segunda-feira, 30 de dezembro de 2013




Retrospectiva é o termo, mas o sentimento é de Plenitude. Estamos viajando a meses por nossos ritmos musicais. Aqui trabalhamos a Gênese do belo cancioneiro do Brasil Colonial e Imperial. A felicidade chega até nós, por sabermos está partilhando com vocês, o que nos é muito caro : A Música Brasileira, com toda a sua beleza sonora e melódica, com toda sua particularidade e singularidade, enfim... com suas FOLIAS e RITMIAS. 
Nesse embalo, gostaríamos de agradecer aos nossos amigos, leitores de plantão, durante esses meses. Agradecer aos nossos parceiros e colaboradores, os quais estiveram conosco todo o ano de 2013. Agradecer aos irmãos de estrada e de palco, que cruzam o Recôncavo em nossa companhia. Somos gratos, também, a nossa redação e saibam amigos, todos incansáveis na tarefa de promover e divulgar a Música Folclórica do Brasil.









Arquivo particular
Ana Maria & Matias Moreno ( Abril de 2013 )

Arquivo Particular
Ana Maria & Matias Moreno e
Trio Folclórico Brasileiro




arquivo particular
 Amigos do Folclore



















Amigos do Folclore









Arquivo Particular
Encontro com Dionorina  2013( CUCA -  Feira de Santana  )


                                                     

Arquivo particular
Amigo da Música Folclórica









Arquivo particular
Amigos da Música Folclorica

Arquivo particular
Dois do Folclore
Arquivo Particular
Amigo da Música Folclorica














Arquivo particular
Amigos da Música Folclórica


Arquivo Particular
Biblioteca Municipal (Cruz das Almas - 2013)
Arquivo Particular
Troféu Tracajá ( 2013)



Arquivo Particular
Ana Maria & Matias Moreno ( Dois do Folclore)

Arquivo Particular
Feira de Santana 2013

Ana Maria & Matias Moreno (Cachoeira 2013)


Chegamos ao fim do ano, e junto com ele trazemos novas perspectivas e a certeza de que entraremos no Porto Bate Pé acompanhados de vocês. Fica aqui nesse último encontro de 2013 os nossos sinceros votos de saúde e paz a todos. Até breve Amigos! Fiquem conosco em nosso endereço sonoro : 
http://www.youtube.com/watch?v=zVWgpk0EZHg .

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Acompanhados da Mala do Folclore




Assim que analisamos o mapa de nossa Mala do Folclore, partimos em direção a Costa das Baleias, Litoral da Bahia, breve notícias de lá. Estamos aqui, no entanto, para despedir-nos. Adeus Estação Villa Velha fica para nossa doce lembrança, dessa estada, os ritmos Carimbó, Ponteio e Ciranda.    


                 
arquivo pessoal





Carimbo – Instrumento africano de percussão, denominando dança de roda. Marajó, arredores de Belém, Pará. Num círculo de homens e mulheres, uma dançarina às vezes vestidas de bahiana, vai ao centro e baila. Acompanhada de percussão. Tambores e pandeiros, e ocasionalmente instrumentos de corda. É a mesma figuração coreográfica do batuque. Num dado momento, a dançarina, volteando, enfunando as vestes, joga a barra da saia sobre um dos homens mais próximos, cobrindo-o e causando hilaridade.
(Luis da Câmara Cascudo, DICIONARIO DO FOLCLORE BRASILEIRO, pag. 156, Rio de Janeiro – 1954).




Ponteio – Ato ou efeito de pontear. Composição instrumental de forma livre inspirada na maneira de pontear os instrumentos de corda.
(Dicionário Aurélio). 



Acervo particular
Foto Ana Maria.



Ciranda – (“...)” As rodas infantis guardam em geral a forma luzitana, com que chegaram aqui, embora variadas e deformadas. Mas nelas é que melhor permanecem as fontes portuguesas, parecendo a Mario de Andrade que “a criança brasileira se mostre incapaz de criar melodias nacionalmente raçadas”. É certo que esse mesmo escritor reconhece, como se deu com a Ciranda, Cirandinha, um processo de transformação para chegar a uma forma que, sem ser prôpriamente original, já é necessariamente nacional” (...”).
(Renato Almeida, HISTORIA DA MÚSICA BRASILEIRA, pags. 107-108).


