sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

LAGOA DA ONÇA (Ritmos Brasileiros)



                

                               

                                                       - Lagoa da Onça -

 

                                                           


O rancho e o cordão

De cucumbi... sorongo

E caxambu.

 

Vai levando...

O cariri

O pataxó

E o Kaimbé

 

O remanso

Vem... de longe

De Pirapora a Sento Sé

 

É a rainha do milho

Na quadrilha do sertão

É pau-de-sebo, quebra-pote

Olha o xote campeão.

 

Gado

Munge... no Curaçá

Em Cruz das Almas

Canudos e Uauá.

 

O Conde

Dos Arcos

Quer saber...

Quem é, a Zeferina.

 

Contaram

Que, naquele meteorito

Viajavam os rupestres

Que falavam em hieróglifos.

 

Bumba... bumba-meu-boi

Ninguém segura à velha

No forró do Pé da Serra.

 

Ali o siri

Corre no mangue.

 

Chorava, gritava... ria

Pisou no precipício

Rolou na memoria

Caiu... caia.

 

A alegria

Tomou conta da cidade.

 

A negra

Samba no jongo

No frevo-bahiano

E no batuque-canção.

 

Matias Moreno. LAGOA DA ONÇA. Álbum: Lagoa da Onça. “Ana Maria & Matias Moreno”. (Textos/Fragmentos). São Paulo – 1980 e Bahia – 1975, 2006, 2007, 2008, 2012, 2013.

 

 

 

                                                   


                                                        - PROGRAMA -

 

 

O Candongueiro. (Jongo).

O Pau Brasil. (Caiapó).

O Remanso. (Moda-de-Viola).

O Divino. (Baião).

O Giqui. (Toada).

O Terreiro. (Samba-Chula).

 

Lagoa da Onça. (Romance).

Pé da Serra. (Marcha-Junina).

Siri-Acú. (Canção do Mar).

Pisa-Pilão. (Embolada).

Rua Direita. (Marcha-Rancho).

As Pulseiras. (Batuque-Canção).




- SALÃO DE AUDIÇÃO -

Lagoa da Onça (Ritmos Brasileiros)







Foto: Elder Conceição







Foto: Elder Conceição





"Matinal, Matinê e Soirée"

- Cine ABC (Música Folclórica Brasileira) -

- YOU TUBE -





Forte Abraço... Bom Divertimento.
Até Breve...

Muito Obrigado !!!



 

 

 

 


 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

AS PULSEIRAS





 

                                                    - As Pulseiras -

 

 

 

A negra

Do umbu...

Do vatapá...

E do caruru.

 

A negra

Da muamba...

É, bamba...

No caxambu.

 

A negra

Do batuque...

Da macumba...

E do canjerê.

 

A negra

Do pano da costa...

Da saia rodada...

E do balangandã.

 

A negra

Dona da quitanda

Tem no tabuleiro

Cocada e acaçá.

 

A negra

Samba no jongo

No frevo-bahiano

E no batuque-canção.

 

Matias Moreno. AS PULSEIRAS. Álbum: Lagoa da Onça. “Ana Maria & Matias Moreno”. Bahia – 2022.

 

 

 

 

 

                                                  - PROGRAMA -

 

 

Batuque Canção – Dança com sapateado e palmas, ao som de cantigas acompanhadas só de tambor, quando é de negros, ou também de viola e pandeiro, quando entra gente mais asseadas, dizia Macedo Soares numa definição que se vulgarizou. Os instrumentos e percussão, de bater, membranofones, deram batismo à dança que se originou no continente africano, especialmente pela umbigada, batida de pé ou vênia para convidar o substituto do dançador solista.

                                  Batuque é denominação genérica por toda dança de negros na África. Nome dado pelo português. Com o nome especifico de batuque não há coreografia típica. Será propriamente a dança em geral, o ajuntamento para baile.

                                  Uma lei de D. Manuel proibia o batuque em Portugal quinhentista. O Major A. C. P. Gamito, que visitou a África Austral em 1831, cita os bailes populares. Cateco, Gondo, Pembera, “que só a pratica sabe distinguir”, mas já os chama a todos batuques: “ Êstes batuques duram até outubro. ”

 

Luís da Câmara Cascudo. DICIONÁRIO DO FOLCLORE BRASILEIRO. Págs. nº 94 e nº 95. Rio de Janeiro – 1954. 




- SALÃO DE AUDIÇÃO -

As Pulseiras. (Batuque-Canção).
Álbum: Lagoa da Onça.







Foto: Elder Conceição.







