sábado, 5 de agosto de 2017

O Forte do Mar




                                                          O Porto. "Carybé"
                                   


O Forte no Levantamento de 1759. "Caldas" 



Fundação da Cidade de Salvador. "Carybé"



                                                    O FORTE DE SÃO MARCELO 

“Sua fama correu por todo o Brasil. Personagens ilustres presas no Forte de São Marcelo ou Forte do Mar como também era chamado de Fortaleza N.Sª. do Pópulo. Teve a sua origem em 4 de outubro de 1650 segundo alguns documentos de reforma do Forte. Segue abaixo os nomes ilustres presos na enxovia do Forte".

"Thomas Lindley – Preso em Porto Seguro por contrabando de Pau-Brasil em 1802.“Thomas Lindley, chega preso em Salvador no dia 26 de setembro de 1802, sendo recolhido dois dias depois com a sua esposa para os calabouços inferiores do Forte do Mar”. Esse Thomas Lindley, foi autor do livro: “Viagem ao Brasil” escrito em inglês em boa parte da obra ele narra o período em que ficou preso na Bahia”.

“O Forte de São Marcelo ou Forte do Mar, que é de forma circular, acha-se situado no meio do ancoradouro em bacia de areia, em frente do Porto da cidade, e que é notável principalmente por nela ter tremulado pela primeira vez na Bahia a Bandeira Nacional no memoriável dia 2 de julho de 1822.” (Fonte do livro: “Centenário – 1500 à 1900” parte escrita pelo general Fontoura Costallat, a propósito da organização militar, Exército e Armada, Milícia Cívica e Fortificações.)

Preso nesta Fortaleza de N.Sª do Pópulo, o revolucionário, lendário Padre Roma “figura principal da revolução de Pernambuco. Seu nome verdadeiro era Dr. José Inácio de Abreu e Lima. Foi fuzilado na manhã de 2 de março de 1817, no Campo da Pólvora depois Campo dos Mártires.”

“Também preso neste Forte, outro revolucionário gaúcho, Bento Gonçalves, teve fuga espetacular: Ao fugir, molhou às pólvoras, amordaçou e amarrou um vigilante e pulou para o mar, a noite, um barco pequeno estava a sua espera.”Foi comentado na época que a fuga de Bento Gonçalves a Maçonaria ajudou na fuga".

Vários estudantes relapsos, vindo dos Colégios dos Jesuítas e de outros estabelecimentos tradicionais da Bahia, mandavam irem presos por longos dias no Forte do Mar.”

“O maior de todos os revolucionários do Brasil, também foi preso na masmorra do Forte, seu nome era quase uma lenda viva: Cypriano José Barata de Almeida, nasceu em Salvador, no dia 26 de setembro de 1762 e faleceu em 1º de junho de 1838 no Rio Grande do Norte. ( foi preso várias vezes como conspirador, tendo sido um dos tenazes propagandista da Revolução de 7 de abril de 1798 – refere-se a Revolução dos Alfaiates.” ( Fonte do livro: “ A Margem da História da Bahia” – autor: Francisco Borges de Barros – Diretor do Museu do Estado (na época da publicação do livro na Bahia em 1934).

O Forte do Mar aderiu a Sabinada desde o inicio, e foi a derradeira posição dos revoltosos que a tropa Imperial ocupou na manhã de 16 de março de 1838”.

"Um dos chefes da Sabina, o mais importante Dr. Sabino Vieira, também ficou preso neste Forte, somente pouco tempo. Sendo transferido para a fragata Príncipe Imperial, prisão marítima".

“Em fins do século XVIII, conforme notícias de Vilhena, o Forte serviu de prisão dos estudantes relapsos e indisciplinados. Considerado o Forte a mais segura da cidade.”

"Preso neste Forte o Brigadeiro Carlos César Burlamaqui, governador de Sergipe, deposto pela Junta Governista da Baía, a qual pretendia reduzir aquela Província a subalternidade da Comarca em 1821".

