segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Preparando o FONTE NOVA



Amigos de estrada de prosas musicais, estamos nos preparando para partir em mais uma empreitada, desbravando o eclético e vasto mundo da Musica Folclórica Brasileira. Estamos dessa vez, aportados na Bahia de Todos os Santos. Lembrando, sempre, que a estação Cisca Fogo, abriu precedentes para chegarmos ao Litoral. Na poesia jocosa Do " Namoro no Mato (Cd Cisca Fogo), acompanhados do ritmo adocicado do cavaquinho, despachamos os folguedos Miudinho, Xerém e Embolada.  

Miudinho – A dança do Miudinho já tem os seus cajus, uma vez que encontramos referência sua, já em 1832, em estes versos do poema pernambucano, A Columneida, impressos naquele ano: “protestando que nunca em sua vida / aprendera a dançar o tal “Miudinho”. Pereira da Costa, Vocabulário Pernambucano, pag. 491. (Luis da Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore Brasileiro, pag. 401). 

Assim, nas nossas andanças, curtimos a despedida da paisagem sertaneja ao som de nossa releitura musical,  na poesia  "São João", dando passagem ao Xerém. 


Xerêm

                                               “Eu já dancei Balancê
                                            Xamego, Samba e Xerêm” 

                                   (Humberto Teixeira – Luiz Gonzaga)


Xerêm – Dança nordestina, executada em sanfona. Com o nome de Xerêm já ouvi tocar um “Schottisch”; é uma espécie de Polca. (Luis da Câmara Cascudo – Dicionário do Folclore Brasileiro, pag. 654, Rio de Janeiro – l954.) 

"Espécie de Polca, dança de roda, ao som da sanfona". (Dicionário Aurélio)

“Os caboclos dançam nos Sambas, sapateando o Xerem, uma espécie de Schottisch”
(Gustavo Barreto – Terra do Sol, pag. 219).                                      



Xerém
"Dança de passo arrastado e miúdo, como que peneirando, por isso o nome "xerém", que é o milho pilado para alimentar pintos, e tem o refrão:
"Eu piso milho penero xerém, eu não vou criar galinha pra dar pinto pra ninguém".
Esta categoria de dança possui melodias muito alegres, geralmente em tom maior e com solo instrumental característico que confere sua identidade". (Antonio Pedro do Acre).

Assim embola gente, dançando no terreiro, grande festa! a música Cisca Fogo, entrou na roda. Cantada pelos mestres e trançou na Embolada, foi-se a noite...

Embolada – “Originaria do nordeste brasileiro, onde é freqüente na zona rural do litoral e mais rara no sertão, a Embolada tem as seguintes características: melodia mais ou menos declamada, em valores rápidos e intervalos curtos; textos geralmente cômicos, satíricos ou descritivos, outras vezes constituído somente de uma sucessão de palavras associadas pelo seu valor sonoro. Em qualquer dos dois casos, o texto está cheio de alterações e onomatopéias, de dicção complicada, que a rapidez do movimento da música vem complicar mais ainda, a Embolada, que era a princípio um canto rural passou ás cidades e caiu no domínio dos cantores de radio e do disco. Com esta mudança, sua complicação verbal e rapidez foram acentuadas e perderam por isso suas manifestações urbanas certo lirismo de que se reveste nas zonas rurais nordestinas”
(Oneida Alvarenga – Musica Popular Brasileira, pag. 227).

"Vasco Mariz recomenda a leitura de Théo Brandão sobre a Embolada em Alagoas".
(A Canção Brasileira “Erudita, Folclórica, Popular”. Pag.160).


Até mais amigos, estamos felizes e gratos. Até o próximo Porto Fonte Nova, vem aí! Aguardem próximo Post Lundu, Samba de Rancho e Ciranda de Roda.



Porto de São Félix e seus Famosos Saveiros

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Ritmos Nativos "Cisca Fogo"



Nos tempos idos do Brasil Colônia, já nas entranhas citadinas e transitórias para o Império, fez o Negro brasileiro sua sonoridade marcante em seus terreiros, com o ritmo Calundu. A Nação Indigena se referenda no trecho do poema a seguir.


Calundu -                        “Ao som de uma guitarrilha
                                         Que tocava um colomim
                                         Vi bailar na Água Branca
                                         As mulatas do Brasil...”

