segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Lua Cheia caminhos da Estrada Real.


Ocu baba  Ocu jerê.  Até mais Santo Amaro!

 Voltamos a cidade de Cachoeira ,riquíssima, vastíssima enciclopédia da Bahia. Alô Cachoeira da Bahia, nosso abraço , vem aí saltitando da Mala do Folclore os Ritmos Partido Alto, Toré e o Ritmo Choradinho.


Arquivo particular.




Partido Alto – nos seculos XVII, XVIII, XIX e até mesmo inicio do seculo XX não se fazia diferença entre “Sambadeira, prostituta ou vagabunda” para o homem: Sambador era um deflorador e desordeiro, impedindo com isto que muita gente de posição concorresse ao Samba, por suas pregações morais. Isto deu origem as rodas de samba, realizadas ás ocultas entre os senhores, as suas crioulas preferidas e esta realização temos o nome de Samba do Partido Alto.
 Para este tipo de Samba eram escolhidos os tocadores de maior recato e responsabilidade, evitando a divulgação e até o conflito de familia. A este tipo de Samba só assistiam os participantes com as suas favoritas. O ritmo era mais moderado e feito ao som das violas e pandeiros esta modalidade apresenta algumas alterações.
Enquanto os tocadores e cantores entoam a Cantiga a Sambadeira não vai ao centro da roda, quando para a Cantoria, ouve-se somente o som das palmas e da viola, a Sambadeira vai ao centro da roda, rodopia, sapateia e vai para o pé da viola onde dança de frente para o violeiro, dizendo-se que ela “amarrou o Samba”. Depois de um longo repinicado ela vira as costas ao violeiro e assim desamarrou  do Samba e o coro começa novamente a cantar enquanto é dada a Umbigada.     (Zilda Paim, Relicario Popular, Pag. 55, Bahia, 1999).

Tore - Os tupinambás se prezam de grandes músicos, e, ao seu modo,cantam com sofrível tom, os quais têm boas vozes; 
mas todos cantam por um tom, e os músicos fazem motes de improviso, e suas voltas, que acabam no consoante do mote; 
um só diz a cantiga, e os outros respondem com o fim do mote, os quais cantam e bailam juntamente numa roda, na qual um tange um tamboril,em que não dobra as pancadas;
 outros trazem um maracá na mão, que é um cabaço, com umas pedrinhas dentro, com seu cabo por onde pegam;
e nos seus bailes não fazem mais mudanças, nem mais continências que bater no chão com um só pé ao som do tamboril;
 e assim andam todos juntos à roda, e entram pelas casas uns dos outros; onde têm prestes vinho, com que os convidar; e às vezes anda um par de moças cantando entre eles, entre as quais há também mui grandes músicas, e por isso mui estimadas. Entre este gentio são os músicos mui estimados, e por onde quer que vão, são bem agasalhados, e muitos atravessaram já o sertão por entre seus contrários, sem lhes fazerem mal.
( Gabriel Soares de Souza,”Tratado Discritivo do Brasil em 1587”,(capitulo CLXII), pags 315 e 316.


Choradinho – ou Baião dança e canto popular, ao som da viola e de outros instrumentos, derivado do Baiano. Conhecida também como Baiano ou Chorado. Esses nomes também se aplicam ao pequeno trecho instrumental que os contendores executam nos Desafios para dar tempo ao adversario de preparar a sua resposta.
(Silvio Romero)