Certeza! de vez casados com o autóctone. Música e Natureza Bate pé meu Senhor, minha Senhora. Vamos num momento inspirador e revelador de Nossas Folias e Ritmias. Próximas paragens, em pleno Verão no hemisfério Sul. Nossa pesquisa não para, do Litoral ao Sertão, teremos notícias dos Gerais, e das Gerais.
 Aqui está nossa proximidade com vocês, visite-nos : http://www.youtube.com/watch?v=oFYmRuPQYNA.



... O Jongo nasceu no Brasil, 
 a Fofa em Portugal,
 Em Paris o povo dança
O Lundu Imperial.
(... ) Bate pé bate pé bate pé, bate pé bate na mão
o Pregão entrou na villa
Sexta Feira da Paixão.

                                                                          ( Matias Moreno. Cd Bate Pé. )


segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Agradecidos ao Reconcavo!




Rumo ao Porto Bate Pé



arquivo particular

Ao canto e Afoxé : Ana Maria
Ao Canto e Violão : Matias Moreno
Autor e Compositor : Matias Moreno

Lins Henrique : Sax / Clarineta
Franklim : Violão solo
Mateus Costa : Violino
Emiliano : Percussão
Josias Filho : Teclados e Percussão
Participação : Ladainha da Santa Rosa/ *06
Chefe Carimã/ *07
Ivan jr e Victória/ *12

Estudios: Ingá               



"Sob o olhar do colonizador os gestos e os ritmos dos tupis que dançam e cantam já não significam movimentos próprios de fiéis cumprindo sua ação coletiva e sacral(que é o sentido do termo liturgia),..." ( Dialética da Colonização / Alfredo Bosi. — São Paulo, 1992,). Aos poucos vamos nos acostumando com os registros do Brasil Colônia e com a sonoridade que acompanha a Mala do Folclore. Alguns viés da história corrobora com nossa particularidade e projeção sonora, e é nesse contexto que apresentamos os ritmos Canção- Caipira, Toada e Modinha. 




http://institutohistoriar.blogspot.com.br/



 Canção-Caipira

Canção-Caipira - Cornélio Pires foi o criador da música sertaneja, mediante a adaptação da música caipira ao formato fonográfico e à natureza do espetáculo circense, já que a música caipira é originalmente música litúrgica do catolicismo popular, presente nas folias do Divino, no cateretê e na catira (dança ritual indígena, durante muito tempo vedada às mulheres, catolicizada no século XVI pelos padres jesuítas), no cururu (dança indígena que os missionários transformaram na dança de Santa Cruz, ainda hoje dançada no terreiro da igreja da Aldeia de Carapicuíba, em São Paulo, por descendentes dos antigos índios aldeados, nos primeiros dias de maio, na Festa da Santa Cruz, a mais caipira das festas rurais de São Paulo). (Wikipédia)



Toada – O cangaceiro Bôca Rasgada, a quem perguntei se cantava a cantiga oficial de Lampião, É lamp, é lamp, é lamp, respondeu: - me lembro só da Toada ! É assunto para ser fixado pelos musicólogos.
(Luis da Câmara Cascudo, DICIONARIO DO FOLCLORE BRASILEIRO, pag.616, Rio de Janeiro – 1954)

“Pregador dos que tomam as palavras das escrituras pela Toada, e não no verdadeiro sentido”
(Padre Antonio Viera)



 Modinha – É uma canção brasileira, de gênero tradicional, quase sempre amorosa.(...).”Com um descuido infantil, elas se insinuam no coração antes que êle tenha tempo de armar-se contra a sua enervante influência: imaginamos estar ingerindo leite, e estamos admitindo o veneno da volúpia no mais intimo recesso da nossa existência”. Versos como os de Domingos Caldas Barbosa:
                                          
                                            Eu tenho uma Nhanházinha
                                            De quem sou sempre moleque;
                                            Ele vê-me estar ardendo
                                            E não me abana c’o leque.

Exemplificam êsse clima erótico das velhas Modinhas, que a melodia dengosa, vagamente sentimental, ainda mais acentuada.(...).

”Um estudo exaustivo da Modinha, histórico e estilista foi feito por Mario de Andrade, no prefácio e nas notas da coletânea que publicou sob o titulo de MODINHAS IMPERIAS. Como coletânea, além dessa, há um precioso álbum, editada á guisa do suplemento da monumental REISE IN BRASILIEN, de Spix e Martius, e intitulado BRASILIANISCHE VOLKSLIEDER UND INDIANISCHE MELODIEN (seus exemplares são extremamente raros). 

