segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Lua Cheia caminhos da Estrada Real.


Ocu baba  Ocu jerê.  Até mais Santo Amaro!

 Voltamos a cidade de Cachoeira ,riquíssima, vastíssima enciclopédia da Bahia. Alô Cachoeira da Bahia, nosso abraço , vem aí saltitando da Mala do Folclore os Ritmos Partido Alto, Toré e o Ritmo Choradinho.


Arquivo particular.




Partido Alto – nos seculos XVII, XVIII, XIX e até mesmo inicio do seculo XX não se fazia diferença entre “Sambadeira, prostituta ou vagabunda” para o homem: Sambador era um deflorador e desordeiro, impedindo com isto que muita gente de posição concorresse ao Samba, por suas pregações morais. Isto deu origem as rodas de samba, realizadas ás ocultas entre os senhores, as suas crioulas preferidas e esta realização temos o nome de Samba do Partido Alto.
 Para este tipo de Samba eram escolhidos os tocadores de maior recato e responsabilidade, evitando a divulgação e até o conflito de familia. A este tipo de Samba só assistiam os participantes com as suas favoritas. O ritmo era mais moderado e feito ao som das violas e pandeiros esta modalidade apresenta algumas alterações.
Enquanto os tocadores e cantores entoam a Cantiga a Sambadeira não vai ao centro da roda, quando para a Cantoria, ouve-se somente o som das palmas e da viola, a Sambadeira vai ao centro da roda, rodopia, sapateia e vai para o pé da viola onde dança de frente para o violeiro, dizendo-se que ela “amarrou o Samba”. Depois de um longo repinicado ela vira as costas ao violeiro e assim desamarrou  do Samba e o coro começa novamente a cantar enquanto é dada a Umbigada.     (Zilda Paim, Relicario Popular, Pag. 55, Bahia, 1999).

Tore - Os tupinambás se prezam de grandes músicos, e, ao seu modo,cantam com sofrível tom, os quais têm boas vozes; 
mas todos cantam por um tom, e os músicos fazem motes de improviso, e suas voltas, que acabam no consoante do mote; 
um só diz a cantiga, e os outros respondem com o fim do mote, os quais cantam e bailam juntamente numa roda, na qual um tange um tamboril,em que não dobra as pancadas;
 outros trazem um maracá na mão, que é um cabaço, com umas pedrinhas dentro, com seu cabo por onde pegam;
e nos seus bailes não fazem mais mudanças, nem mais continências que bater no chão com um só pé ao som do tamboril;
 e assim andam todos juntos à roda, e entram pelas casas uns dos outros; onde têm prestes vinho, com que os convidar; e às vezes anda um par de moças cantando entre eles, entre as quais há também mui grandes músicas, e por isso mui estimadas. Entre este gentio são os músicos mui estimados, e por onde quer que vão, são bem agasalhados, e muitos atravessaram já o sertão por entre seus contrários, sem lhes fazerem mal.
( Gabriel Soares de Souza,”Tratado Discritivo do Brasil em 1587”,(capitulo CLXII), pags 315 e 316.


Choradinho – ou Baião dança e canto popular, ao som da viola e de outros instrumentos, derivado do Baiano. Conhecida também como Baiano ou Chorado. Esses nomes também se aplicam ao pequeno trecho instrumental que os contendores executam nos Desafios para dar tempo ao adversario de preparar a sua resposta.
(Silvio Romero)

Choradinho – (...) “ nem todos, porém, a compartem. Baldos de recursos para se alongarem das rancharias, agitam-se, então, nos Folguedos costumeiros, encouraçados de novo, seguem para os Sambas e Cateretês ruidosos, os solteiro,famanazes no Desafio, sobraçando os machêtes, que vibram no Choradinho ou Baião, o os casados levando toda a obrigação, a familia. Nas chopanas em festa recebem-se os convivas com estrepitosas salvas de ronqueiras e como em geral não há espaço para tantos, arma-se fora, no terreiro varrido, revestidos de ramagens, mobiliado de cepos, e troncos, e raros tamboretes, mas intenso, alumiado pelo luar e pelas estrelas o salão do baile. Despontam o dia com uns largos tragos de aguardente, a teimosa, e rompem estrídulamente os sapateados vivos.
                           Um cabra destalado ralha na viola. Serenam em vagarosos maneios, as Caboclas bonitas. Revoluteia, brabo e corado o sertanejo moço.
                            Nos intervalos travam-se os desafios.
                            Enterreiram-se, adversarios, dois Cantores rudes. As rimas saltam e casam-se em quadras muita vez belissimas.
                            Nas horas de Deus, amém
                            Não é zombaria, não !
                            Desafio o mundo inteiro
                            Pra cantar nesta função !
                           O adversario retrunca logo, levantando-lhe o ultimo verso da quadra:
                           Pra cantar nesta função
                           Amigo, meu camarada.
                           Aceito teu desafio
                           O fama deste sertão !
                           É o começo da luta que só termina quando um dos bardos se engasga numa rima dificil e titubeia, repinicando nervosamente o machete, sob uma avalanche de risos saudando-lhe a derrota. E a noite vai deslizando rápida no Folguedo que se generaliza. Até que as barras venham quebrando e cantem as sericóias nas ipueiras, dando o sinal de debandar ao agrupamento folgazão.
                          Terminada a festa, volvem os vaqueiros á tarefa rude ou á rede preguiçosa.”(...)
(Euclides da Cunha, OS SERTÕES, pags. 228 e 229), (Lendas e Canções, “Quadras”, Juvenal Galeno.)

Estamos a vontade para fazer o nosso mapa, o qual nos leva a Estrada Real. E vamos que vamos! Voltaremos ao Trem de Ferro, para caminhar na "Feira de Santana" com a Mala do Folclore. Obrigado a todos e visitem nosso endereço eletrônico: 


Arquivo particular
Ana Maria autografando "Boa Viagem" (Cachoeira-Ba.)
  
Arquivo Particular
Matias Moreno autografando "Brasiliana Folias e Ritmias"  (Cachoeira-Ba.)




       





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