Choradinho – (...) “ nem todos, porém, a compartem. Baldos de recursos para se alongarem das rancharias, agitam-se, então, nos Folguedos costumeiros, encouraçados de novo, seguem para os Sambas e Cateretês ruidosos, os solteiro,famanazes no Desafio, sobraçando os machêtes, que vibram no Choradinho ou Baião, o os casados levando toda a obrigação, a familia. Nas chopanas em festa recebem-se os convivas com estrepitosas salvas de ronqueiras e como em geral não há espaço para tantos, arma-se fora, no terreiro varrido, revestidos de ramagens, mobiliado de cepos, e troncos, e raros tamboretes, mas intenso, alumiado pelo luar e pelas estrelas o salão do baile. Despontam o dia com uns largos tragos de aguardente, a teimosa, e rompem estrídulamente os sapateados vivos.
                           Um cabra destalado ralha na viola. Serenam em vagarosos maneios, as Caboclas bonitas. Revoluteia, brabo e corado o sertanejo moço.
                            Nos intervalos travam-se os desafios.
                            Enterreiram-se, adversarios, dois Cantores rudes. As rimas saltam e casam-se em quadras muita vez belissimas.
                            Nas horas de Deus, amém
                            Não é zombaria, não !
                            Desafio o mundo inteiro
                            Pra cantar nesta função !
                           O adversario retrunca logo, levantando-lhe o ultimo verso da quadra:
                           Pra cantar nesta função
                           Amigo, meu camarada.
                           Aceito teu desafio
                           O fama deste sertão !
                           É o começo da luta que só termina quando um dos bardos se engasga numa rima dificil e titubeia, repinicando nervosamente o machete, sob uma avalanche de risos saudando-lhe a derrota. E a noite vai deslizando rápida no Folguedo que se generaliza. Até que as barras venham quebrando e cantem as sericóias nas ipueiras, dando o sinal de debandar ao agrupamento folgazão.
                          Terminada a festa, volvem os vaqueiros á tarefa rude ou á rede preguiçosa.”(...)
(Euclides da Cunha, OS SERTÕES, pags. 228 e 229), (Lendas e Canções, “Quadras”, Juvenal Galeno.)

Estamos a vontade para fazer o nosso mapa, o qual nos leva a Estrada Real. E vamos que vamos! Voltaremos ao Trem de Ferro, para caminhar na "Feira de Santana" com a Mala do Folclore. Obrigado a todos e visitem nosso endereço eletrônico: 


Arquivo particular
Ana Maria autografando "Boa Viagem" (Cachoeira-Ba.)
  
Arquivo Particular
Matias Moreno autografando "Brasiliana Folias e Ritmias"  (Cachoeira-Ba.)




       





segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Porto Lua Cheia, saudades da Ribeira




Saindo da rota das águas pelo Porto Lua Cheia, pegamos a Mala do Folclore e subimos até o Recôncavo da Bahia. Passagem por Santo Amaro da Purificação, onde o "Samba Chulado" pediu passagem. Assim, junto com ele, nos acompanham os ritmos Cantoria - Romeira e Samba.

                                  
 
                                          Arquivo particular


Samba-Chulado – A Chula era a alma do Samba do Partido Alto fez a Modinha viver, é filho da Bahia, orgia de ritmos, ironias, surpresas, um que de selvagem. De primitivo, uma glorificação do passado. A dança bole com os nervos de muita gente recatada, a rapaziada perde a cabeça quando a Mulata, sapateando, dá os seis passinhos de estilo para entrar na roda, quando a Cabrocha dança um “Corta Jaca Miudinho” ou quando requebra num “Corta Coco Direitinho”.
                   
                    Os olhares lascivos da Sambadeira, mexem com os corações.
                    O Samba é próprio das festas em louvor aos santos do mês de junho, São Cosme, São Damião, nas festas da lavagem da igreja da Purificação , nas festas de casamento e batizados das roças e fazendas.
                     Em Santo Amaro (Bahia), varias mulheres se tornaram sempre lembradas pelo seu requebrado: Sinhá Aninha, Maria do Curuzú e Maria Pé no Mato, todas foram Porta Bandeira na lavagem de Nossa Senhora da Purificação. Maria do Curuzú residia numa das travessas da Rua Sinimbu, e o trecho ficou conhecido como “Beco do Curuzú”.
                     O Samba é uma exibição das qualidades individuais de cada dançarino. Cada qual mais apurado, mais entusiasta e as Crioulas com o seu maior remelexo. Os olhares lascivos da Sambadeira além de bulirem com o sentimento dos espectadores, produzem maior ou menor excitação nela própria.
                    Samba quer dizer adoração, queixume, súplica e desejo.
(Zilda Paim, Relicário Popular, pag. 56, Bahia, 1999.).