Arte: Mainara  //  Foto: Elder Conceição






- Em Cartaz -

Matinal, Matiné e Soirée.
Cine ABC 
"MÚSICA FOLCLÓRICA BRASILEIRA"

Y O U  T U B E



Abraços...
Até Breve !!!
Muito Obrigado, por "vossa visita".





 

sábado, 14 de janeiro de 2023

RUA DIREITA





 

                                                    - Rua Direita -

 

 

 

A rainha

Da primeira micareta.

 

Quem coroou

Foi seu Lôlô.

 

A alegria

Tomou conta da cidade.

 

Todos

Estão nas ruas.

 

Todos

Irão ao baile.

 

A colombina

Namorou o pierrot.

 

O arlequim

Cantou e dançou.

 

Aquela linda marchinha

Do nosso novo carnaval.

 

Matias Moreno. RUA DIREITA. Álbum: Lagoa da Onça. “Ana Maria & Matias Moreno”. Bahia – 2022.

 

 

 

 

 

                                                  - PROGRAMA -

 

 

Marcha-Rancho – A marcha carnavalesca, que se tornou música de dança, espevitada, maliciosa e brejeira, é excepcionalmente a nossa música alegre. Também carioca, iniciou-se com os cordões e os ranchos carnavalescos... depois a marcha se transformou, talvez por certas particularidades de ritmos, na que é, com o samba, a nossa música predileta de salão, vindos ambos do carnaval, embora haja marchas carnavalescas, que também se inspiraram nas de pastorinhas.

 

Renato Almeida. HISTÓRIA DA MÚSICA BRASILEIRA. Pag. 193. Rio de Janeiro – 1942. 




- SALÃO DE AUDIÇÃO -

Rua Direita. (Marcha-Rancho).
Álbum: Lagoa da Onça.







Foto: Elder Conceição.






Arte: Mainara. //  Foto: Elder Conceição.









Em Cartaz: "LIVE-TEMPORADA"
Cine ABC (Música Folclórica Brasileira)
 - Y O U  T U B E -





Ate Breve !!!

Muito Obrigado.

















 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

PISA-PILÃO





                                                    - Pisa-Pilão -

 

 

 

Á beira do precipício

Pisou o piso

Fundo calmo da mêmoria.

 

Ria... sou louco

Falam os loucos:

- Ela é, louca.

 

Ria... calma

Anágua, cambraia

E, ela ria.

 

Chorava, gritava... ria

Pisou no precipício

Rolou na mêmoria

Caiu... caia.

 

Pisa-Pilão...

Pilão gonguê.

 

Matias Moreno. PISA-PILÃO. Álbum: Lagoa da Onça. “Ana Maria & Matias Moreno”. Bahia – 2022.

 

 

 

 

                                                     - PROGRAMA -

 

 

Embolada – “Embora a coreografia seja em todos a mesma, existe uma variante enorme de tipos de côco, tomando suas designações dos mais diversos elementos; por exemplo: dos instrumentos acompanhante (Côco de Ganzá, Côco de Zambê); da forma do texto poético (Côco de décima, Côco de oitava); do lugar em que é executado ou a que o texto se refere (Côco de Usina, Côco de Praia); do processo poético-musical (Côco de Embolada). A forma dos Côcos é uma estrofe-refrão. O refrão ou segue a estrofe ou se intercala nela. Poéticamente, apenas o refrão é fixo, constituindo o caracterizador do Côco. As estrofes, quase sempre em quadras de sete sílabas, são tradicionais ou improvisadas. A estrofe solista em principal nos chamados especialmente Côcos de Embolada. Os Côcos obedecem geralmente aos compassos 2/4 ou C. Há também uma espécie de Côcos mais lentos e mais líricos, de ritmo muitas vezes bem livre, não destinados á dança, sendo englobáveis. Portanto, no gênero das Canções”.

 

Oneyda Alvarenga. (COMENTÁRIOS A ALGUNS CANTOS E DANÇAS NO BRASIL, “Revista do Arquivo Municipal”, LXXX, 219, São Paulo. 




- SALÃO DE AUDIÇÃO -

Pisa-Pilão. (Embolada).
Álbum: Lagoa da Onça.







Foto: Elder Conceição.







Arte: Mainara  //  Foto: Elder Conceição.





Bons "divertimentos" com os Reis Magos.
Até Breve !!!

Em Cartaz:
Cine ABC (Música Folclórica Brasileira)
(YOU TUBE)

Muito Obrigado... por vossa visita.





 

 

 

 

 

 

 

 


sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

SIRI-AÇÚ





                                                    - Siri-Açú -

 

 

 

Ali o siri

Corre no mangue.

 

Siri caxangá

Com o siri do mangue.

 

Siri branco

Com o siri nêma.

 

Siri da ponta

Siri boia

Siri-açú.