                               (Chansoneta – Gregório de Matos)

Baile de negros, Calundus e Feitiços, modas cantadas por mulheres-damas na cidade da Bahia, música onde satanás anda metido por ser grande poeta, contrapontista e tocador de viola... se a solfa eclesiástica foi ensinada ao “Colomim” como o caminho do bem, a música que surgia espontânea nas ruas e nas casas brasileiras nos dois primeiros séculos, foi vista pelos cronistas da época como encarnação do demônio.
(Kieffer, Anna Maria – Questão de Música Mestiça- “A Tarde Cultural, 10, Salvador, 26/9/1995”).


Toada – “Outra forma do Romance lírico brasileiro é a Toada, canção breve. Em geral de estrofe e refrão, em quadras. Melancólica e sentimental, o seu assunto, não exclusivo mais preferencial, é o amor, sobretudo na Toada Cabocla. Toada em si é qualquer cantiga, mas a referencia aqui é a essa espécie lírica tão comum e ás vêzes também sobre motivo jocoso ou brejeiro, como esta colhida em engenhos de Pernambuco, com acentuada influência do Fado:
                                               Azulão é “passo” preto
                                                Roxinol cor de canela
                                               Quem tem seu amor defronte
                                               Faz ronda, faz sentinela.”

(Renato Almeida. (Historia da Musica Brasileira, pag. 105.)



Baião – O Baião, dança e musica, abrange duas fases: a antiga que o nordeste, da Bahia ao Maranhão, conheceu durante um século e a posterior ou moderna; a partir de 1946, que atingiu todo o Brasil e se projetou no exterior.
             Já em l842, falava-se no Baiano ou Baião, difundido no Nordeste Brasileiro e muito em voga no século XIX. Era conhecido no Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Bahia, com diversas modalidades coreográficas.
(Giffoni, Maria Amália Corrêa – Danças Folclóricas Brasileiras, pag. 65.)

“O Baião não é outra coisa senão o Baiano, designação regional e uma das mais persistentes do Samba... o que o Baião apresenta de especial, realmente, é o movimento rítmico sincopado”
(Luis Heitor – Danças Sertanejas, “Cultura Política”, 46, Rio de Janeiro, 1944, pags. 302 – 303).

"Manoel de Oliveira Paiva (1891) em “Dona Guidinha do Poço” descreve o Baião no Ceará dançado no terreiro ao som de violas e com cantores. Um dançador “bateu rente no terreiro, com as mãos para trás, recuou, pé atrás, pé adiante, pisou duro, estirou os braços para frente, com a cabeça curvada e, estalando as castanholas nos seus dedos rijos fez uma roda de galo que arrasta asa” e tira uma dama. Essa sai “empinada para diante, dando castanholas para os lados”. Outro dançador “dizendo que o Baião precisa ser de quatro”, junta-se àquela e tira uma dama. Os dois pares executam “volteados”, trocam de damas e repetem as figuras. Há desafio...".
(In o Baião Folclórico, Rossini Tavares de Lima).

“Embora durante um século ou mais o Baião existisse no Nordeste, foram estas duas figuras que o fizeram atravessar fronteiras, (Luis Gonzaga e Humberto Teixeira), atingindo a Europa, sendo exibido nos Estados Unidos e invadindo o Brasil. Nas Boates paulistas em l950, tocava-se á proporção de 10 Baiões para qualquer outro gênero musical”.
(Giffoni, Maria Amália Corrêa – Danças Folclóricas Brasileira, pag. 55.).

Enriquecido é o universo da Música Brasileira, seus Ritmos e suas Folias. Alegria gente brasileira e Viva o Folclore! Conheça mais uma canção que está na estação Minha Terra!


 https://www.youtube.com/watch?v=B-0G5sRul6g. Boa Audição e até breve com a "Mala do Folclore".



Arquivo particular

Ficha Técnica:

Ao Canto e Afoxé: Ana Maria
Ao Canto e Violão, Autor e Compositor: Matias Moreno


Percussão: Emiliano
Viola-do-Sertão e Cavaquinho: Zé Rocha
Violino: Mateus Costa
Teclado:César Túlio
Sax: Daniel Victor
Gravação e mixagem: Dailton Santana
Capa: José Raimundo M. Rocha
Realização: Dominique
Studio Corsário:Salvador( Bahia).
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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

ESTAÇÃO CISCA FOGO!



