uma maneira nova. Foi imitado e toda gente começou a dançar como o Maxixe.
               O Dançarino e Revistógrafo Bahiano “ Duque ” apresentando-se ao lado de sua Partenaire Gaby, acompanhados pela Orquestre Dês Hawaiens. Foi responsável pela transformação do Maxixe e outras danças, consideradas no Brasil de baixa origem, em ritmos elegantes e apreciados nas altas rodas. Pouco depois, ainda na Capital Francesa, abriu escola de danças e fez apresentações em Londres e Nova York.


          Fontes: Memória do Rádio, Enciclopédia da Música Brasileira - Art Ed. Publifolha.



Olá gente do Brasil e desse nosso Mundo Folclórico, tira mais uma música dessa mala! Tiramos sim o ritmo Samba com a música Mangueira. E junto com ele mais uma de nossas ricas histórias sobre o ritmo : 

 Samba – Havia na Bahia uma família de negros escravos. Pais e sete filhos. O chefe da família ansiava pela sua liberdade e dos seus. Todo o ganho auferido em trabalhos e biscates era amealhado para a alforria. Depois de desesperadas privações.conseguiu o negro escravo juntar sete contos de réis. O preço da liberdade sonhada. Um dia, porém, adoeceu e chegou ás portas da morte. Reuniu a família e no catre mortuário revelou ao filho mais velho o esconderijo do dinheiro que devia dar-lhe a liberdade: ele morreria escravo para servir a Deus lá no céu.
                A revelação alucinou o filho que imediatamente correu ao local,retirou o dinheiro e, sem se incomodar com os seus, fugiu para bem longe. O destino, caprichoso sempre, trouxe melhoras ao moribundo, que aos poucos conseguiu restabelecer-se. Ciente da má ação do filho, amaldiçoou : “Olarum nã laré (Deus te esconjure)” e com a mulher e os outros filhos iniciou  nova tarefa de economias. O mau filho, porém alcançara o Pará. O pouco escrúpulo de sua consciência favoreceu-lhe ótimas oportunidades e em breve estava bem de fortuna. Ao contrário do pai, não pensava em libertar-se, mas um remorso cruel roia-lhe a alma e em busca do perdão regressou á Bahia.
                  Surpreendeu-se com a nova de que os seus eram livres, e ele, com todo o dinheiro, mísero escravo. Sentiu o castigo e resolveu mandar ao pai um emissário implorar-lhe o perdão, em troca da quantia furtada. O pai relutou muito, mas, a ambição fê-lo ceder. Combinou-se que o perdão seria dado com grande aparato, num cerimonial á moda africana.
                   Tudo preparado realizou-se a festa. Segundo o ritual, na hora solene o pai abençoou o filho com as palavras: ”Mofo rijum  él...(Eu te perdôo)”. Nesse momento. Todos juntos proferiram a sentença: SAM(pague). BÁ(receba). Para firmar o perdão, dançando, a assistência cantava em delírio ao som de alegre e cadenciada música: Sam-bá !!! Sam-bá !!!.
                                                                                                
 (Mariza Lira – Brasil Sonoro)


arquivo pessoal





segunda-feira, 8 de julho de 2013




Boa tarde Amigos chegamos! Tecendo reflexões sobre nossas origens  e nossa formação e memória musical, no post de hoje na " Mala do Folclore"  o ritmo Gemedeira. "Trata-se de desafio de tema jocoso que usa a interposição de versos de quatro ou, raramente, de duas silabas, entre a quinta e a sexta linhas da sextilha, formada pelas interjeições "ai" e "ui" ou "ai" e "hum". " (Dicionário Aurélio).  Já Câmara Cascudo define como desafio e Vasco Mariz afirma : " É gênero que recebemos de Portugal e conhecido em todo o Brasil. 
Mantido especialmente no Nordeste Brasileiro é conhecido mais no Sertão do que na Orla Litorânea. Mesmo Gemendo daquele jeito, a volta do Canto e da Viola do Gitirana alegrou o bando". (...)Pega    na viola canta e chora: " Ai, ai, ui, ui, ai, ai, ui, ui (...) Paulo Dantas".   



Foto de aequivo pessoal


Baião – Rodrigues de Carvalho em Cancioneiro do Norte descreve o Baião em Fortaleza (1903). “Ainda no terreiro ao som de viola ou botijão. Aparece um solista na roda de cada vez. O homem dança assim: “multiplica os passos do calcanhar para a ponta, desarticula-se, pisa e repisa firme no solo, apruma-se firme como um boneco de engonço, ora dá pulos miudinhos em direção aos tocadores, ora afasta-se de costas até que fazendo uma meia volta em pirueta “atira na cabocla”. Esta dança fingindo acanhamento, no início, depois “sapateia” mais forte, sempre num saltitar miudinho, aprumada, saia enfunada; os braços abertos em compostura de abraço e os dedos castanholando. Termina em jeitosa mesura “atirando” no cavalheiro que a substituirá”. (In Baiano ou Baião, Rossini Tavares de Lima)

“No norte do Brasil: a Ciranda, São Gonçalo, Maracatu, Rolinha-Doce-Doce, o Baião, que é o mais comum entre a canalha, e toma diversas modalidades coreográficas”
(Rodrigues de Carvalho, CANCIONEIRO DO NORTE, pag. 71, segunda edição, Paraíba do Norte, 1928).

“O mesmo que Baiano. O mesmo que Rojão. Pequeno trecho musical executado pelas violas nos intervalos do canto no Desafio.
(Luis da Câmara Cascudo, Vaqueiros e Cantadores, pag. 143 – 144).

Ficamos por aqui, debruçados nas reflexões de nossa origem musical e anotando as paisagens de relatos de nosso povo simples e rico de " folias e ritmias". Até lá!. 


Cd Minha Terra






Olá queridos Amigos, esta tarde na estrada mais uma vez e sempre, com a Mala do Folclore! Estamos no embalo do Galope. Substancialmente ritmado é o Galope ou Martelo-de-sete-pés ou Martelo Agalopado. "(...) Ha confusão na nomenclatura dos tipos poéticos sertanejos, em sua maioria pela ignorância dos cantadores analfabetos ou rapidez do registro do observador. Havendo também o Galope a Beira-Mar, declamado e improvisado no desafio.” (Câmara Cascudo).
Perceba na poesia o Ritmo Galope que é uma variante do Martelo Agalopado. Também uma forma de desafio como o Galope a Beira Mar. Foi uma das formas de recreação dos Cangaceiros, Beatos, Jagunços, Macacos e Vaqueiros entre os simples do Campo Nordestino que povoaram nossas memórias... .

Seguindo as estradas do Sertão, cantar o Martelo, improvisá-lo ou declamá-lo é o Título mais ambicionado pelos Cantadores. Música e ritmo de mesmo nome “Martelo” onde se desafia a natureza, o trovão, o mar, o ferro. Alguns autores falam no Martelo de origem Erudita, mas o nosso é o Martelo sertanejo e lúdico. 


    


É Senhores e Senhoras, estamos alegres em seguir para a próxima paragem, é assim que marcamos mais um encontro com vocês. Até a próxima!.