Cantoria-Romeira – Ato de cantar, a disputa poética cantada, o Desafio entre os Cantores do Nordeste Brasileiro.(...) “Admirável é que o tempo não lhes vença o ânimo nem apouque a admiração do povo. Continua como eram. Agora em menor porção mas sempre queridos cercados, cantando valentias, passando fome, vendendo folhetos, sonhando batalhas. Seu público não mudou. É o mesmo. Vaqueiros, mascates, comboieiros, trabalhadores de eito, meninada sem profissão certa e que trabalham em tudo, mulheres... Nas Feiras são indispensáveis. Rodeados como os camelôs nas cidades, de longe ouvimos a voz roufenha, áspera, gritante. Nos intervalos, o Canto Chorado da viola companheira. Perto cem olhos se abrem, contentes de ver mentalmente o velho cenário combativos de seus avós. Ninguém interrompe. Não há insulto. Pilhéria, a pilhéria dos rapazes espirituosos das capitais. Há silencio e ouvido atento”(...)
(...) “Os Portugueses trouxeram a tradição das Romarias para o Brasil. Não consta que os indígenas tivessem pontos de afluência religiosa e os africanos conheceram as Romarias depois de muçulmanizados.”(...)
(Luis da Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore Brasileiro, pags. 152 e 554, Rio de Janeiro, 1954.)


Samba – Samba - Duro é o Samba feito só para homens, com um ritmo quente de Batuque, sempre executado no final das grandes farras quando as Mulatas já se recolheram, e lá vai alta a madrugada !!!
                        Variadas são as formas do Samba: Samba Amarrado, Samba da Crioula, Samba do Partido Alto. Todos estes nomes significando os Sambas apresentados em recintos reservados para altas personalidades com as suas preferidas, este ritmo é acompanhado de violas que é seguido pelo bater das palmas. A Sambadeira dando o seis passinhos de estilo, entra na roda e vai ao pé da viola dá a Umbigada e o violeiro entoa uma Chula, terminada a Chula é que sai a outra Sambadeira.
                        As Chulas improvisadas, mexiam com os presentes ou fatos ocorridos ou ainda parte das pessoas.
                        Nunca vi Santo Amaro, de Lampião
                        Nunca vi mulher magra de cadeirão.
                        Formada a roda rufam os pandeiros, repinicam as palmas e o coro entoa o Samba. Vários são as músicas e versos.
                        É hoje sim você tem qui dá
                        Debaixo da rama do maracujá
                        Eu dou seu Zé, eu dou seu Zé
                        Umbigada na sua mulher.
(Zilda Paim, Relicário Popular. Pags. 56 e 59, Bahia, 1999).





                                              É amigos muitas emoções pela frente, aqui estamos no Porto Lua Cheia com a Mala do 
Folclore e suas sonoridades. Garantimos muitas emoções, até breve!. Não deixem de curtir nosso endereço musical.







segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Antes do registro alcançado por uma expedição portuguesa o território que hoje é chamado de Brasil era habitado por indígenas. Este  é o primeiro contato para a nossa Nação. Berço de uma ancestraliade musical. Pois bem amigos, a Mala do Folclore se despede do Porto Fonte Nova navegando para o mar direto ao Porto Lua Cheia. Fica aqui nossas canções e poesias com os ritmos Marcha de Rancho, Cateretê e Cantiga de Roda. 