arquivo particular

Boa Tarde Amigos e Turma Jovem, chegamos cheios de alegrias e novos ritmos, a "Mala do Folclore" desce na estação Cisca Fogo. Encontramos nesta viagem, mais um dos ritmos do samba, ao abrir a mala trouxemos a sonoridade da viola rural baiana. Na música Casinha de Sapê encontramos o ritmo Miudinho.
 Miudinho – "O Miudinho é dança e um dos passos do Samba. Eu mesmo tive ocasião de ver, na Bahia, as mulheres o dançarem em sambas de roda, de modo prodigioso. Avançam como se fossem bonecas de mola, com o corpo imóvel e um movimento quase imperceptível de pés num ritmo rápido e sempre igual:
                                 Devagá, Miudinho
                                 Miudinho só!
O Miudinho dança introduziu-se nos salões menos aristocráticos, com grande êxito e coreografia adaptada e par enlaçado, em “passo, curto, dengoso, afilado, feição mimosa, delicada, pouco pronunciada em seus traços, danças ou bailado popular”. No tempo da Regência, era uma das danças da sociedade, e permaneceu por muito tempo em voga".
(Renato Almeida - Historia da Musica Brasileira, pags. 163 – 164).

Côco do Sertão -" Em Alagoas em 1917, segundo J. Barbosa Junior, o Côco era dança de roda, que se movimentava à esquerda, sapateada. Alguns pares colocavam-se no centro, fazendo “Bamboleios gráceis e trejeitos”, utilizando-se a Umbigada para a substituição dos solistas. Às vezes a Umbigada não era correspondida, o convidado esquivava-se. Depois de aceito o convite dançavam frente a frente, dois tempos para um lado e dois para outro. Os dançadores batiam palma. O acompanhamento instrumental era feito com ganzá. Dançava-se no terreiro. (...) O Côco era dançado prolongadamente, começando à noite, indo até quase ao amanhecer, quando os dançadores encontrava-se exaustos. Revestia-se de grande animação e interesse. Quando nos salões, afastavam-se as cadeiras para dar lugar a roda do Côco". (Aspectos do Folclore de Alagoas e Outros Assuntos – E. Sales Cunha) 

“Tanto o Côco dança, como musica ou canto, abrange denominações variadissima, dependendo de circunstâncias especiais como: local (Côco de Praia, Côco do Sertão, Côco de Usina), instrumentos que o acompanham (Côco de Ganzá, Côco de Zambê); maneira de dançá-lo (Cavalo Manco, Tropel Repartido, Travessão, Sete e Meio), além da nomenclatura específica, variável com o texto poético musical, maneira de cantar, etc".
(Giffoni, Maria Amália Correia – Danças Folclóricas Brasileira, pag. 141)

“Umas das mais antigas referências à dança do Côco fez o “Diário de Pernambuco”, em 1829, no seu Nº 246: “um matutinho alegre, dançador, a quebrar o Côco e riscar o Baiano no meio de uma sala”. (cit. em Pereira da Costa) (Dicionário do Folclore Brasileiro – Luis da Câmara Cascudo, pag. 189).

A alegria de dançar vem acompanhando a sonoridade da Mala do Folclore, na folia poética da música Caipora. Com o ritmo Balanceio. 
  Balanceio - “O maestro cearense Lauro Maia. Precocemente falecido em 1950, aos 37 anos de idade, ele percebeu a riqueza melódica desse manancial da música nordestina, criando um ritmo chamado de "Balanceio", que já não era mais o Ponteio das Violas, embora dela aproveitasse o ritmo,(...) Portanto, o Baião surgiu como um desdobramento da batida dos violeiros nordestinos tocadores de Lundus, passando pelo “Balanceio”,(...) A evolução passou pelo “Balanceio”, mas incluía no dizer do próprio Humberto Teixeira: as estrofes de Rogaciano Leite e a viola do cego Aderaldo, conhecidos compositores e instrumentistas nordestinos. Dessa mistura nasceu o Baião." (TINHORÃO, José Ramos, Pequena História da Música Popular).

“Eu costumo dizer o seguinte: o Baião deslizou no tapete, na esteira, na trilha que o Balanceio deixou...” Humberto Teixeira – (Concedida em 1977 ao Pesquisador Nirez)

“Sabemos que para dançar este novo tipo de Baião. Humberto Teixeira idealizou quatro movimentos fundamentais: “Xoteando”, (consiste na execução de deslocamentos laterais, à moda do Schottisch); ”Pisando em Brasa”, (é o passo mais característico no qual o pé se levanta um tanto do chão); “Balanceio”, (em que há gingado do corpo para o lado); “Currupio” ou “Carrapeta”, (em que o par gira em torno de si). (...) nos salões é dançado simplesmente, com avanços recuos e giros normais obedecendo ao seu ritmo. (...). há também “Balanceios”, de que falam os Baiões atuais e “Giros e “Rodopios”, que faziam parte dos Baiões de ontem, como aparecem nos de hoje. Os passos e suas denominações são nossos. (...). Este é o “Balanceio” nele há movimento de quadril. Para repetir o “Rodopio” e “Balanceio”, cruzar a perna direita na frente da esquerda e executar o passo em sentido inverso. (Giffoni, Maria Amália Corrêa – Danças Folclóricas Brasileiras, pags. 67 e 69).
   



