segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A Estrada Real se apresenta.








Aqui estamos em frente à Ferrovia da Cidade de Senhor São Felix , em direção à cidade de Cruz das Almas, ao encontro de amigos. Enfim, estamos nos despedindo do Porto Lua Cheia e a Mala do Folclore sobe o morro se enchendo de expectativas e nos deixando os Ritmos Choro Canção, Canção do Cais e Serenata. 



Choro-Canção – Como varias expressões do nosso populário teve logo a forma diminuitiva de Chorinho. O Choro é carioca. Veio da Cidade Nova, por volta do meado do século passado, e depois se tornou coisa muito nossa. Antigamente era comum ouvi-lo pelas noites afora, passeando pelas ruas, em intermináveis serenatas. Os Choros tocavam musicas populares comuns, a que depois deram um traço próprio e uma expressão típica, foi um dos fatores que mais contribuíram para fixação dos elementos da musica carioca. Se, em geral, é sentimental, muitos são alegres, espevitados, como aquele magnífico Apanhei-te Cavaquinho, de Ernesto Nazareth. A modulação do Choro foi sempre curiosa, passando do modo maior para o menor e volvendo ao maior, ou vice-versa, variando sempre o modo nas suas três partes, não tinha canto. Há alguns anos, porém, começaram a aparecer letras para os Choros e a dividi-los em duas partes apenas, e assim já os há numerosos.
(Renato Almeida, HISTORIA DA MUSICA BRASILEIRA, pag. 112). 

 Canção do Cais – “Os negros e os mulatos que têm suas vidas amarradas ao mar têm sido a minha mais permanente inspiração. Não sei de drama mais poderoso do que o das mulheres que esperam a volta, sempre incerta, dos maridos que partem todas as manhãs para o mar no bojo dos leves saveiros ou das milagrosas jangadas. (“...) Tratei desses motivos porque nada mais sou que um homem do cais da Bahia, devoto eu também de Yemanjá, certo eu também que estamos todos nós nas suas mãos, rogando-lhe que não envie os ventos da tempestade, que seja de bonança o mar da minha vida”.
(Dorival Caymmi, na introdução de CANCIONEIRO DA BAHIA) 

Serenata - É o canto e música instrumental executados ao sereno, ao ar livre diante da casa de quem dedica a homenagem. Tínhamos as Serenatas amorosas, canções e modinhas entoadas á porta da namorada, como também as homenagens sociais, prestadas por um grupo que desta forma significava admiração. Até as primeiras décadas do Séc. XX a Serenata era uma instituição social. Nas noite de luar percorria as residências dos amigos, cantando e repetindo ceias, até o amanhecer. Mandava o protocolo que as portas e janelas estivessem fechadas e fossem abertas depois de cantada a primeira modinha. Todo o Brasil conheceu e usou a Serenata que de todo ainda não desapareceu. Um poeta norte-rio-grandense, Cosme Lemos, denominou seu livro de versos, Um Lugar na Serenata, por que fizera versos para ter direito de acompanhar os seresteiros na serra do Martins. O pernambucano Silveira Carvalho decidira:
                                        Quem ama pra dar provas
                                        Deve três cousas comprir:
                                        Tocar violão, fazer trovas,
                                        Havendo lua não dormir!
(...) Esses cantos diante da porta. Por todo o Sêc. XIX parte essencial da produção poética destinava-se ás Serenatas. Obrigatoriamente o único instrumento de sopro nas Serenatas era a flauta. Os demais, de cordas, o indispensável violão, os cavaquinhos, ás vezes o violino e depois o bandolim, solista, nos intervalos, melocomentando a modinha. Ao redor da Maioridade, 1840 em diante. Foi o domínio da Serenata. E as modinhas e canções dedicadas ao canto ambulatório e noturno são em números infinito. Tôdas as cidades, vilas e povoações tiveram suas glórias e possivelmente seus sucessores atuais. Como um testemunho de sua vitalidade, na lua cheia de setembro de 1951, ás duas horas da manhã, recebi em Natal a homenagem duma Serenata. Bandolins e violões veteranos, ressuscitando as velhas valsas sonorosas de meio século.
(Luis da Câmara Cascudo, DICIONARIO DO FOLCLORE BRASILEIRO, pags. 576 e 577. Rio de Janeiro – 1954).

“Prima nocte domum Claude, neque in vias / sub cantu querulae despice tibiae / et te saepe vocanti / duram difficilis mane”. Horacio, ODES ( III, X e VII ), Ad Asteriem

“When a Young man sees a girl whom He desires for a wife, He first endeavours to gain the good  Will of the parents; this accomplished he proceeds to Serenate, his ladylove, and will often sit for hours. Day after day, near her house, playing on his flute. (Bancroft, NATIVES RACES OF THE PACIFIC STATES. I, pag. 549)



                                     arquivo particular

Ficha Técnica :
Ao Canto e Afoxé : Ana Maria 
Ao Canto e Violão : Matias Moreno
Autor e Compositor : Matias Moreno

Violão Solista : Toninho Nascimento
Percussão: Bando do Bonfim, Sarmento, Bonfim, Jonathan e Sarmento Jr.
Violino : Mateus Costa

Estúdio : Belvedere
*Foto : Dalmo Oliveira

E assim nos despedimos Adeus Porto Lua Cheia! Breve estaremos na Estrada Real Estação Villa Velha ( Ramal Feira de Santana ).  
"... Como forma de retribuir a lealdade dos que lutaram na guerra de Independência da Bahia, o Imperador Dom Pedro II sancionou o Decreto Imperial n.º 1.242, de 16 de junho de 1865, estabelencendo que: "Autorisa o Governo a contractar com a Companhia, que se organisar, a construcção de uma via férrea, que poderá ser pelo systema tram-road, conforme fôr mais conveniente, entre a Cidade da Cachoeira e a Chapada Diamantina na Provincia da Bahia, com um ramal á Villa da Feira de Santa Anna (...)".1 2  http://pt.wikipedia.org/wiki/Estrada_de_Ferro_Central_da_Bahia )" .  

Visitem nosso endereço eletrônico : http://www.youtube.com/watch?v=kCM7K6Ew5Jw.




Nenhum comentário:

Postar um comentário