                                Arquivo http://www.brasilescola.com/




Marcha de Rancho – “(...), esses Ranchos vão até a Lapinha, onde a comissão dos festejos dá um ramo ao primeiro que chega. Todos eles cantam e dançam nas casas por dinheiro. Suas danças consistem num Lundu sapateado, no qual a figura principal entra em luta com o seu condutor que sempre o vence; depois jogam sempre dançando e cantando, um lenço aos donos da casa que restituem-no com dinheiro amarrado numa das pontas e saem cantando dançando,batendo palmas, arrastando os pés, num charivari impossível de descrever-se.”(...). 
(Nina Rodrigues – Os Africanos no Brasil, São Paulo, 1932, pags. 263-265). 
“O Rancho de Cantores que nos Açores saem cantando e pedindo para obras pias, durante Reis e Sebastianas (6 e 20 de janeiro)”.
(Teófilo Braga – O Povo Português nos seus Costumes,Crenças e Tradições, II , pag. 258, Lisboa, 1885). 
“Durante o Carnaval no Brasil, no Rio de Janeiro preferencialmente, os Ranchos aparecem como grupos de foliões, com instrumentos de corda e sopro, cantando em côro verso musicados e alusivos ao grupo, a Marcha do Rancho ou mesmo os mais populares na ocasião, esses Ranchos, que Renato Almeida estudou, passaram lentamente a Préstitos, com Reis e Rainhas, Pajens, Bandeiras, Alegorias, com danças particulares para algumas figuras componentes. Tiveram o nome de Cordões, mas últimamente o Rancho prevaleceu”.
(Luis da Câmara Cascudo – Dicionário do Folclore Brasileiro, pag.540, Rio de Janeiro – 1954).


Cateretê – Dança rural do sul do Brasil. Conhecida desde a época colonial, em São Paulo, Minas e Rio de Janeiro. Couto de Magalhães informa tê-la incluído o Padre José de Anchieta nas festas da Sta. Cruz, São Gonçalo, Espírito Santo, São João e Nossa Senhora da Conceição, compondo verso no seu ritmo e solfa, dizendo-a profundamente honesta. Podia ate ser dançada sem mulheres. E ainda a dançam assim em certas paragens de Goiás, a Catira. Stradelli crê o Cateretê indígena. Artur Ramos, africano. Ezequiel, citado por Teófilo Braga, deduziu-o como a dança do Séc.XVI que se chamou Carretera em Portugal. A dança tem alguns elementos fixos, apresentando variações na música e na coreografia. Duas filas, uma diante da outra. Evolucionam, ao som de palmas e de bate-pés, guiados pelos violeiros que dirigem o bailado. As figuras são diversas e há tradições de bons dançadores. Especialmente nos tempos do sapateado indispensável.
(Luis da câmara Cascudo – Dicionário do Folclore Brasileiro, pag. 163, Rio de Janeiro – 1954).
 Cantiga de Roda – (...) “Todas essas cantigas estão vivas na nossa memória, em doce recordação, quando as ouvimos nos brinquedos dos nossos filhos. Não há dúvida de que pouco na roda infantil brasileira é especialmente nacional, mas talvez a razão disso seja o fato de, adotadas as Lusitanas, ou ainda as de procedência Francesa, nos terem servido tão bem, na sua ingênua simplicidade, que duraram e, ao revés das outras formas musicais importadas, que se mesclaram e transmudaram em matéria nova. As Cantigas de Roda defenderam o caráter primitivo o mais possível. Sem embargo, é preciso notar que, em vários pontos do pais, os garotos já se apropriaram de Toadas locais para as suas rodas. Cantando-as porém. Com um caráter próprio. É digna de registo a influencia Francesa nas Cantigas de Roda”(...).
(Renato Almeida – Historia da Musica Brasileira, pags. 107 – 108).



Arquivo Particular
Ana Maria & Matias Moreno ( acompanhados pelo Trio Folclórico Brasileiro ).


Lua Cheia

Balança a maré 
entrada para o Mar, 
lembranças boas do Porto Fonte Nova. 
Vem aí a Lua Cheia!. 