"Preso o Capitão Poncio e um Padre Olavo, em setembro de 1823 por andarem espalhando panfletos “doutrinas perversas e mui perigosas”. disse: Aciolli, Amaral, II pp.95/96). 

"Preso por ordem do comandante do exército pacificador, coronel Joaquim José de Lima e Silva, o major João José da Cunha Fidué, que comandava a resistência portuguesa contra a nossa emancipação política do Piauí e no Maranhão. Sendo capitulado em Caxias do Sul em 1824.”

Preso neste Fortaleza, o administrador da “Imprensa Nacional, Francisco José Corte Imperial por crime de injúrias impressas a mando do brigadeiro Gordilho de Barbuda.. Foi também prisioneiro da bastida o coronel Antonio de Sousa Lima. Herói defensor de Itaparica na guerra de Independência.”

Preso no período de 1832 a 1833 o célebre agitador das massas, o “homem de todas as revoluções” Cypriano José Barata de Almeida, o famoso “Baratinha” como lhe era chamado. Foi hóspede forçado do propugnáculo.”

Preso em dois anos, o famoso general da “Farroupilha” Bento Gonçalves da Silva, cuja fuga sensacional está assinalada nas páginas da História Nacional.”

Preso num dos cárceres do Forte, um famoso desordeiro e valentão de colarinho e gravata, João José Alves. Individuo da laia daqueles que outrora o povinho denominava “branco estourado”. Por ordem do chefe de polícia da Província e futuro barão de São Lourenço, Francisco Gonçalves Martins, em 1856.”

Preso, já no fim do século, em 1890 o Brigadeiro Barão de Sergi, réu de crime comum.”

A História do Forte do Mar registra três casos de prisões coletivas. A primeira dos implicados na malograda Federação do Guanais. A segunda da Sabinada com cerca de trezentos dos seus partidários. A terceira, foi dos maiores culpados da Insurreição dos Malês, em janeiro de 1835.”

Foi preso o inglês Tomás Lindley, por contrabando de pau-brasil em Porto Seguro, estava recolhido ao Forte, em 1803, mas ficou poucos dias, transferido para o Forte do Barbalho e de lá, por ter muitas regalias, fugiu em um dos seus passeios, indo para a Espanha e de lá para a Inglaterra. Em seu relato, no livro de suas aventuras e impressos; “Narrativas de uma viagem ao Brasil”, descreve o interior do Forte, com minúcias. Já naquela época chamavam o Forte de São Marcelo ou Forte de Nossa Senhora Del Pópulo. Escreveram os cronista da época que, no caso de Tomás Lindley e Bento Gonçalves, “ que suas fugas tinham origens de fatos, na Maçonaria” outros não afirmam mas, não descartam a corrupção.”

"Fortaleza de São Paulo da Gamboa. Preso neste Forte o padre Roma, transferido do Forte de São Marcelo. Emissário dos revolucionários pernambucanos em 1817 e julgado, esquartejado e morto nesta cidade.”
(Fonte do livro: “Fortificações da Baía” – Autor: João da Silva Campos)

" A Fortaleza Nossa Senhora do Pópulo ou São Marcelo, vulgarmente conhecida como Forte do Mar, teve sua origem na Carta Régis de 4 de outubro de 1650, determinando “ quando convinha fazer-se um Forte no baixo surgidouro dessa Bahia”. Foi construído pelo Engº francês Brigadeiro Jean Massé com início em1714.

"A idéia de sua construção é do governador Conde de Castelo Melhor, que iniciou logo a obra, sob risco do engenheiro Francês Pedro Gorin. Foi continuado pelo Conde de Atouguia e pelos seus sucessores, parando a obra inúmeras vezes por falta de meios. Em fins do século 17 estava a obra concluída.”

