domingo, 13 de abril de 2014

Chegamos Folha da Mata!


Agora aos descansos, estamos fechando nosso Mapa. Pois adensaremos nossas informações junto com a Mala do Folclore que continua surpreendente e nos presenteia com o frescor melodioso das Folias e Ritmias, e a suave brisa nas poesias do Folha da Mata. Aproveitemos os ritmos Samba-Jongo, Marchinha-Caipira, Congada.    






SAMBA-JONGO – (...) “De origem africana o Jongo mantém para os seus grandes bailadores a fama de feiticeiro, sabedores de segredos mirabolantes e poderes mágicos. O Jongo é cantado por um ou mais solistas, e respondido o refrão pelo côro. Os tambores têm nomes de Tambu, Candongueiro e Gazunga, ocorrendo a Puíta e a Angóia, cestinha de vime com caroços ritmando e bailando. 
(Alceu Maynard Araújo, DOCUMENTÁRIO FOLCLÓRICO PAULISTA, pags. 31, São Paulo – l952).
  


MARCHINHA-CAIPIRA – Moças sentadas em bancos toscos, conversa com rapazes. Vão se levantando uma a uma, em atitude habitual, nascida do acanhamento típico dos nossos caboclos. Os pares se dispõem em grande roda, formação simples e primitiva. Para o centro da mesma convergem ora damas, ora cavalheiros, inspirados, talves, na ascenção dos rojões que, geralmente, animam as festas rurais, algumas damas mais decididas dançam em solo no meio da roda, ao som de palmas repicadas dos cavalheiros.
                  Umas movimentam-se mais simplesmente, outras com maior desembaraço e graça, tirando o chapéu de um cavalheiro e dançando com ele ou dando a alguém a flor de seus cabelos, para buscá-la depois, com receio dos comentários... seguem-se figuras em que os pares movimenta-se de braços dados, com frentes opostas ou não. Como na Quadrilha, na Cana-Verde ou no Côco. Após, damas contornam os cavalheiros enquanto estes giram no lugar para depois acontecer o inverso, com se vê universalmente. Há durante a dança palmeado e sapateio à semelhança do Cateretê. Fandango, Recortado. Para encerrar, a dama gira embaixo do próprio braço, lentamente, o mesmo faz o cavalheiro, a moda gaúcha, e sem desfazer a roda. Todos dão a frente para a assistência e apóiam o calcanhar no solo, num gesto familiar.

(Maria Amália Corrêa Giffoni, DANÇAS FOLCLÓRICAS BRASILEIRAS, “e suas aplicações educativas”, pags. 327, São Paulo – 1964).