Até breve amigos! Visitem nosso endereço eletrônico : http://www.youtube.com/watch?v=QSNJ-xQex8U&list=PLauw-H4ZP_KUnlfMIQgY0rvGlSXYkk3EX








segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Caminho das águas




Conta-nos a história sobre o encantamento do estrangeiro ao adentrar a Baía, que hoje guarda o nome de Todos os Santos. Algo tão desconhecido e sutilmente surpreendente quanto o ritmo Toada, que a Mala do Folclore mostra com mais duas preciosidades de nosso cabedal musical.



arquivo pessoal


Toada – Cantiga, Canção, Cantilena; a melodia nos versos para cantar-se.
(Câmara Cascudo Luis, Dicionário do Folclore Brasileiro, pag.615, Rio de Janeiro, 1954.)

“Musica confusa, sons ruidosos, que nada dizem, sinônimo de solfa”
(Izaac Newton, Dicionário Musical, pag.283, Maceió, l904.)



Repente Amartelado – “Não há informação ameríndia para fixar a presença do Desafio na America pré-colombiana ou pré-cabralina. Os Árabes conheciam o Desafio, e a influencia é visível na música dos Cantadores sertanejos. O Desafio na África é uma projeção Árabe. Como o Desafio é, em linha reta, vindo do canto Amabeu e este pertencia a ciclo pastoral, acompanhado pelos instrumentos de sopro, os Cantadores do Nordeste cantam o Desafio, o velho, o legitimo, o verdadeiro, sem acompanhamento musical. No intervalo e entre a pergunta e a resposta executam um pequeno trecho, exclusivamente musical, enquanto um dos adversários prepara o verso seguinte. Noutros exemplos, embora sem o acompanhamento ao canto, fazem ouvir um arpejo no fim de cada verso, jamais coincidindo com a voz humana”.
(Luis da Câmara Cascudo, Vaqueiros e Cantadores, pags. 125-180, Porto Alegre, 1938).

“No Brasil, a tradição medieval ibérica dos trovadores deu origem aos cantadores – ou seja, poetas populares que vão de região em região, com a viola nas costas, para cantar os seus versos. Eles apareceram nas formas da trova gaúcha, do calango (Minas Gerais), do cururu (São Paulo), do samba de roda (Rio de Janeiro) e do repente nordestino. Ao contrário dos outros, este último se caracteriza pelo improviso – os cantadores fazem os versos "de repente", em um desafio com outro cantador. Não importa a beleza da voz ou a afinação – o que vale é o ritmo e a agilidade mental que permita encurralar o oponente apenas com a força do discurso. 
A métrica do repente varia, bem como a organização dos versos: temos a sextilha (estrofes de seis versos, em que o primeiro rima com o terceiro e o quinto, o segundo rima com o quarto e o sexto), a septilha (sete versos, em que o primeiro e o terceiro são livres, o segundo rima com o quarto e o sétimo e o quinto rima com o sexto) e variações mais complexas como o martelo, o martelo alagoano, o galope beira-mar e tantas outras. O instrumental desses improvisos cantados também varia: daí que o gênero pode ser subdividido em embolada (na qual o cantador toca pandeiro ou ganzá), o aboio (apenas com a voz) e a cantoria de viola”.
(Silvio Essinger)


Canção do Mar - "Para o folclorista Luís da Câmara Cascudo, Dorival Caymmi inventou um gênero, já que não havia antes nada que se assemelhe às suas praieiras; músicas como "A Lenda do Abaeté", "O Vento", "Canoeiro" e "O Mar", trazem um violão único que se transforma nas coisas que canta, apagando as fronteiras entre a música e o que ela "descreve”. Para quem escuta o LP, a sensação que fica é de que o sargaço, a rede, a jangada, o dorso do pescador, o amor de Rosa por Pedro, tudo está inebriado pelo violão e a voz do cantor".  ( Breno Procópio )

imagem http://agenciaboaimprensa.blogspot.com.br/

Pois bem amigos de "terras brasilis", estamos firmes no leme em busca das sonoridades de nossa Música Brasileira. A estada no Porto Fonte Nova, vai construindo um riquíssimo caminho, que pela nossa carta nautica nos levará ao Porto Lua Cheia. Estaremos sempre no nosso endereço musical, aguardando sua visita. E vamos que vamos!.               