(Fonte fornecedora: Conforme documento de Luiz Meneses Monteiro da Costa, Certidão de Nascimento da Fortaleza de Nossa Senhora Del Pópulo, que retifica nessa documentação, em Tese, tudo quanto se vinha repetindo sobre o célebre Forte.)

Note Bem : As declarações acima foram extraídas do livro: “Reise in Brasilieu” – Autores: Von Martius e Von Spix – Traduzido por Pirajá da Silva e publicado em 1916)

  




Forte de São Marcelo. "Lady Maria Callcott"
                                                                               




                                                   O Porto. "Carybé"




                                                 - Salão de Audição -
                                           

                             O Forte do Mar (Batuque). Álbum: Boa Viagem
                                         





            Ate Breve...  Amigos !!!  Muito Obrigado por Vossa Agradável Companhia.  





                                                                        







































terça-feira, 25 de julho de 2017

A Mata Virgem



                                  Indios Flechando Uma Onça. "Johann Moriz Rugendas"  


                                     

                          Paisagem na Selva Tropical Brasileira. "Johann Moritz Rugendas" 




         Arvore Gigantesca na Selva Tropical Brasileira. "Johann Moritz Rugendas".



                
                 “Depois que Itaquê ofereceu a Ubirajara o cachimbo da paz e com ele trocou a fumaça da hospitalidade, os Cantores entoaram a saudação da chegada:                                                                       

                  O hóspede é mensageiro de Tupã. Ele traz a alegria à cabana; e quando parte, leva consigo a fama do guerreiro que teve a fortuna de o acolher.
                 
                  Nas tabas por onde passa e na terra de seus pais ele conta aos velhos, que depois ensinam aos moços, as proezas dos heróis que viu em seu caminho e de quem recebeu o abraço da paz.

                 O hospede é mensageiro de Tupâ. Ele traz consigo a sabedoria; na cabana do guerreiro, que tem a fortuna de o acolher, todos o escutam com respeito.

                 Em suas palavras prudentes, os anciões da taba aprendem, para ensinar aos moços, os costumes dos outros povos, as façanhas de guerras desconhecidas por eles e as artes da paz que o estrangeiro viu em suas viagens.

                 O hóspede é mensageiro de Tupã. O primeiro que apareceu na taba dos avós da nação Tocantim foi Sumé, que veio donde a terra começa e caminhou para onde a terra acaba.

                 Dele aprenderam as nações a plantar a mandioca para fazer a farinha; e a tirar do caju e do ananás o generoso cauim, que alegra o coração do guerreiro.

                 O hóspede é mensageiro de Tupã. Quando o estrangeiro entra na cabana, o guerreiro que tem a fortuna de o acolher, não sabe se ele é um chefe ilustre ou o grande Sumé que volta de sua viagem.

                O sábio ensina, por onde passa, os segredos da paz. E o herói, as façanhas da guerra; mas ambos deixam na cabana da hospitalidade a glória de ter abrigado um grande varão.

               O hóspede é mensageiro de Tupã. Por seu caminho vai deixando a abundância e a festa; depois do banquete da boa-vinda as árvores vergam com os frutos e a caça não cabe na floresta.

               A cabana, que fecha a porta ao hóspede, o vento a arrança, o fogo do céu a abrasa, o guerreiro, que não se alegra com a chegada do hóspede, vê murchar ao redor de si a esposa, os filhos, as mulheres e as roças que ele plantou.

              Bem-vindo seja o estrangeiro na cabana de Itaquê, o grande chefe da nação Tocantim, que teve a glória de ser escolhido pelo hóspede.

           Os guerreiros exultam com a honra de seu chefe, o os Cantores te saúdam. Mensageiro de Tupã.

           Enquanto na cabana ressoa o Canto da boa-vinda, Jacamim, a esposa de Itaquê, chamou as amantes do marido, suas servas, para ajuda-la a preparar o banquete da hospitalidade.

