segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Porto Lua Cheia, saudades da Ribeira




Saindo da rota das águas pelo Porto Lua Cheia, pegamos a Mala do Folclore e subimos até o Recôncavo da Bahia. Passagem por Santo Amaro da Purificação, onde o "Samba Chulado" pediu passagem. Assim, junto com ele, nos acompanham os ritmos Cantoria - Romeira e Samba.

                                  
 
                                          Arquivo particular


Samba-Chulado – A Chula era a alma do Samba do Partido Alto fez a Modinha viver, é filho da Bahia, orgia de ritmos, ironias, surpresas, um que de selvagem. De primitivo, uma glorificação do passado. A dança bole com os nervos de muita gente recatada, a rapaziada perde a cabeça quando a Mulata, sapateando, dá os seis passinhos de estilo para entrar na roda, quando a Cabrocha dança um “Corta Jaca Miudinho” ou quando requebra num “Corta Coco Direitinho”.
                   
                    Os olhares lascivos da Sambadeira, mexem com os corações.
                    O Samba é próprio das festas em louvor aos santos do mês de junho, São Cosme, São Damião, nas festas da lavagem da igreja da Purificação , nas festas de casamento e batizados das roças e fazendas.
                     Em Santo Amaro (Bahia), varias mulheres se tornaram sempre lembradas pelo seu requebrado: Sinhá Aninha, Maria do Curuzú e Maria Pé no Mato, todas foram Porta Bandeira na lavagem de Nossa Senhora da Purificação. Maria do Curuzú residia numa das travessas da Rua Sinimbu, e o trecho ficou conhecido como “Beco do Curuzú”.
                     O Samba é uma exibição das qualidades individuais de cada dançarino. Cada qual mais apurado, mais entusiasta e as Crioulas com o seu maior remelexo. Os olhares lascivos da Sambadeira além de bulirem com o sentimento dos espectadores, produzem maior ou menor excitação nela própria.
                    Samba quer dizer adoração, queixume, súplica e desejo.
(Zilda Paim, Relicário Popular, pag. 56, Bahia, 1999.).


Cantoria-Romeira – Ato de cantar, a disputa poética cantada, o Desafio entre os Cantores do Nordeste Brasileiro.(...) “Admirável é que o tempo não lhes vença o ânimo nem apouque a admiração do povo. Continua como eram. Agora em menor porção mas sempre queridos cercados, cantando valentias, passando fome, vendendo folhetos, sonhando batalhas. Seu público não mudou. É o mesmo. Vaqueiros, mascates, comboieiros, trabalhadores de eito, meninada sem profissão certa e que trabalham em tudo, mulheres... Nas Feiras são indispensáveis. Rodeados como os camelôs nas cidades, de longe ouvimos a voz roufenha, áspera, gritante. Nos intervalos, o Canto Chorado da viola companheira. Perto cem olhos se abrem, contentes de ver mentalmente o velho cenário combativos de seus avós. Ninguém interrompe. Não há insulto. Pilhéria, a pilhéria dos rapazes espirituosos das capitais. Há silencio e ouvido atento”(...)
(...) “Os Portugueses trouxeram a tradição das Romarias para o Brasil. Não consta que os indígenas tivessem pontos de afluência religiosa e os africanos conheceram as Romarias depois de muçulmanizados.”(...)
(Luis da Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore Brasileiro, pags. 152 e 554, Rio de Janeiro, 1954.)


Samba – Samba - Duro é o Samba feito só para homens, com um ritmo quente de Batuque, sempre executado no final das grandes farras quando as Mulatas já se recolheram, e lá vai alta a madrugada !!!
                        Variadas são as formas do Samba: Samba Amarrado, Samba da Crioula, Samba do Partido Alto. Todos estes nomes significando os Sambas apresentados em recintos reservados para altas personalidades com as suas preferidas, este ritmo é acompanhado de violas que é seguido pelo bater das palmas. A Sambadeira dando o seis passinhos de estilo, entra na roda e vai ao pé da viola dá a Umbigada e o violeiro entoa uma Chula, terminada a Chula é que sai a outra Sambadeira.
                        As Chulas improvisadas, mexiam com os presentes ou fatos ocorridos ou ainda parte das pessoas.
                        Nunca vi Santo Amaro, de Lampião
                        Nunca vi mulher magra de cadeirão.
                        Formada a roda rufam os pandeiros, repinicam as palmas e o coro entoa o Samba. Vários são as músicas e versos.
                        É hoje sim você tem qui dá
                        Debaixo da rama do maracujá
                        Eu dou seu Zé, eu dou seu Zé
                        Umbigada na sua mulher.
(Zilda Paim, Relicário Popular. Pags. 56 e 59, Bahia, 1999).





                                              É amigos muitas emoções pela frente, aqui estamos no Porto Lua Cheia com a Mala do 
Folclore e suas sonoridades. Garantimos muitas emoções, até breve!. Não deixem de curtir nosso endereço musical.







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