                                  imagem: http://botelhoba.wordpress.com/






terça-feira, 15 de outubro de 2013

Preciosidades da Música Folclórica!

Cd Fonte Nova

Ficha Técnica:
Ao Canto: Ana Maria
Ao Canto e Violão: Matias Moreno
Autor e Compositor: Matias Moreno
Percussão: Sarmento
Efeitos Percussivos: Emiliano
Teclados e Efeitos: Robson
Violino: Mateus Costa/ faixa 07 com Olivaldo.
Participação dos Pataxó hã-hã-hães faixa 01

Estudio: Belwedere  
Foto:Dominique
Ilustração: Renée Lefevre


Arquivo particular.




As atividades musicais, do nosso Brasil, durante o período Colonial entremeia as manifestações de nossa origem. Assistindo a Bahia de Todos os Santos, define-se em nossa Mala do Folclore os Ritmos que nascera com nossa gente. No embalo das marés adentramos no xaxado e suas origens




Pesquisa :(http://fabiopestanaramos.blogspot.com.br/2010/11/historia-da-infancia-e-da-educacao.html )




Xaxado -
Quando eu entro no xaxado
Ai meu Deus
Eu num paro não
Xaxado é dança macha
Primo do baião
(Luiz Gonzaga e Hervé Cordovil)

Segundo o folclorista Roberto Benjamin, o xaxado é um ritmo e uma dança sertanejos, com evidentes características de culturas indígenas, originário das regiões do Pajeú e Moxotó (Pernambuco).

             Há controvérsias, no entanto, sobre a origem do xaxado. Alguns pesquisadores, como Benjamin e Luís da Câmara Cascudo, afirmam que é uma dança originária do alto Sertão de Pernambuco, outros que ela tem sua origem em Portugal e alguns outros ainda dizem que sua origem é indígena.

            Pesquisas indicam que a dança já era conhecida nas regiões do Agreste e Sertão pernambucano desde 1922. 

            A palavra xaxado é uma onomatopeia do barulho xa-xa-xa, que os dançarinos fazem com as alpercatas arrastadas no chão durante a dança.

            A dança é executada em círculo, com os dançarinos em fila indiana, um dançarino atrás do outro, sem volteio, cada participante fazendo três ou quatro movimentos laterais com o pé direito na frente, arrastando o esquerdo, numa espécie de sapateado rápido.

           Antigamente, era uma dança exclusivamente masculina, que foi divulgada pelo Nordeste brasileiro por Lampião e seu bando, por isso ela ficou sendo associada ao Ciclo do Cangaço. Os cangaceiros usavam a dança como grito de guerra ou para celebrar vitórias. O rifle substituía a mulher. Como dizia o cantor e compositor Luiz Gonzaga, um dos grandes divulgadores do xaxado,  " O rifle é a dama ".

           Originalmente o xaxado não era acompanhado por instrumentos. Só havia o canto, com quadras e refrão, o arrastar das alpercatas e o compasso sendo marcado pela pancada da coronha do rifle no chão. As letras das músicas eram sempre agressivas e satíricas, motivo pelo qual Câmara Cascudo considerou o xaxado como uma variante do Parraxaxá, um canto de insulto dos cangaceiros, executados nos intervalos das descargas dos seus fuzis contra a polícia: 

"Eu não respeito poliça
Soldado nunca foi gente
Espero morrer de velho
Dando carreira em tenente

Aí moleque Higino
Só tenho pra te dá:
A bala do meu rifle,
A ponta do meu punhá!"
            (cultura popular) 

           Hoje, a dança não é mais exclusivamente masculina, sendo dançada aos pares. O vestuário dos grupos evidencia a sua origem, uma vez que os dançarinos se trajam de cangaceiros e cangaceiras. Na maioria das vezes, no entanto, só os homens portam o rifle. São acompanhados também por pífanos, zabumbas, triângulos e sanfonas.