           As servas pressurosas estenderam á sombra da gameleira as alvas esteiras de palmas entrançadas de airi; e colocaram sobre elas os urus cheios de farinha-d’água.

           Trouxeram também os camocins rasos onde se apinhavam as moquecas envoltas em folhas de banana, e peças de carne assada no biaribi, que ainda fumegavam nos pratos feitos de concha de tartaruga.

           Depois suspenderam a caça mais volumosa, veados e antas, assim com as igaçabas de cauim nos ramos inclinados da árvore, em altura que o braço do guerreiro pudesse alcançar.

           Frutas de várias espécies, pencas douradas de bananas, cachos roxos de açaí, os rubros croás e os fragrantes abacaxis, enchiam o jirau levantado no meio do terreiro".

(José de Alencar, UBIRAJARA “Lenda Tupy”. Págs.: 65 a 69, Rio de Janeiro, 1874).





Indios Coroados(Bororo).Sinal de Ataque. "Jean-Batiste Debret".




                                                                 

                                             Festa Nativa. "Teodor de Bry"



      
                      

                  
                                               - Salão de Audição -


                                  A Oca.(Banzabê) Àlbum: Boa Viagem  







                  

                         Até Breve... Amigos.... Obrigado pela companhia.     







  





                     
                 






 

sexta-feira, 14 de julho de 2017

A Volta da Cabocla

Johann Moritz Rugendas. (Famille indienne. Botocudos) 



José Maria de Medeiros. (Iracema)


“No Brasil, no início da colonização dos portugueses, vivia na Bahia, na cidade que seria chamada mais tarde de São Salvador, Diogo Álvares Correa. Ele era um “galaico-minhoto” (região da Galícia), que naufragou nas águas do mar tenebroso, próximo à Bahia de Todos os Santos, nos baixos de Maiririquiig (Maraquita). Salvou-se matando dois pássaros com um arcabuze, sendo reverenciado pelos indígenas como amássununga, que quer dizer entre outros: O Trovão, Caramuru, a grande moréia, o dragão que surgiu do mar, homem de fogo. 

Foi assim que em 1509 Diogo Álvares Correia, o Caramuru tornou-se uma grande liderança entre os tupinambás, e como presente do cacique, podia se deitar com as mais belas mulheres. Dentre elas, escolheu Moema, concebendo os primeiros mestiços, que seriam mais tarde denominados de “Brasileiros”. Alvares Correira transformou-se em um grande negociante de pau-de-tinta, talvez o primeiro comerciante brasileiro. Comercializava com os franceses, porque Portugal abandonara o Brasil, nessa época, tendo olhos apenas para o comércio africano. O forasteiro passava muitas horas com Moema e também se afeiçoou a ela. Aprendeu-lhe a fala, o dialeto tupi, e confidenciou-lhe os segredos do seu mundo, um lugar chamado Portugal. Dizia: Na terra de onde vim, em última partida da localidade de Lisboa, não há aldeias e sim cidades com muitas casas feitas de tijolos e pedras, com portas e janelas, trancas de ferro e outros objetos, inclusive um tipo de tocha que clareia as noites. “O local se chama Viana do Castelo e sou uma pessoa distinta e de destaque na cidade, assim com são aqui na Aldeia os guerreiros Piatã e Itapuã.”

Dessa forma, aos poucos, Diogo, entre beijos ardentes, muito amor, ensinou Moema, sua língua estrangeira. Diogo era muito paciente com Moema e contou-lhe toda a sua história de sua vida.

Tendo demorado a aprender o tupi, a decifrar os códigos da linguagem tupinambá, ele despendeu longos períodos para explicar-lhe como e quando ocorrera o seu nascimento em Viana do Castelo, como se processara sua formação cultural desde pequeno, suas idas e vindas aos colégios e como aprendera a ler e escrever pois, em sua terra, havia tinta e papel para elaborar documentos e livros. Moema foi aprendendo com Caramuru.