Arquivo particular


E assim pessoas queridas, iremos seguindo nossa estrada. A chegada aqui na estação Cisca Fogo, vai nos proporcionar , outros contatos e outras histórias do cotidiano de nossa viagem. Até a próxima!.



segunda-feira, 26 de agosto de 2013

" Mala do Folclore" arrumada! Partimos.


Elaborando a nossa língua... . Esta semana que passou nos sentimos assim, num exercício de falares e sentir as melodias, verdadeiramente recitando na música "Almas" a imagem do vaqueiro e seus misticismos. Em nossa "Mala do Folclore" colocamos todo o nosso instrumento de trabalho com destino a estação "Cisca Fogo", é apenas uma semana de viagem nesses trilhos musicais, nos aguardem. Enquanto isso, fica para vocês mais Ritmos da estação Na Boca do Povo

Moda-de-Viola 

A palavra moda é de origem portuguesa, significando canto, melodia ou música. No Brasil tomou a significação de um tipo de canção rural. Na região centro-oeste  e sudeste, as modas de viola são previamente escritas e decoradas. Já no Nordeste, os cantadores cantam de improviso.
A temática dominante nas modas prende-se a três aspectos básicos: a saga dos boiadeiros e lavradores, o anedotário caipira e as histórias trágicas de amor e morte. A moda de viola é uma narração feita em ritmo recitativo, onde o cantador tem que contar uma história. A melodia é solta, como se fosse uma poesia falada com acompanhamento musical.(...)
“À Moda de Viola é uma expressão da música rural brasileira que se destaca como sendo seu maior exemplo, entre outros ritmos e estilos formados a partir das Toadas, Cantigas, Viras, Canas-Verdes, Valsinhas e Modinhas, união de influências européias, ameríndias e africanas.” (Wikipédia), 

O livro Sambas e Cateretês, explica sobre todos os tipos de “modas”. Modas de Viola, Os Violeiros e seus gêneros de modas..., Quadrinhas (estas quadrinhas são geralmente cantadas soltas nas “canas-verdes”, “viuvinhas”, “passa-pachola” e outras danças), Recortados (em certas zonas de alta Paulista, Mogiana, Triângulo e Oeste de Minas e Goiás, após a moda do “catira”, “cateretê” ou “bate-pé”, cantam os “recortes” antes de cada sapateado), Abecês (o A.B.C., isto é, uma série de estrofes iniciadas com as letras do alfabeto, é um gênero poético cultivado em todo o país, sejam os matutos e tabaréus do Norte, os “quejeiros” goianos, os capiaus mineiros ou os caipiras paulistas), Moda catireiras e Modas diversas. (Sambas e Cateretês – Cornélio Procópio). 


“A Moda-de-Viola é no geral, um canto de caráter narrativo,entoado em terças.O palmeado e o sapateado comprendem duas fórmulas rítmicas e os dançadores se aproximam. Davam seis passos, sapateavam e retornavam aos lugares primitivos com sete passos arrastados. Para encerrar cada trecho da Moda-de-Viola realizava-se o palmeado simples seguido de um pulo com os pés juntos. O fecho era o Recortado”. (Rossini Tavares de Lima – Folclore de São Paulo). 


Turma jovem, Senhores e Senhoras! Vamos na paisagem da nossa estrada, deixando para traz mais uma estação. Felizes em apresentar nossas impressões do encontro do mar com o sertão. E vamos seguindo! 

Toada Caipira –  “A Toada se espalha mais ou menos por todo Brasil. Musicalmente não tem caráter definitivo e inconfundivel da “Moda Caipira”. Talves  porque, abrangendo varias regiões, a “Toada” reflita as peculiaridades musicais próprias de cada uma delas. Ou talves porque, em vez de nome de um tipo especial da Canção, a palavra “Toada” seja empregada mais no seu sentido genérico corrente na lingua(o mesmo de moda) ou com designação de qualquer canto sem destinação imediata. De qualquer modo parece que a “Toada” não tem caracteristicas que irmanem tôdas as suas manifestações. O que se poderá dizer para defini-la é apenas o seguinte: com raras exceções, seus textos são curtos – amorosos, liricos, comicos – e fogem à forma romanceada, sendo formalmente de estrofe e refrão; musicalmente as “Toadas” do Centro Sul se irmanam pela melódica simples”(...).
(Oneyda Alvarenga – Musica Popular Brasileira, pag. 275-276).