Coleções importantes de peças sôltas encontra-se na Biblioteca da Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil e em poder de alguns particulares; os ANAIS DO PRIMEIRO CONGRESSO DA LINGUA NACIONAL CANTADA (S. Paulo, 1938) publicam catálogos que figuram na exposição de documentos musicais realizadas por ocasião do aludido congresso.(L.H.) Luis Heitor Correia de Azevedo.(Rio de Janeiro)
(Luis da Câmara Cascudo, DICIONARIO DO FOLCLORE BRASILEIRO, pags. 403-405, Rio de Janeiro – l954)

  
Arrumando a Mala nesse momento, vamos nos despedindo. Aqui estamos preparando o nosso embarque em direção ao Porto Bate Pé. Fiquem com agente em nosso endereço sonoro:http://www.youtube.com/watch?v=oFYmRuPQYNA&feature=youtu.be .

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A Feira de Sant'Ana





Assim que chegamos em Cruz das Almas ( Recôncavo Baiano), fomos recebidos e acarinhados por pessoas amigas. Agradecidos, nossa Audição foi Show! A caminho da Feira de Santana , cheios de alegria e com a Mala do Folclore distribuindo Folias e Ritmias deixamos por aqui os ritmos Valsa- Maxixe,  Calundu e Canção Ladainha ...




arquivo particular



Valsa-Maxixe – Veio a divulgar-se no Brasil durante fins do Primeiro Imperio e Periodo Regencial, justamente quando Paris inteiro a consagrava, 1830 e seguintes. Discutem a origem, porque essa discussão é o encanto profissional dos eruditos. Os franceses dizem que a Valsa veio da Volta, dança popular na Provença desde o séc.XII e que chegou, sob Luis XII, a Paris, onde foi muito dançada sob a dinastia dos Valois. Os alemães explicam que a Walzer é produto legitimamente germânico, desde o nome que se universalizou. Viera, então, da Springtanz e de que era tipo a melodia popularíssima do séc.XVIII, Ach ! du lieber Augustin. Certo é que, partindo da Volta, espécie de “Galharda” Provencal, ou da Springtanz alemã, a Valsa espalhou-se realmente de 1780 a 1830, dominando então Europa e America como dança de sala, leve, airosa, sentimental, aristocrática, no seu compasso fácil e ondulante de 3/4. No Brasil, no Primeiro Imperio e Segundo, a Valsa era dançadissima, e o povo gostou do seu ritmo. Ainda contiua viva e atual nas festas do interior. Inútil informar do seu prestígio urbano.
 (Luis da Câmara Cascudo, DICIONÁRIO DO FOLCLORE BRASILEIRO, pag. 632, Rio de Janeiro – 1954)  
Dança urbana surgida no Rio de Janeiro por volta de 1870. Segundo José Ramos Tinhorão, o Maxixe desenvolveu-se a partir do momento em que a polca, gênero musical de origem européia e tocado nos salões da corte imperial e da alta classe média carioca, sempre ao piano, passou a ser tocada por músicos populares chamados chorões com a utilização de flauta, violão e oficlide. Tais grupos costumavam animar festas em casas populares tocando polcas, valsas e mazurcas. Para o pesquisador Renato de Almeida, em sua História da Música Brasileira, o maxixe seria "uma adaptação de elementos que se fixaram num tipo novo, de dança popular com uma coreografia cheia de movimentos requebrados e violentos, muitos deles emprestados ao batuque e ao lundu". Já para Mário de Andrade, o maxixe seria a primeira dança genuinamente nacional e que teria nascido a partir da fusão do tango e da havaneira com a rítmica da polca, tendo ainda uma adaptação da síncopa afro-lusitana. Já para Ricardo Cravo Albin, o maxixe seria "outro gênero musical fundador da MPB".
(Instituto Cultural Cravo Albin) 
  
Calundu – Mau humor, neurastenia, irritação, frenesi. Até meados do século XVIII era o mesmo que candomblé ou macumba, festa religiosa dos africanos escravos, com canto e dança ao som dos batuques. Gregorio de Matos citava Calundus, fins do seculo XIII :
                                                          
                                                     Que de quilombos que tenho
                                                     Com mestres superlativos,
                                                     Nos quais se ensinam de noite
                                                     Os Calundus e feitiços... 
(Luis da Câmara Cascudo, DICIONARIO DO FOLCLORE BRASILEIRO, pag, 147, Rio de Janeiro – 1954). 