Moema ficava encantada com as palavras de Diogo, principalmente com a “cidade”. Como seria isso?

O amor entre o vienense a indígena ia muito bem. Entretanto, um dia a história mudou. Diogo, que ajudava a proteger os seus indígenas amigos de outros mais ferozes, foi chamado às pressas para auxiliar o Cacique Taparica da guerra com outros indígenas. Com seus arcabuzes e sua astúcia bélica, saíram-se vencedores.

A noite, para comemorar, o cacique dessa tribo, chamado Taparica, fez-lhe uma festa na Aldeia e lá pelas tantas, apresentou ao Caramuru a sua filha mais bonita, a linda Paraguaçu. Ela lhe disse: “Meu nome é Quaydim-Paraguaçu” e ele embasbacado: “Sou Diogo Álvares Correia”.

Os dois ficaram enebriados e imediatamente se casaram dentro da tribo. Depois da Lua de Mel, Caramuru voltou à aldeia de Piatã e levou consigo Paraguaçu, consciente de haver encontrado a mulher dos seus sonhos nas terras dos brasilíndios.

Quando chegou a aldeia, Moema, sua primeira grande companheira, viu a nativa bela e ficou muito triste. Percebeu que tinha perdido o seu amado. Diogo então, não deu a menor atenção a Moema e nem as suas amantes. Só tinha olhos para Paraguaçu.

Diogo e Paraguaçu fizeram amor a noite toda e no dia seguinte ele anunciou que daquele dia em diante ela seria a única mulher da vida dele, consciente dos muitos “pecados” que havia cometido com outras tupinambás.O tempo foi passando, e Paraguaçu foi conhecendo as outras mulheres da tribo, de linhagem mais nobre, ente elas Indaiá e Inaciara. Fez muitas amizades.

Moema ainda tinha esperanças de recuperar o amado. Certo dia foi em uma pajelança e o xamã assegurou-lhe que a alma de Paraguaçu seria levada para o mundo do Bem, e se distanciaria do português.

Diogo resolveu levar Paraguaçu para a Europa, em 1528, para conhecer seus costumes. Seguiram viagem no navio de um francês, Jacques Cartier, amigo de Diogo e que lhe recomendou que não tivesse mais do que uma mulher. Esse navio foi pilotado por Pierre Du Plesis de Savoières.

No momento em que o navio partiu rumo ao oceano, Moema, sem dizer nada, lançou-se desesperada na água e nadou com fortes braçadas perseguindo a embarcação, gritando o nome de Caramuru, até que as velas sumissem no horizonte. O mesmo aconteceu com a tupinambá, que seguiu seu destino para o fundo do mar, morrendo por amor”.

Arilda Ines Miranda Ribeiro. MULHERES EDUCAÇÃO NO BRASIL COLÕNIA: Historias Entrecruzadas

                      
                                            

  Victor Meireles. (Moema)

Johann Moritz Rugendas. (Indiens dans leur cabane)


"O Carro da Cabocla"



                         “A “Volta da Cabocla” para o Pavilhão da Lapinha repete o movimento de desmobilização do Exército Pacificador, após a vitória contra os Portugueses na Bahia, em 1823.
                           No retorno à Lapinha, os carros emblemáticos que carregam as imagens do Caboclo e da Cabocla, que são puxados pelo batalhão do “Quebra Ferro”, voltam carregados de pedidos, orações, oferendas, flores e presentes.
                          São as imagens uma representação dos homens e das mulheres baianas do povo. Que lutaram bravamente contra a dominação Portuguesa. Provocam curiosidade. e até mesmo veneração. As crendices populares em torno das imagens é tão forte que muitas pessoas colocam bilhetes com pedidos nos carros, fazem orações, tocando com as mãos as imagens, acreditando na realização dos pedidos feitos ao Pé da Cabocla.
                        Esculpido por Manoel Inácio da Costa, o Caboclo representa os índios e mestiços baianos que lutaram pela independência da Bahia contra as tropas Portuguesas, derrotadas no 2 de Julho de 1823.
                       Somente em 1840 ou 1849 (há controvérsias quanto à data precisa), é que surgiu a imagem da Cabocla, representando a índia Catarina Paraguassu e a figura feminina nas lutas pela independência. Já as rodas dianteiras do carro que conduz a imagem da Cabocla são as mesmas de uma das carretas que carregavam os canhões utilizados pelos Brasileiros contra os ataques Portugueses.
                     “As comemorações se iniciaram no dia 25 de junho, com o “Encontro”, na cidade de Cachoeira, do Caboclo e da Cabocla, esta oriunda da cidade de São Félix”.
(FGM)