Banzabê – Folguedo dos Indios Quiriris da Bahia.(João Matos – Monografia do Curaçá).
“Os amerindios estavam na fase de dança sagrada coletiva. As públicas quando entravam mulheres seriam modalidades de oferenda religiosa, propiciatória às colheitas, caças e pescaria, danças imitatórias, com significação secreta, pacificar o espirito da caça abatida ou torná-la abundante e sem defesa. Ocorriam a máscara, a indumentária ornamental, sugestionadora. (Theodor Koch Gumberg).

“ Os tupinambás cantavam e dançavam ao som de “um “tamboril” em que não dobra as pancadas” levando-os para a guerra. “os roncadores levam tamboril, outros levam buzinas, que vão tangendo pelo caminho, com que fazem grande estrondo, como chegam à vista dos contrarios”. (Cap. CLXII. Gabriel Soares de Souza – Tratado Descritivo do Brasil em l587).  


Enfim... pegamos o trem da Música Brasileira em direção a estação "Cisca Fogo". Obrigado Amigos pela companhia. Muito mais alegrias traremos em nossa viagem. Até lá! Sem esquecer de vocês, visitem nosso endereço sonoro https://www.youtube.com/watch?v=NIvyXR6Vfwo..

arquivo pessoal




segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Arrumem as malas! Vem aí estação "Cisca Fogo".




 Boa tarde amigos!!! Hoje na estação "Na Boca do Povo" muitas alegrias a partilhar na trilha do Samba. Na música "Batuqueiro" encontramos a folia do Caboclo.

Samba Caboclo "Mantendo os ritmos tradicionais do samba africano, o chamado “samba de caboclo” possui algumas características próprias. Os cânticos são mais fortes e motivam coreografias mais vigorosas, exigindo do sambista ou do caboclo que dança qualidades de passista. Os instrumentos musicais são praticamente os mesmos dos sambas tradicionais, tais como atabaques, agogôs, reco-recos e chocalhos.
As letras dos sambas de caboclos não possuem temas específicos, podendo tudo aparecer. Os motivos dos sambas, muitas vezes servem para retratar transformações sociais.(...)
Os sambas de caboclos não ocorrem apenas nos chamados candomblés de caboclos. Eles aparecem em ritos de candomblés que procuram ainda manter certos africanismos. (...)
Marcada com glórias e vitórias, a data de dois de julho antecipou nossa independência. Isso ocorreu na Bahia e o papel dos caboclos nesse movimento de libertação foi marcante. Assim, todos os anos, na data de dois de julho, em Salvador, um grande cortejo corta as principais ruas da cidade. O caboclo é levado em charola ou em carro alegórico, onde as principais cenas da data são representadas. Mais tarde os festejos são complementados com rodas de samba e cerimônias públicas nas muitas casas de candomblés de caboclo. Esses festejos ocorrem também no Rio de Janeiro, mas em menor proporção, e as comemorações ficam restritas aos rituais de caboclo nos candomblés. (...)
Esse cântico é entoado quando os caboclos bebem muita jurema e ficam embriagados, tendo assim que voltar para as aldeias. Essa bebida é feita com a erva jurema, cachaça e mel". (Lody, Rui Giovanni da Motta. “O caboclo no folclore brasileiro”. O Fluminense. Rio de Janeiro, 06 de julho de 1975). 

"Os caboclos incorporados sambam na roda, voltados para os atabaques,
demonstrando suas habilidades de bailarinos com saltos e variações do passo do samba,
puxando cantigas e improvisando versos, geralmente em tom de desafio. Uma umbigada
de um caboclo pode colocar alguém em transe também. Existe um tênue limite entre
estar ou não no transe do encantado, entre o sagrado e o secular e, conseqüentemente,
entre o samba de roda e o samba de caboclo". (SOUZA, Genésio Romoaldo de.)


O Samba e seus ritmos, de uma certa forma, materializa o sentimento de seu povo, então como dissertá-lo. Vamos amigos, brindar mais uma vez ao Samba.