Canção – Ladainha – De Nossa Senhora, Sagrado Coração, Todos os Santos etc. São tiradas(declamadas) ou cantadas durante os terços, novenas, trios, etc. Sua popularidade, baseada nos poderes místicos da imprecação religiosa, é antiga e vasta. São os ultimos vestígios dos ladairos, as rogações públicas e coletivas feitas por ocasião de calamidades. Os velhos tiradores de Ladainhas no sertão do nordeste tinham vozes de alta expressão trágica, causando inesquecivel impressão pela inflexão sonora e patética. Abalando as almas. A parte musical das litanias tem merecido atenção dos musicógrafos, apreciando, na simplicidade melódica o dinamismo da sugestão monótona acabrunhadora e melancolica, reduzindo o auditório a um estado apático e doloroso de quietismo, resignação e arrependimento contrito. As Ladainhas Maiores foram instituida pelo Papa Gregorio Magno(590-604) e são rezadas no dia de São Marcus (25 de abril) e as Ladainhas Menores na segunda, térça, e quarta-feira imediatamente anteriores á quinta da Ascenção.
(Luis da Câmara Cascudo, DICIONARIO DO FOLCLORE BRASILEIRO, pag. 346, Rio de Janeiro – 1954).

 Companheiros de viagem, aqui estamos abraçando a Feira de Santana e realizados em encontrar e garimpar na Estrada Real, as felizes sonoridades e singularidade do povo sertanejo. Feira de Santana cidade que conhece e abre portas do Sertão ao Litoral. Abraços Fraternais, Amistosos e Gratos! Muito bom revê-los. 

" Algumas estradas são referidas com maior regularidade, são elas: A Estrada Real das Boyadas que possuía saídas de Salvador, Santo Amaro e Cachoeira e seguia em direção ao Norte e Noroeste..." (/rededemuseus/crch/andrade_a-espacializacao-da-rede-urbana.pdf ).  





                         arquivo de internet


Acessem nosso endereço sonoro: https://www.youtube.com/watch?v=Kn_fzBglvzE .







segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Viva o Samba !!!


À Villa Velha 


"Teve por povoadores iniciais pessoas procedentes da vizinha Cachoeira que, no século XVIII, atraídos pela fertilidade do solo, estabeleceram a cultura da cana-de-açúcar, fundaram engenhos e iniciaram a construção de um arraial. Cruz das Almas (a 146 km da capital) nasceu à margem da Estrada Real que, partindo de São Félix para sudoeste, dirigia-se ao Rio de Contas e seguia rumo a Minas Gerais e Goiás. 

Olá Amigos de paragens ficamos muito gratos aos parceiros da Cidade de Cruz das Almas . Seguiremos até o Ramal Feira de Santana com a felicidade de quem procura pérolas... Assim estamos aqui com a Mala do Folclore repleta de novidades com os Ritmos 

Batuque – Câmara Cascudo informa que Georg Wilhelm Freireyss (1789-1825). Naturalista alemão, falecido no sul da Bahia, descreve em l814-15, uma viagem que fez a Minas Gerais, em companhia do Barão de Eschwege. Teve ocasião de assistir a um Batuque e registrá-lo: “entre as festas merece menção a dança brasileira o Batuque. Os dançadores formam roda e, ao compasso de uma guitarra (viola) move-se o dançador no centro, avança e bate com a barriga na barriga de outro da roda, de ordinário pessoa do outro sexo. No começo o compasso da música é lento, porém, pouco a pouco aumenta, e o dançarino do centro é substituído cada vez que dá uma umbigada; e assim passam noites inteiras. Não se pode imaginar uma dança mais lasciva do que esta, razão também por que tem muitos inimigos, especialmente entre os padres. Assim, por exemplo, um padre negou a absolvição a um seu paroquiano, acabando desta forma com a dança, porém com grande descontentamento de todos. Ainda há pouco dançava-se o Batuque em Vila Rica (Ouro Preto atual) numa grande festa e na presença de muitas senhoras, que aplaudiam frenéticamente. Raro é ver outra dança no campo, porém, nas cidades as danças inglesas quase que substituíram o Batuque”. (Pag. 65, ANTOLOGIA DO FOLCLORE BRASILEIRO, São Paulo- 1944)