Julio Simmonds. (O sonho de Catarina Paraguaçú)

Johann Moritz Rugendas. (San-Salvador)







-SALÃO DE AUDIÇÃO -



A Cabocla (Modinha). Àlbum: Boa Viagem




Até breve... amigos !!! 
obrigado por vossa companhia...










segunda-feira, 3 de julho de 2017

Festa na Bahia "Dois de Julho"






Carybé  "Batalha de Pirajá"



                                      O CORNETEIRO DE PIRAJÁ


Quando se proclamou a independência foi a Bahia que mais custou a sair do jugo de Portugal.
O general Madeira de Melo não quis obedecer ao governo brasileiro. Para ele o Brasil era uma propriedade dos portugueses e, portanto, aos por­tugueses devia continuar sujeito, sem nenhum direito de libertar-se.

E comandando grandes forças armadas, compostas de gente portuguesa, tomou conta da província e não consentiu que os baianos gozassem, como os outros brasileiros, da independência proclamada.

Aquilo feriu a fundo o coração dos patriotas da Bahia. Era pela força que Madeira queria impor o jugo de Portugal, só pela força a província proclamaria a sua liberdade.

E a Bahia inteira, a Bahia brasileira, pegou em armas para bater-se contra os inimigos da independência.

Foram penosos os primeiros encontros. Madeira é que tinha armas, munições, navios e dinheiro que lhe vinham constantemente de Portugal.
O governo brasileiro estava no momento cheio de dificuldades e quase não podia ajudar os patriotas baianos.

Os patriotas baianos, porém, defendiam-se e resistiam como leões.
A melhor maneira de vencer as forças de Madeira era encurralá-las de modo que não pudessem receber auxílios. Para isso os baianos formaram postos de ataque aqui, ali, além, por toda a região que na Bahia se conhece pelo nome de Recôncavo.

Um desses postos, justamente o mais forte deles, o mais destemido, aquele em que se reuniam os mais valentes defensores da terra baiana, era o de Pirajá.

Um dia, quando o general Madeira abriu os olhos, Pirajá estava embaraçando os passos do seu exército. O general não podia receber víveres e reforços: tinham-lhe sido tomados os caminhos de terra e mar.

Era necessário, portanto, destruir Pirajá o mais de­pressa possível.

E as forças portuguesas atiram-se contra o posto brasileiro.
É a 8 de novembro de 1822, antes de raiar a manhã.

Deve ser segura, infalível a vitória. As tropas de Madeira, além de bem armadas e mais numerosas, vão fazer o ataque de surpresa.

Está ainda escuro quando os batalhões inimigos de­sembarcam cautelosamente nas praias de Itacaranhas e Plataforma, ao mesmo tempo que, pelos outros lados, o grosso do exército avança rapidamente.

Quando as sentinelas baianas, colocadas em Coqueiro e Bate-Folha, percebem o avanço, não é mais possível fazer nada.

É ao clarear do dia que pipocam os primeiros tiros.
Pirajá inteiro ergue-se para a peleja.