imagem da internet
Rugendas
                                  

CONGADA – Congos, Congados, Congadas. Autos brasileiros de assuntos africanos, especialmente reminiscências da rainha Njinga Mbandi de Angola, falecida a 17 de dezembro de 1663. O tema essencial é a Embaixada da rainha Ginga a um potentado negro. Às vêzes Henrique rei Cariongo, nome que recorda uma das circunscrições de Luanda, e que outrora foi sobado independente. O enredo referir-se-ia a uma luta entre a guerreira Ginga e um soba de Cariongo. Transformado em rei, e não um rei do Congo. É auto popular em todo o Brasil, tendo variantes onde desaparece a rainha e figura sempre um embaixador, que luta e vence o rei local. Noutras regiões o príncipe vencido e morto é ressuscitado pelo feiticeiro, e tudo acaba em dança e canto. Auto recordador de guerra, essencial é a movimentação das armas e as cantigas de excitação. O processo de convergência leva para o CONGOS versinhos de vinte procedências, trecho de Modinhas, idiotismo, etc. Melo Morais Filho registou o CUCUMBI baiano, uma variante de importância para o estudo geral do auto (FESTAS E TRADIÇÕES POPULARES, Cucumbi). Comentando e anotando o citado volume de Melo Morais Filho (Ed. Briguiet, Rio de Janeiro, 1946) escrevi: “os chamados na Bahia CUCUMBIS, CONGOS no norte e CONGADA no sul do Brasil, são autos populares negros, somas de danças, de episódios desirmanados, convergidos, meio arbitráriamente, num só enredo. Específicamente, como os vemos ou lemos no pais, não existem no continente africano. Pelo menos não foram registados pelos viajantes ou estudiosos do folclóre e etnografia africanas. De modo geral podemos dividir a colaboração dos autos negros nas danças dramáticas brasileiras em três grupos: a) danças e cantos pela coroação dos reis do Congos, já existentes em 1711, coroados nas igrejas, com cerimonial exercendo autoridade tradicional entre seus companheiros; b) danças e cantos interpretativos ou narrativos de fatos históricos ou tradicionais na África, ligados pela memória comum e executados quando das festas religiosas católicas, Nossa Senhora do Rosário ou São Benedito, tais como as historias guerreiras da rainha Ginga de Angola, a derrota de Henrique, rei Cariongo, matanças de príncipes, embaixadas desafiadoras etc.; c) bailes de reconstituição social, como os maracatus pernambucanos. Em todas as fases há o poderoso sincretismo religioso e social, fazendo predominar as reminiscências tribais, heroísmo ou tragédia, os cantos comuns, uníssonos e as arengas intermináveis, tão ao sabor africano. Os instrumentos são todos tipicamente de percussão.” Quando ao enredo os Cucumbis diferem dos Congos. Para o norte não há feiticeiro ressuscitando príncipe e sim este morrendo ás mãos do embaixador da rainha Ginga, indo prisioneiro o velho rei. No registo de Melo Morais Filho é um caboclo (indígena) o matador do príncipe que volta a viver e há uma guerra entre os dois partidos, o Cucumbi se espalhou para o sul. O Congo recolhido por Pereira da Costa termina em festas e pazes entre o embaixador e o rei. Em São Paulo, informa-me de Atibaia o Sr. João Batista Conti, não há morte do príncipe e intervenção subseqüente do feiticeiro e sim uma guerra entre o rei e um general invasor, que é derrotado e batizado, lembrando as Cheganças. Em Goiás o Congado é uma embaixada da princesa Miguela ao rei seu primo que recebe com armas o enviado e depois de breve escaramuça o proclama duque e mirante-mor. Os Maracatus são desfiles pomposo dum soberano negro com sua corte, bichos, totens, a umbela muçulmana rodando sempre, ornamental e privativa dos reis. Ostentação magnífica do movimento e côr. Seguido de Cantigas com ou sem ligação com os personagens. As representações do rei de Congo eram comuns em Portugal e Teófilo Braga, citando João Pedro Ribeiro, refere a festa de Nossa Senhora do Rosário no Porto: “Acabou, porem, já no Porto outra mascarada, em que se representava a Côrte del Rei de Congos, com seu rei e rainha e imaginaria côrte, com que os pretos se persuadiam render culto á sua padroeira a Senhora do Rosário, função muito apreciada dos rapazes, e que durava três dias de Julho” (O POVO PORTUGUÊS NOS SEUS COSTUMES, CRENÇAS E TRADIÇÕES, II, 313, Lisboa, 1885). Bibl.; Pereira da Costa, FOLCLORE PERNAMBUCANO; Gustavo Barroso, AO SOM DA VIOLA; João Nogueira, OS CANTOS (Revista do Instituto do Ceará, XLVIII, 89, Fortaleza, 1934); Mario de Andrade, OS CONGOS, na Revista “Lanterna Verde”, nº 2, Rio de janeiro, l935; Renato Almeida, HISTORIA DA MUSICA BRASILEIRA, segunda Ed. e a versão do Congo de Goiás, recolhido por este mesmo escritor em Goiânia e publicada em Dom Casmurro, 11 e 13 de junho de 1942, Rio de Janeiro; Artur Ramos, O FOLCLORE NEGRO DO BRASIL, Rio de Janeiro, 1935. Em LITERATURA ORAL examinei mais lentamente os autos e reminiscências negras no Brasil. Para as “Congadas” no Rio de Janeiro colonial. Luis Edmundo. O RIO DE JANEIRO DO TEMPO DOS VICE-REIS, l85, Rio de Janeiro, 1932.

(Luis da Câmara Cascudo, DICIONARIO DO FOLCLORE BRASILEIRO, pags. 191 a 194, Rio de Janeiro – 1954).



Foto by Ana Maria






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