Lundu – “Os dançarinos estão todos de pé ou sentados. Apenas se movem no começo, fazendo estalar os dedos num rumor de castanholas, levantando e arredondando os braços balançando-se molemente. Pouco a pouco o cavalheiro se anima. Evolui ao redor de sua dama, como se a fosse enlaçar. Ela, fria, desdenha seus avanços. Êle redobra de ardor e ela conserva sua soberana indiferença. Agora ei-los face a face, olhos nos olhos, quase hipnotizados pelo desejo. Ela se comove. Ele se lança, os movimentos se tornam mais sacudidos e ela treme num vertigem apaixonada, enquanto a viola suspira e os assistentes, entusiasmados, batem as palmas. Depois ela se detém, ofegante, esgotada. Seu cavalheiro continua a evolução durante um instante e em seguida vai provocar outra dançarina que sai da fila e o Lundu recomeça, febricitante e sensual”. F.J. de Santana Neri, LE FOLK-LORE BRÉSILIEN, pag. 76, Paris-1889).

Chula – Canto e dança quase desaparecidos do Brasil. As características da Chula constituem problema que obrigou estudo a Renato Almeida (Historia da Música Brasileira) e a Oneyda Alvarenga (Comentários a Alguns Cantos e Danças do Brasil) na “Revista do Arquivo Municipal”, LXXX, S. Paulo. Ouvi muitas vezes a Chula cantada, espécie de lundu ou baião, sensual, sempre cheia de pimenta verbal e paixão comprimida, no ritmo de dois por quatro. Acompanhava-se a violão. Pereira da Costa e Sílvio Romero recolheram muitas Chulas nas suas coleções. A dança ainda era popular em meados do séc. XIX no Rio de Janeiro, onde Melo Morais a viu e descreveu. Foi igualmente conhecida em Portugal, e tão popular quanto no Brasil. Pereira da Costa e Rodolfo Garcia não a registraram nesta acepção. Conheço chulado na acepção de embriagado. Chuládio em Pereira da Costa. No Rio Grande do Sul parece que a Chula é o verdadeiro fandango português do Ribatejo.
(Luis da Câmara Cascudo, DICIONARIO DO FOLCLORE BRASILEIRO. Pag. 175, Rio de Janeiro – 1954).

É Amigos , estamos na estrada para valer!, e vamos passo a passo com vocês e a Mala do Folclore desenhado o nosso mapa de Folias e Ritmias do Nosso Brasil Colônia e Brasil Império. Vos aguardamos no nosso endereço sonoro: http://www.youtube.com/watch?v=nAyquB1daEM&feature=youtu.be


http://www.estacoesferroviarias.com.br/ba_monte%20azul/feira.htm
Estação Velha ( Ramal de Feira )
                                            

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A Estrada Real se apresenta.








Aqui estamos em frente à Ferrovia da Cidade de Senhor São Felix , em direção à cidade de Cruz das Almas, ao encontro de amigos. Enfim, estamos nos despedindo do Porto Lua Cheia e a Mala do Folclore sobe o morro se enchendo de expectativas e nos deixando os Ritmos Choro Canção, Canção do Cais e Serenata. 



Choro-Canção – Como varias expressões do nosso populário teve logo a forma diminuitiva de Chorinho. O Choro é carioca. Veio da Cidade Nova, por volta do meado do século passado, e depois se tornou coisa muito nossa. Antigamente era comum ouvi-lo pelas noites afora, passeando pelas ruas, em intermináveis serenatas. Os Choros tocavam musicas populares comuns, a que depois deram um traço próprio e uma expressão típica, foi um dos fatores que mais contribuíram para fixação dos elementos da musica carioca. Se, em geral, é sentimental, muitos são alegres, espevitados, como aquele magnífico Apanhei-te Cavaquinho, de Ernesto Nazareth. A modulação do Choro foi sempre curiosa, passando do modo maior para o menor e volvendo ao maior, ou vice-versa, variando sempre o modo nas suas três partes, não tinha canto. Há alguns anos, porém, começaram a aparecer letras para os Choros e a dividi-los em duas partes apenas, e assim já os há numerosos.
(Renato Almeida, HISTORIA DA MUSICA BRASILEIRA, pag. 112). 