Partido Alto- " De acordo com a Enciclopédia da Música Brasileira, "samba de partido-alto é um gênero do samba surgido no início do século XX conciliando formas antigas (o partido-alto baiano, por exemplo) e modernas do samba-dança-batuque, desde os versos improvisados à tendência de estruturação em forma fixa de canção, e que era cultivado inicialmente apenas por velhos conhecedores dos segredos do samba-dança mais antigo, o que explica o próprio nome do partido-alto (equivalente da expressão moderna "alto-gabarito"). Inicialmente caracterizado por longas estrofes ou estâncias de seis e mais versos, apoiados em refrões curtos, o samba de partido-alto ressurge a partir da década de 1940, cultivado pelos moradores dos morros cariocas, mas já agora não incluindo necessariamente a roda de dança e reduzido à improvisação individual, pelos participantes, de quadras cantadas a intervalos de estribilhos geralmente conhecido de todos".( MARCONDES, Marcos Antônio. Enciclopédia da música brasileira - erudita, folclórica e popular. 1. ed. São Paulo).


Poeticamente e com toda a licença que a poesia nos permite, " O meu beijo é doce, doce e mais nada ..." 

(Invernada - Rancheira) Cd: Na Boca do Povo. É assim que nos sensibilizamos com o homem sertanejo, aquele que compõe a paisagem do Nordeste Folclórico Brasileiro. 
Rancheira é um estilo musical brasileiro, originada no meio rural. Apresenta variações regionais, sendo as mais importantes a Rancheira Gaúcha, com marca da influência do ritmo do Norte argentino, e a Rancheira Sertaneja, originada no Sudeste do Brasil, mais especificamente no interior paulista, com influência de ritmos bolivianos e paraguaios.
A Rancheira é também o nome da forma de dançar (bailar) que é adequada à música.
(Wikipédia). 

Rancheira – Dança popular, de compasso ternário originaria da Argentina, comum no Rio Grande do Sul e mais tarde divulgada nos salões. Aurélio (Dicionario).

Preparem-se muitas emoções repartidas "Na Boca do Povo" e muitas Folias e Ritmias a serem colocadas na "Mala do Folclore" a caminho da estação "Cisca Fogo"! Agradecemos mais uma vez, vossa companhia e lembrando que está no nosso endereço sonoro, mais uma música do Cd Minha Terra  https://www.youtube.com/watch?v=O6ZB9Og47K4#at=11.  Até mais e aguardem o nosso próximo Post. 


foto arquivo pessoal


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O Ritmo Samba na "Boca do Povo" !




Boa tarde Amigos! juventude inteligente, senhores e senhoras que acompanham nossas publicações, hoje estamos aqui para apresentar o ritmo Samba. Nascido, alguns, de Folguedos Religiosos, outros não . Samba Raiado -  No “Samba do Partido Alto” ,em roda, depois de cada estrofe, um dos dançadores, que são chamados “raiadores”, sai a dançar. As mulheres dançam o “Miudinho”. Cada dançador, partindo dos instrumentistas, dá duas voltas na roda e termina com uma “umbigada”. Outra estrofe é cantada e, depois dela, o elemento que recebeu a “umbigada” sai a sambar. Assim por diante. Os “raiadores” exibem todo seu talento coreográfico nos solos. Há acompanhamento de palmas além dos instrumental. O autor  cita entre os instrumentos: violões, cavaquinhos, flautas, pandeiros, pratos de mesa e faca.
( Renato Almeida – Historia da Musica Brasileira).                                                                                                                                                   
O Samba Raiado foi um sub-gênero musical do Samba trazido à cidade do Rio de Janeiro pelas "tias baianas" no início do século XX. Era uma variante do Samba-de-Roda e era sempre acompanhado por palmas e pelo ruído forte e estridente de pratos de louça raspados com facas de metal (...). Existem algumas controvérsias sobre o termo samba-raiado, uma das primeiras designações para o Samba. Sabe-se que o samba-raiado é marcado pelo som e sotaque sertanejos/rural baiano trazidos pelas tias baianas ao Rio de Janeiro. Segundo João da Baiana, o Samba Raiado era o mesmo que Chula Raiada ou samba de partido-alto. Já para o sambista Caninha, este foi o primeiro nome que teria ouvido em casa de tia Dadá. Na mesma época, surgiram o samba-corrido — que possuía uma harmonia mais trabalhada, mas ainda com o sotaque rural baiano – e o samba-chulado, mais rimado e com melodia que caracterizariam o samba urbano carioca.