 

Sirirí rir

Do gereré.

 

No manguezal da ilha.

 

Matias Moreno. SIRI-AÇÚ. Álbum: Lagoa da Onça. “Ana Maria & Matias Moreno”. Bahia – 2022.

 

 

 

 

 

                                                  - PROGRAMA -

 

Canção do Mar – Guma suspendeu as velas do saveiro, puxou a âncora e aproveitou o vento. Mestre Manuel ia no “Viajante sem Pôrto” atravessando o quebra-mar. Ninguém nessa época andava mais ligeiro no saveiro que Mestre Manuel. Guma olhou o “Viajante sem Pôrto”. Ia rápido, as velas abertas ao vento. A noite descera completamente. Guma acendeu o cachimbo, acendeu a lanterna do “Valente” e o saveiro deslizou na água.

                               Perto de Itaparica alcançou o saveiro de Mestre Manuel:

                               - Vamos pegar uma aposta, Manuel ?

                               - Até onde você vai ?

                               - Maragogipe, primeiro, de lá pra Cachoeira.

                               - Então a gente aposta até Maragogipe.

                               - Tá valendo cincão ...

                               - E mais dez se tu topar – gritou o negro Antônio Balduíno que ia no saveiro de Manuel.

                               - Tá valendo ...

E os saveiros saíram juntos, cortando águas calmas. Do “Viajante sem Pôrto” Maria Clara cantava. Nesse momento Guma compreendeu que perderia a aposta. Não há vento que resista a uma canção quando é bela. E essa que Maria Clara canta é das mais belas. O saveiro de Mestre Manuel se aproxima. O “Valente” vai sem vontade, que Guma está todo no embalo da canção. As luzes de Maragogipe são visíveis à margem do rio. O “Viajante sem Pôrto” passa por êle, Guma joga os quinze mil-réis, Mestre Manuel grita:

                             - Boa viagem.

 

Jorge Amado. MAR MORTO. Págs. nº 95 e 96. Livraria Martins Editora. São Paulo – 1936.




- SALÃO DE AUDIÇÃO -

Siri-Açú. (Canção do Mar).
Álbum: Lagoa da Onça.








Foto: Elder Conceição.







Foto: Elder Conceição.



Em Cartaz: Cine ABC (Música Folclórica Brasileira)
- YOU TUBE -



Até Breve...
"Boas Festas"

Muito Obrigado  !!!







 

 

 

 

 


terça-feira, 13 de dezembro de 2022

PÉ DA SERRA





                                                    - Pé da Serra -

 

 

 

Na ladainha

Os cânticos e as orações...

O foguetório anunciou

A benção do glorioso

Nosso São João.

 

A bela rezadeira

E o divino devoto

Da antiga tradição

Do tríduo consagrado

Ao nosso São João.

 

O nosso São João

Nasceu em uma feira

No porto da cachoeira

Dançando trança-fita

Folguedo e quadrilha.

 

Bumba... bumba-meu-boi

Ninguém segura a velha

No forró do pé da serra.

 

Matias Moreno. PÉ DA SERRA. Álbum: Lagoa da Onça. “Ana Maria & Matias Moreno”. Bahia – 2022.

 

 

 

 

 

                                                  - PROGRAMA -

 

 

Marcha Junina - Sua origem remonta às escolas jesuíticas para índios, que a introduziram no Brasil ainda no século XVI, tendo a mesma espalhado-se para todo o Brasil. Já em 1603. Frei Vicente de Salvador registrava em sua obra “História do Brasil” que os índios eram “muito amigos das novidades, como do dia de São João Batista por causa das fogueiras e capelas”. Das diversas festas populares, foi a primeira a criar um repertório musical próprio. Já em 1837, o padre Lopes Gama registrou em seu jornalzinho “O capuzeiro” cantigas juninas como “Acordai, acordai/Acordai João/Ela está dormindo. /Não acorda não”. Com a crescente urbanização do país, desenvolvida nas primeiras décadas do século, as festas juninas ou joaninas adquiriram um caráter de evocação de um passado rural, quando, ao redor de fogueiras buscava-se rememorar o modo de vida caipira através de caracterizações no vestuário, linguajar e comida, além da música, através de uma dança coletiva, a quadrilha. A partir de 1930, os primeiros compositores e cantores de música popular vão lançar mão desse filão, através da estilização de um determinado tipo de música, conhecida como música de São João, assim como se dava em época de carnaval com os sambas e as marchinhas. Uma das primeiras dessas composições foi a marchinha “Cai cai balão”, do compositor Assis Valente, gravada em 1933 por Francisco Alves e Aurora Miranda na Odeon. No mesmo ano, o Bando dos Tangarás gravou as cenas regionais “Festa de São João I e II”, de João de Barro, também na Odeon e Carmen Miranda e Mário Reis gravaram na Victor a marcha “Chegou a hora da fogueira”, de Lamartine Babo. Durante os anos 30 dezenas de músicas destinadas às festas juninas seriam lançadas por grandes compositores como Lamartine Babo, Braguinha, Ari Barroso e muitos outros, num processo que continuou até os anos 50, quando as transformações no mercado musical acabaram por relegar esse tipo de música a uma posição secundária. Em 1939 Dalva de Oliveira gravou na Colúmbia a marcha “Noite de junho”, de João de Barro e Alberto Ribeiro. Outro artista que compôs e gravou diversas músicas voltadas para as festas juninas foi Luiz Gonzaga, que, entre outras, gravou “Olha pro céu”, parceria com José Fernandes, “Meu Araripe”, com João Silva, e “Noites brasileiras” com Zé Dantas.