 Canção do Cais – “Os negros e os mulatos que têm suas vidas amarradas ao mar têm sido a minha mais permanente inspiração. Não sei de drama mais poderoso do que o das mulheres que esperam a volta, sempre incerta, dos maridos que partem todas as manhãs para o mar no bojo dos leves saveiros ou das milagrosas jangadas. (“...) Tratei desses motivos porque nada mais sou que um homem do cais da Bahia, devoto eu também de Yemanjá, certo eu também que estamos todos nós nas suas mãos, rogando-lhe que não envie os ventos da tempestade, que seja de bonança o mar da minha vida”.
(Dorival Caymmi, na introdução de CANCIONEIRO DA BAHIA) 

Serenata - É o canto e música instrumental executados ao sereno, ao ar livre diante da casa de quem dedica a homenagem. Tínhamos as Serenatas amorosas, canções e modinhas entoadas á porta da namorada, como também as homenagens sociais, prestadas por um grupo que desta forma significava admiração. Até as primeiras décadas do Séc. XX a Serenata era uma instituição social. Nas noite de luar percorria as residências dos amigos, cantando e repetindo ceias, até o amanhecer. Mandava o protocolo que as portas e janelas estivessem fechadas e fossem abertas depois de cantada a primeira modinha. Todo o Brasil conheceu e usou a Serenata que de todo ainda não desapareceu. Um poeta norte-rio-grandense, Cosme Lemos, denominou seu livro de versos, Um Lugar na Serenata, por que fizera versos para ter direito de acompanhar os seresteiros na serra do Martins. O pernambucano Silveira Carvalho decidira:
                                        Quem ama pra dar provas
                                        Deve três cousas comprir:
                                        Tocar violão, fazer trovas,
                                        Havendo lua não dormir!
(...) Esses cantos diante da porta. Por todo o Sêc. XIX parte essencial da produção poética destinava-se ás Serenatas. Obrigatoriamente o único instrumento de sopro nas Serenatas era a flauta. Os demais, de cordas, o indispensável violão, os cavaquinhos, ás vezes o violino e depois o bandolim, solista, nos intervalos, melocomentando a modinha. Ao redor da Maioridade, 1840 em diante. Foi o domínio da Serenata. E as modinhas e canções dedicadas ao canto ambulatório e noturno são em números infinito. Tôdas as cidades, vilas e povoações tiveram suas glórias e possivelmente seus sucessores atuais. Como um testemunho de sua vitalidade, na lua cheia de setembro de 1951, ás duas horas da manhã, recebi em Natal a homenagem duma Serenata. Bandolins e violões veteranos, ressuscitando as velhas valsas sonorosas de meio século.
(Luis da Câmara Cascudo, DICIONARIO DO FOLCLORE BRASILEIRO, pags. 576 e 577. Rio de Janeiro – 1954).

“Prima nocte domum Claude, neque in vias / sub cantu querulae despice tibiae / et te saepe vocanti / duram difficilis mane”. Horacio, ODES ( III, X e VII ), Ad Asteriem

“When a Young man sees a girl whom He desires for a wife, He first endeavours to gain the good  Will of the parents; this accomplished he proceeds to Serenate, his ladylove, and will often sit for hours. Day after day, near her house, playing on his flute. (Bancroft, NATIVES RACES OF THE PACIFIC STATES. I, pag. 549)



                                     arquivo particular

Ficha Técnica :
Ao Canto e Afoxé : Ana Maria 
Ao Canto e Violão : Matias Moreno
Autor e Compositor : Matias Moreno

Violão Solista : Toninho Nascimento
Percussão: Bando do Bonfim, Sarmento, Bonfim, Jonathan e Sarmento Jr.
Violino : Mateus Costa

Estúdio : Belvedere
*Foto : Dalmo Oliveira

E assim nos despedimos Adeus Porto Lua Cheia! Breve estaremos na Estrada Real Estação Villa Velha ( Ramal Feira de Santana ).  
"... Como forma de retribuir a lealdade dos que lutaram na guerra de Independência da Bahia, o Imperador Dom Pedro II sancionou o Decreto Imperial n.º 1.242, de 16 de junho de 1865, estabelencendo que: "Autorisa o Governo a contractar com a Companhia, que se organisar, a construcção de uma via férrea, que poderá ser pelo systema tram-road, conforme fôr mais conveniente, entre a Cidade da Cachoeira e a Chapada Diamantina na Provincia da Bahia, com um ramal á Villa da Feira de Santa Anna (...)".1 2  http://pt.wikipedia.org/wiki/Estrada_de_Ferro_Central_da_Bahia )" .  

Visitem nosso endereço eletrônico : http://www.youtube.com/watch?v=kCM7K6Ew5Jw.




quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Audição de Música Folclórica Brasileira


Ana Maria & Matias Moreno em:





Arquivo particular 


Participação Trio Folclórico Brasileiro

Pedro Patrocínio ( Cavaquinho e Ritmo )
Bidio ( Ritmo e Percussão)
Breno Tsokas ( Ritmo e Pandeiro )


Local: Biblioteca Municipal ( Cruz das Almas - Ba.)
Data: 29 de Novembro de 2013 
Horário: 21: 00H.