(MARCONDES, Marcos Antônio. Enciclopédia da música brasileira - erudita, folclórica e popular. 3. ed. São Paulo).

Vejam vocês amigos, na canção "Capoeira ",  de nosso Cd Na Boca do Povo o Samba de Roda saúda as rodas de Capoeira da Bahia do Séc. XX .
Samba de Roda – O Samba de origem africana, em seus primórdios era executada em roda, com bailarinos solistas, como o Batuque e com êle confundia-se. Com o passar dos anos, foi sofrendo modificações e, em cada estado do Brasil onde é encontrado, apresenta caracteristicas próprias. Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo são os estados em que o Samba apresenta aspectos marcantes e modalidades mais conhecidas. A Bahia, especialmente, dado a acentuada influência africana, possui variações mais ousadas e policrômicas. Dentre elas destacam-se o “Samba da Chave”, o “Bole-Bole” e o “Samba de Partido Alto”, cujas coreografias já foram observadas e reveladas, além dos Sambas: Corrido, Batido, Chulado, Letrado, Bate-Bau, Balaio, Bahiano.
(Giffoni, Maria Amelia Correia – Danças Folclóricas Brasileiras, pag. 233).

 O “Samba de Roda” em Caçapava.(1918 e 1922) iniciava-se, com desafio entre dois violeiros durante o qual notava-se “Passes de viola, isto é, acrobacias feitas com os proprios instrumentos”. Depois daquele seguia-se a parte coreografica. Para inicia-la  um cantador lançava quadra ou distico os homens respondiam ao mesmo tempo que, batendo os pés, formavam um circulo cujo centro era ocupado pelos instrumentistas (que tocavam viola e caixa). Cantando pediam as mulheres que entrasse para a roda. Estas intercalavam-se no circulo dos homens, um atrás do outro (“Fila Indiana”). A roda progredia, dançadores gingando, com a mão na cintura ou no ombro de quem ia a sua frente.
( Lima, Rossini Tavares – 1954 – Melodias e Ritmos no Folclore de São Paulo ).  

Cornelio Pires relata que os sambadores formavam roda e requebravam “em trejeitos grotescos, cantando quadras amorosas, que são seguidas de coro”. As mulheres quando “tiradas” dançam com os “braços erguidos sôbre a cabeça, segurando um lenço em duas pontas em lânguidos meneios... requebrando roliços quadris”.(Sambas e Caterêtês – Cornelio Pires).

"No Estado do Rio era conhecida a Xiba, considerada designação regional dada ao Batuque ou Samba. Alguns autores opinam pela origem Portuguêsa desta dança que teria sido adotada pelos negros brasileiros. Melo Morais Filho considera-o elemento nacional, que imperava absoluto e descreve-o naquele estado: “lânguido... buliçoso... bamboleado, macio, palmeado e, sapateado”. Recentemente, foi encontrado em Ubatuba(São Paulo) apresentando, tambem, palmeado e sapateado, além de canto. Formação em duas e quatro fileiras em roda." (Giffoni, Maria Amalia Correia – 1964 – Danças Folclòricas Brasileiras, pag 235).

O molejo do Samba Baiano, movido ao vapor do Reconcavo. É com alegria que o ritmo na música "O Vapor" do Cd Na Boca do Povo, traduz o Samba Bahiano -  Os “Sambas Bahianos” no geral, tem feição de concurso e procuram evidenciar o melhor dançarino. Os nomes extravagantes que recebem provêm de detalhes observados em suas coreografias e se relacionam, também com o texto dos versos. Além de incluir a “Umbigada” e três passos fundamentais: “Corta-a-Jaca”, “Separa-o-Visgo” e “Apanha-o-Bago”. Dos quais não se conhecem pormenores. Ainda são considerados elementos fundamentais na execusão do “Samba Bahiano” o “Miudinho” e “Vamos Peneirar”. Os Cantos quase sempre, são tirados por um Cantor e com menor freqüência pelos dançarinos solistas. A roda responde em côro. A forma verso e refrão é a mais comum. Quando não há refrão para o côro o “Samba” é denominado “Samba-Corrido”. Entre os instrumentos notados no “Samba-Bahiano” cita-se: violões, chocalho, pandeiro e mais raramente acrescem-se castanholas e berimbaus de boca.
(GIFFONI, Maria Amália Correia – Danças Folclóricas Brasileiras. Pag  234).

