domingo, 11 de maio de 2014

BOA VIAGEM para todos!




arquivo particular


BATUQUE – “A luta mobilizava um par de jogadores, de cada vez. Estes, dado o sinal, uniam as pernas firmemente, tendo o cuidado de resguardar o membro viril e os testículos. Havia golpes interessantíssimos, como a Encruzilhada, em que o atacante atirava as duas pernas contra as pernas do adversário, a Coxa Lisa, em que o lutador golpeava coxa contra coxa, seguindo o golpe com uma Raspa. E ainda como o Baú, quando as duas coxas do atacante davam um forte solavanco nas do adversário, bem de frente. Todo o esforço dos lutadores era concentrado em ficar em pé, sem cair. Se. Perdendo o equilíbrio, o lutador tombasse, teria perdido, irremediavelmente, a luta. Por isso mesmo, era comum ficarem os Batuqueiros em Banda Solta, isto é equilibrados numa única perna. A outra no ar, tentando voltar á posição primitiva”. 
(Édison Carneiro, NEGROS BANTOS, Cap. X, pags. 164, Rio de Janeiro – 1937).





BANZABÊ – Todos os Cronistas Coloniais descrevem o Bailado Indígena em círculos, com pancadas de pé, e Canto. Nas Danças Secretas, preparatórias para a guerras ou grandes expedições de colheita, os Pagês, Feiticeiros religiosos, ficavam no meio do círculo de Dançarinos emplumados, e iam soprando baforadas de tabaco, aroma excitador, hálito de deuses animadores. Não tivemos documentos de uma Dança solista do Page, Dança-Oração, cada atitude expressando súplica, dentro dos ritmos dedicados á divindade. 
(Luis da Câmara Cascudo, DICIONARIO DO FOLCLORE BRASILEIRO, pags. 226, Rio de Janeiro – 1954).





BANZABÊ - O Cantor principal carregava um bastão no qual havia um chocalho de pequi amarrado, que era percutido no chão durante toda a performance, fornecendo o pulso rítmico das músicas. Em algumas sessões um dos ajudantes também trazia um bastão de ritmo. Ao entrarem nas casas, posicionavam-se em “linha” de frente para a porta principal da casa (a que está voltada para o centro da aldeia). 
(Maria Ignez Cruz Mello, MÚSICA E MITO ENTRE OS WAUJA DO ALTO XINGU, pags.116, Florianópolis – 1999).





Foto by Ana Maria




SAMBA DE TERNO – (...) ”Na Bahia, os Presepes, os Bailes de Pastoras e os decantes de Reis, prolongam-se até o Carnaval. – È o tempo das mangas, das músicas e das mulatas!
                                     Dessa noite em diante, os Cantadores de Reis percorrem a cidade cantando verso de memória e de longa data.
                                     Esses Ranchos compõem de moças e rapazes de distinção; de negros e pardos que se extremam, ás vezes, e se confundem comumente.
                                     Os trajes são simples e iguais: calça, paletó e colete branco, chapéu de palha ornado de fitas estreitas e compridas, muitas flores em torno, etc,; as moças, de vestido bem feitos e alvos, de chapéus de pastoras; precedendo-os na excursão habilíssimos tocadores de Serenatas.
                                      Levando-lhes talves vantagem pelas ondulações do andar, pelo arredondado das formas lascivas. Pelos dentes de pérolas em bocas de ônix, ou orvalhos matinais nas rosas do amanhecer, as crioulas e mulatas acompanham os seus pares, tremendo-lhes o seio por baixo de um nevoeiro de rendas finíssimas, estalando a chinelinha preta e lustrosa, atirando com negligência o pano da costa, matizado e caríssimo.
                                      Mulheres e homens, meninos e meninas, batem ao compasso da música. Leves pandeiros, ou tocam, nas mãos entreabertas e suspensas, castanholas que atroam.
                                      Destoando do concerto magnífico, lá cresce o Rancho dos Bucumbis, que são negros e negras vestidos de penas, rosnado Toadas Africanas, e fazendo bárbaro rumor com seus instrumentos rudes.
                                     Dos Bucumbis não sabemos o rumo.
                                     Os Ranchos, ao fogo dos archotes, ao som das frautas e violões, dos cavaquinhos e pandeiros, das Cantorias e castanholas dirigem-se ao Presepe da Lapinha, as casas conhecidas em que se festeja o natal, ou tiram Reis á aventura do acaso.
                                     A partir das oito horas começam a desfilar os primeiros Bandos. Embora prevenidas, ás casas que os têm de receber conservam a porta fechada, não obstante os Dramas Pastoris e as Danças estarem em atividade.
                                     Chegando um deles ao ponto convencionado, á casa em que deve entrar, a música preludia o Canto, que rompe seguido de coros:
                                    
                                     Ò de casa, nobre gente
                                     Escutai e ouvireis,
                                     Lá das bandas do oriente
                                     São chegados os três reis. (...)

                                     Depois destas e de muitas outras Trovas Clássicas, a porta abre-se, o Rancho entra, e chegando ao Presepe, entoa novas Canções e novos acompanhamentos:

                                     Bravo, bravo, bravo !
                                     Hoje é quem brilha,
                                     O verbo humanado
                                     Deus de maravilha.

                                     E ficam ou seguem, depois de comer e beber do que se lhes oferece...(...).
(Melo Morais Filho, FESTAS E TRADIÇÕES POPULARES DO BRASIL, pags. 75 a 77, Rio de Janeiro – l946).

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