Alô Caravanas de cidades circunvizinhas Sapé, Governador Mangabeira, Conceição do Almeida, turminha de São Felipe, Baixa do Palmeira, São José do Itaporã, Cabaceiras do Paraguassu estamos vos aguardando para a nossa Audição.  

                               
                                                    ENTRADA FRANCA!

Visitem nosso endereço eletrônico: http://www.youtube.com/watch?v=NFsJa6Zixt8.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A Folia vive nesse chão!


E vamos subindo e descendo ladeiras, que para cá, "todo o santo ajuda". Estamos aqui, no Recôncavo Baiano, ao lado, a veia que o Paraguaçu desenhou na rocha. E hoje, escorre lentamente ao aconchego das marés...  Vejam que maravilha os ritmos que vamos distribuindo com a Mala do Folclore. Para nosso deleite vem aí os ritmos Aboio-Toada, Fadinho, Samba de Maculelê.  

Aboio-Toada – “No fim da Toada, tôdas as pessoas da lavoura, homens e mulheres, repetem em berro, demorando muito na segunda palavra: Ei Boi !” (Gonçalo Sampaio, CANCIONEIRO MINHOTO, cap. XXIII).
(...)”Guiam-se as boiadas, indo uns tangedores diante, cantando, para serem desta sorte seguidos do gado”. (Antonil, CULTURA E OPULÊNCIA DO BRASIL POR SUAS DROGAS E MINAS, pag. 268, São Paulo, 1923).

“No sertão do Brasil o Aboio é sempre solo, canto individual, entoado livremente. Jamais cantam versos, tangendo gado. O Aboio não é divertimento. É coisa séria, velhissima, respeitada. Aboia-se no mato, para orientar a quem se procura. Aboia-se sentado no mourão da porteira, vendo o gado entrar.Aboia-se guiando o boiadão nas estradas, tarde ou manhã. Serve para o gado sôlto do campo e tambem para o gado curraleiro, vacas de leite, mais em menor escala. Aboiar para vacas de leite não é Aboio para um vaqueiro que se preze e tenha vergonha nas ventas. (Luis da Câmara Cascudo, DICIONARIO DO FOLCLORE BRASILEIRO, pag 2, Rio de Janeiro, 1954).

“Sa figure s’illumine, je l’accompagne au parc. Il y entre en sifflant doucement a bouche close, et les boeufs. Qui ont d’abord baissé. Lui s’approche, circule au milleu d’eux, les caresse, les pousse, les fait avancer, touner á son gré, les conduit hors de l’enclos, et le fusil á la bretelle, appuyé sur un des animaux domptés me regarde, victorieux – “ y a paré, mon licutenat”. “Se je ne l’avais vu, je ne l’aurais cru”. (Baratier, EPOPÉES AFRICAINES, pag 95).



Vaqueiros na Caatinga (Caribé )
                               
                                        Inácio da Catingueira

                                       Criado de João Luis,
                                       É doutô, preto, formado
                                       É vigário da matriz
                                       Tanto fala como abóia
                                       Como sustenta o que diz

                                        Por isso é cabra de fama,
                                        Por isso sabe dançar
                                       Por isso eu digo cantando:
                                       Só lá se sabe aboiar !...

(Rodrigues de Carvalho, CANCIONEIRO DO NORTE, pags. 179 e 280, Paraíba, 1929.) 



Fadinho – “Dai a pouco começou o Fado, todos sabem o que o é o Fado, essa dança voluptuosa, tão variada. Que parece filha do mais apurado estudo da arte. Uma simples viola lhe basta, melhor que nenhum outro instrumento. O Fado tem diversas formas, cada qual mais interessante. Ora é uma figura só, homem ou mulher. Que dança no meio da casa por algum tempo, fazendo passos dos mais difíceis. Tomando as mais airosas posições acompanhando-as com estalos de dedos e aproximando-se da pessoa que lhe agrada, diante dela faz-lhe neganças e vira voltas, e finalmente bate palmas, o que quer dizer que a escolheu para substituta. Assim corre a roda toda, até que todos tenham dançado outras vezes dançam juntos um homem e uma mulher seguindo com a maior certeza o compasso da música; ora a passos apressados; depois repetem-se; juntam-se de novo; o homem ás vezes busca a mulher com passo ligeiro a qual, fazendo um pequeno movimento com o corpo e braços, recua vagarosamente; outras vezes é ela quem procura o homem, que recua por seu turno, até que enfim voltam á primeira figura. Há também a roda em que dançam muitas pessoas, interrompendo certos compassos com palmas e em sapateado as vezes brando e breve, porém sempre igual e ritmado. A música é diferente para cada caso, sempre tocada a viola. Muitas vezes o tocador canta em certos compassos uma cantiga de feitura verdadeiramente poética. Quando o fado começa, custa a acabar; termina sempre pela madrugada, quando não leva de enfiada dias e noites seguidas”.
(Manoel Antonio de Almeida, MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILICIAS, cap. VI  
*( 1852 -1853).  