É senhores e senhoras, que estrada maravilhosa, a de nossa Cultura Popular, nossas Folias e Ritmias. É animador partilhar com vocês e sintam-se à vontade para trocarmos conhecimento. Antes de despedir-nos, queremos lembrar que estamos preparando nossa agenda para continuar nossa viagem, mas a estação Na Boca do Povo ainda despacha ritmos da nossa "Mala do Folclore". Ah! e atenção ao nosso endereço sonoro  https://www.youtube.com/watch?v=QSNJ-xQex8U. Então, obrigada a todos sempre!. Até breve.


Arquivo pessoal
Ficha Técnica

Ao Canto e Afoxé : Ana Maria    

Ao Canto e Violão: Matias Moreno
Autor e Compositor: Matias Moreno

Gravado com o quarteto do Studio Corsário: Percussão: Zé Ferrete
                                                               Sax: Daniel Victor 
                                                               Teclado: Cézar Tulio
                                                               Viola Sertaneja: Luiz da Viola

Gravação: Miguel Rohffaman
               Dailton Santana

Mixagem: Dailton Santana
Capa: José Raimundo M. Rocha / SB
Realização: Dominique
         




                                                                                     
            

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Mala do Folclore na "Boca do Povo"!

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Estação " Na Boca do Povo "!

Chegamos Amigos, estação na "Boca do Povo", parada de Ritmos Nativos que durante esses dias de estrada compilamos nesta obra. Salta da "Mala do Folclore" o ritmo  Batuque- Os exploradores Portugueses, que conheceram o negro na África, chamavam Batuque aos tambores ou a dança. (Luis da Camara Cascudo- Dicionário do Folclore Brasileiro , pag. 95).  “Recebendo-nos com a maior amabilidade não faltando Batuque (danças), caçadas e excursões.” (H. Capelo e R. Ivens, DE BANGUELA ÀS TERRAS DE IACCA. I, 56, Lisboa, 1881).
"Com o nome de Batuque ou Batuque - Boi há uma luta popular, de origem Africana, muito praticada nos municípios de Cachoeira e de Santo Amaro e Capital da Bahia, uma modalidade de Capoeira. Executam-na ao som do Pandeiro, Ganzá, Berimbau e Cantigas. A tradição indica o Batuque-Boi como de procedência Banto, talqualmente a capoeira cujo o nome Tupi batiza o jogo atlético de Angola".  (Câmara Cascudo - Dicionário do Folclore Brasileiro)

Singularidades Africanas que outrora fora discriminadas,no entanto hoje, reconhecidamente, fazem parte de nosso magnifico Cabedal da Música Folclórica. Conheceremos a releitura do ritmo Umbigada - “A pancada com o umbigo nas danças de roda, como um convite intimatório para substituir o dançarino solista, tem a maior documentação para dizer-se de origem africana. Em Portugal ocorre no Fandango e no Lundu, como uma Invitation a La Dance, como vemos na Punga do Maranhão. Nos Cocos de Roda ou Bambelôs e em certos sambas”. Luiz da Camara Cascudo (Dicionário do Folclore Brasileiro, pag. 627).
“Um homem ia para o centro da roda e dançava minutos, tomando atitudes lascivas, até que escolhia uma mulher, que avançava repetindo os meneios não menos indecentes, e este divertimento durava, as vezes, até o amanhecer. Henry Coster (Viagens ao Nordeste do Brasil, pag. 316, Brasiliana, São Paulo, 1942).

 E fechando o Post  ,  reiventando-se no olhar e na tradição do povo Brasileiro, o Ritmo Nativo  Lundu - Foi em Portugal o doce Lundu Chorado de que fala Nicolau Tolentino. Dança irresistível, e confundida com o Samba e a Chula Portuguesa, já era tradicional em Portugal no séc. XVI. Rodney Gallop (Portugal, pag.252).  "Informa que El Rei D. Manuel I (1495 – 1521) proibira o Lundum: “Under King Manuel I , a law was promulgated proscribing batuques, Chrambas and Lundum, and accounts of contemporary travelers leave little doubt of their character”.
 O prestigio do Lundum em Portugal, durante o reinado de D. José e de D. Maria I, dispensa explicação, para evidenciar sua presença nos salões brasileiros, como já o era entre o povo em geral". Luiz da Camara Cascudo. (Dicionário do Folclore Brasileiro, pag.365, Natal, 1954).  



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Enfim muito obrigado Amigos! pela atenção e nos aguardem. Próximo encontro estaremos abrindo a " Mala do Folclore " e tirando mais três singularidades do Grandioso Samba. Estamos felizes em voltar! Até breve.