 

Dicionário Cravo Albin da MÚSICA POPULAR BRASILEIRA.




- SALÃO DE AUDIÇÃO -

Pé da Serra. (Marcha Junina).
Álbum: Lagoa da Onça.







Foto: Elder Conceição.







Foto: Elder Conceição.





Segue em Cartaz: á "Live-Temporada"
Cine ABC (Música Folclórica Brasileira)
- Y O U  T U B E -



Até Breve ...
Muito Obrigado !!!



  

domingo, 4 de dezembro de 2022

LAGOA DA ONÇA

 




                                                       - Lagoa da Onça -

 

 

 

A Bola de fogo

Caiu na Tapera

E foi rolando caatinga

Parando no Cariacá.

 

Lagoa da Onça

Olho da Água e Piquaruçá

Seguiram o Bendengó

De Itapicuru até o Jatobá.

 

Açude...

Jeremoabo e Gameleira.

 

Contaram

Que, naquele meteorito

Viajavam os rupestres

Que falavam em hieróglifos.

 

Matias Moreno. LAGOA DA ONÇA. Álbum: Lagoa da Onça. “Ana Maria & Matias Moreno”. Bahia – 2022.

 

 

 

 

 

                                                  - PROGRAMA -

 

 

Romance – São poemas em versos octossílabos (pela versificação castelhana e setissílabos pela nossa) refundidos e recriados nos séculos XV e XVI, com rimas assonantes nos pares e os impares livres, vindos dos séculos X, XI, XII, como as canções de gesta, registando as façanhas guerreiras de espanhóis e franceses. Foram poemas feitos para o canto nas côrtes e saraus aristocráticos, e não poesia democrática e vulgar, feita para o povo. No século XVI, a recriação foi um processo de acomodação ao gênio popular e muitos motivos surgiram, dentro dos metros e modelos passados, versificados ao sabor do gôsto popular, mais fiéis aos tipos antigos. Passaram as assonâncias e tonâncias ás rimas simples, e neste caráter o Romance teve voga extraordinária, cantados e trazidos para o Brasil, como para toda a América espanhola, pela memória do colonizador. A gesta militar de outrora, o poema nacional a gôsto de Laveleye, a epopeia nacional, anônima e coletiva (LA SAGA DES NIBELUNGEN DANS LES EDDAS ET DANS LE NORD SCANDINAVE, 14, Paris, 1866) passou ao plano popular, número e heterogêneo, buscando os efeitos da emoção do lirismo do amor, temas sempre sensíveis e poderosos no espirito popular, alheio aos motivos fidalgos de luta e de conquista, ás loucuras cavalheiresca do voto do pavão e os sonhos do domínio cristão nas terras onde Cristo nascera. O séc. XVI foi a época do Romance em Portugal e justamente a fase de povoamento do Brasil. Os romances vieram cantados e resistiram até, possivelmente, o séc. XVIII, quando foram esquecidos no uso, mas não nas memorias coloniais. Apenas na segunda metade do séc. XIX os romances começaram a ser registado no norte brasileiro, já vitoriosa a campanha valorizada em Portugal por Almeida Garrett e na Inglaterra com Walter Scott.

 

Luís da Câmara Cascudo. DICIONARIO DO FOLCLORE BRASILEIRO. Pag. 553. Instituto Nacional do Livro. Rio de Janeiro – 1954.




- SALÃO DE AUDIÇÃO -

Lagoa da Onça. (Romance).
Álbum: Lagoa da Onça.







Foto: Elder Conceição.







Foto: Elder Conceição.





Em Cartaz: Cine ABC (Música Folclórica Brasileira)
- TEMPORADA -
Matinal, Matinê e Soirée.
--YOU TUBE --




Até Breve ...
Muito Obrigado !!!