Construindo o nosso mapa passamos pelos Engenhos de Santo Amaro. E aqui, na Cidade de Cachoeira , partiremos para a Estrada Real Estação Villa Velha ( Ramal Feira de Santana ). Enquanto isso apreciem o Samba de Maculelê.



Arquivo de internet
Tia Ciata
                                          

Samba de Maculelê – (...) “Na minha infância convivi com pretos e pretas que me contavam as suas estórias
                     Ouçamos o que dizia a velha Pupu, que viveu mais de cem anos. Ela foi escrava do Engenho Partido.
                      Quando eu era pequena vi lá no Engenho Partido o escravo Ti-Ajou, batendo e tocando o Maculelê. Quando se deu a liberdade eu já era mãe de fio e vó de neto. Cutú só tinha um filho, o Manoel que por ser muito feio era apelidado de Mané Beiçola. Pelas contas feitas o Manuel nasceu em l844 e aos oitos aprendeu Maculelê com Ti-Ajou. Logo as minhas pesquisas iniciam-se no ano de 1852.
                      Temístocles, era um preto que conheci também, foi aluno de Ti-Ajou. O preto João Ferreira dizia: “eu já nasci forro mas aprendi a tocar Maculelê no Partido”.
                       Eis o que me contaram:
                       Na Àfrica os negros lutavam empunhando dois pedaços de paus, que eles chamavam de lelês.
                       A rivalidade era intensa entre os Macuas e os Males estes últimos armavam-se com paus e diziam: “vamos esperar Macuas a lelê”. Disto talvez se origine o nome Maculelê.
                       A expressão “Macuas a lelê” sofreu uma corruptela dando origem a palavra Maculelê.
                       Sabemos que somente em dois engenhos se iniciou o Maculelê: o Engenho São Lourenço de propriedade do Visconde de São Lourenço, cujo proprietário não permitia que os negros usassem cacetes.
                       O Engenho Partido, cujo proprietário era Joaquim Pereira consentiu que a brincadeira fosse praticada na Senzala para disfarçar a luta Ti-Ajou deu música e ritmo ao Maculelê.
                       (...) “Com a intenção de promover a sua defesa e liberdade os negros tiram pedaços de paus nas matas e na Senzala, começando os treinos. Logo foi proibido, pois achavam que iria causar grandes prejuízos e apresentaria perigo para a economia da região e para a pátria.
                        Muito ladino Ti-Ajou achou uma maneira de camuflar, e introduziu a música e a dança. – como brincadeira e dança agradou até ao dono do Engenho que cedeu e consentiu que fosse dançado na Senzala em horas de folga.
                       Foi improvisado um timbale com um tacho furado do Engenho; agogô e chequerê.  A batida dos cacetes ajudavam o ritmo.
                       As Cantigas foram sendo adaptadas. E como o negro em tudo demonstrava a sua fé, saudavam os seus deuses, ou tudo aquilo que merecia o seu respeito e adoração. Ti-Ajou era também pai de terreiro e com tal sabia as normas e rituais do Candomblé “(...).

(Zilda Paim, RELICÁRIO POPULAR, pags. 17 e l9, Bahia, 1999.)
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Arquivo Particular
Pouso da Palavra  (Cachoeira-Ba).

Atendendo a dezenas de solicitações dos admiradores e colaboradores e do Pouso da Palavra . Já encontra-se à disposição dos amigos, no Pouso da Palavra, as seguintes obras do DUO FOLCLÓRICO Ana Maria & Matias Moreno.


Brasiliana "Folias e Ritmias"
Contendo 11 Cd's.
É o Novo e já  Festejado.
Boa Viagem!