Começa o combate. Madeira, em pessoa, dirige os seus corpos. O que ele pretende é investir por Itacaranhas para cortar a retaguarda dos brasileiros. Mas os nossos vão resistindo e resistindo heroicamente.

Uma hora inteira de fogo.

O general português, surpreendido com aquela resistência, ordena que novas centenas de soldados avancem. Mas os baianos não se deixam vencer.

Mais uma hora de fogo.
Os portugueses vão pouco a pouco conquistando o terreno.

Barros Falcão, que comanda os nossos, percebe claramente a vitória inevitável do inimigo. Mas é preciso lutar. E luta-se mais uma hora.

Madeira está inquieto com a resistência. Agora ordena a novos corpos que avancem em grandes massas. Mas o fogo das linhas brasileiras não cessa um instante.
Novos corpos investem contra os nossos.   Outra hora de peleja e de fogo.

Havia cinco horas que aquilo durava. Os portugueses tinham ganho tanto terreno que, em poucos momentos, os brasileiros estariam num círculo de balas.

Um minuto mais vai dar-se a ruína completa dos baianos. Não há mais resistência possível. Continuar a luta é sacrificar inutilmente centenas de vidas.

Barros Falcão, de um galope, percebe que chegou o momento de retirar-se. A dois passos está Luís Lopes, o cometa, que ele conservou sempre ao seu lado, esperando aquele instante desesperador.

—  Toque retirada!   ordena.
O cometa não se move.

—  Toque retirada, já lhe disse!   grita o comandante pela segunda vez.
O cometa vira-lhe as costas.

Barros Falcão avança de espada em punho para obrigar o insubordinado a cumprir as suas ordens, mas, nesse momento, Luís Lopes cola a cometa à boca e claros sons metálicos retinem nos ares.

O comandante agita-se, surpreendido. — Que é isso?  que é isso?

Não é o sinal de retirada que está ouvindo. É que a corneta está soprando loucamente no espaço é o sinal de “avançar cavalaria e degolar”.

Pararam todos, alarmados: o comandante, os oficiais, os soldados. Que cavalaria é aquela que aquele doido está mandando avançar?

No exército português é brutal a surpresa. É a confusão. E o pavor.

É a debandada louca.

Fogem todos alucinadamente daquela cavalaria que não existe.

Fogem todos, todos feridos por aquele toque de corneta que vale mais do que cinco horas de tiroteio, mais do que a própria voz dos canhões.

(Viriato Correia, MEU TORRÃO: Contos da Minha Pátria, Rio de Janeiro, 1953). 



                                                Carybé  "Batalha de Pirajá"


                         
                                                        Carybé  "Carnaval"

"As festas duravam uma semana. Começavam logo após o São João com os Bandos Anunciadores e tinham o seu apogeu na véspera do Dois de Julho quando a cidade se iluminava com as chamadas lanternas, espécie de gambiarras de candieiros e o povo percorria as ruas portando archotes. As tochas, os fogos de artifício, os bailes de mascarados no Teatro São João e em residências particulares e os arcos triunfais confeccionados com palmeiras e expostos em vários pontos de Salvador davam o tom do espetáculo."

"As festas do Dois de Julho no século XIX eram bem diferentes do que são hoje, mas sempre com expressiva participação popular. E o negro foi incorporado no préstito do desfile, mas como coadjuvante, através dos grupos de cocumbis, que um dia inspiraram os afoxés, com as suas danças marcadas por batucadas e que naquele tempo divertiam a elite baiana, com a sua ginga “extravagante”. Era um aspecto carnavalesco do desfile que incluía carroças puxadas por seis bois contendo alimentos para distribuição nas prisões."

(Nelson Cadena)




                                           
                                       Villa Velha (Chula). Àlbum: Villa Velha 

                                       
                                                             

                                                  - Salão de Audição -
                                          
                                                                            
                                https://www.youtube.com/watch?v=ZiZDIRwAjGc




                                Até breve... amigos !!! e obrigado pela companhia...