           Foi muito divulgada também por conjuntos regionais paraibanos, o que fez com que fosse criada indevidamente a expressão xaxado da Paraíba.

           Atualmente o xaxado só é visto em coreografias estilizadas de grupos artísticos, que se apresentam principalmente nas festas juninas, sendo executado basicamente em duas fileiras, uma masculina outra feminina. Os dançarinos fazem evoluções, dançam juntos ou separados, arrastando sempre as alpercatas no chão.(Recife, 30 de abril de 2010. GASPAR, Lúcia. Xaxado. FONTES CONSULTADAS: BENJAMIN, Roberto. Xaxado. In: Folguedos e Danças de Pernambuco. Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1989. p. 100-103.CASCUDO, Luís da Câmara. Xaxado. In: FOLCLORE. Recife: Secretaria de Educação e Cultura, 1975. p. 43. FERRAZ, Marilourdes. O canto do acauã. Belém: [s.n.], 1978.  ).



Canção – A Canção Brasileira existe há três séculos. Acredita-se que já fazia parte das óperas de Antonio José da Silva, O Judeu, tão apreciadas, naquela época, nas duas pátrias; lemos suas virtudes cantadas por célebres viajantes estrangeiros; salta-lhe a melodia dos “Árcades Mineiros”; vemo-la em todos os salões, elegantes e modestos, até assumir a forma erudita na pena de Alberto Nepomuceno. Não vou aqui mostrar a evolução da Modinha, nem examinar de perto a influência poderosa que a Ópera italiana e a Valsa nela exerceram, pois o assunto já foi exaustivamente estudado por Mário de Andrade em Modinhas Imperiais.
(Vasco Mariz, A Canção Brasileira (Erudita, Folclórica, Popular), pag. 20, Rio de Janeiro, 1977). 


É no recorte sincrônico da história da música, que vamos, embalados pelo ritmo Batucada 


       - É  Batucada - 

Samba de morro, não é samba
É batucada, é batucada
Samba de morro, não é samba
É batucada, é batucada

Lá na cidade a história é diferente
Só tira samba malandro que tem patente
Lá na cidade a história é diferente
Só tira samba malandro que tem patente

Nossas morenas vão pro samba bonitinhas
Vão de sandália e saiote de preguinha
Nossas morenas vão pro samba bonitinhas
Vão de sandália e saiote de preguinha       
(Caninha / Visconde Bicohyba)



Batucada – ritmo ou canção do Batuque informa o Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. – O mesmo que Batuque. Baile com instrumentos de percussão, cantando-se versos, respondidos pelo côro. Não há Batucadas com instrumentos de corda e de sopro, dizem os mestres na espécie no Rio de Janeiro. Baile de gente pobre é batucada. Nenhuma dança caracteriza a Batucada por que todas são de roda, com um ou dois dançarinos fazendo letras no centro. A origem desse bailado é a África; ensinam. É bailado indígena, respondem, apontando os desenhos nos livros de Bry e as informações dos cronistas coloniais, especialmente Lery e Staden. A origem é do homem e essas danças com instrumentos de percussão, palma de mão ou batidas em qualquer superfície, existem por toda parte, e os viajantes encontraram por todo o mundo, Europa, Ásia, África, América, Oceânia. Devem existir em Marte, Júpiter e Urano.
(Luis da Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore Brasileiro. Pag. 94, Rio de Janeiro). 

Até Mais Amigos e até a próxima.


 Visite nosso endereço musical http://www.youtube.com/watch?v=n4Ek_ONZ8tc



 

 

 

 

 

 

 












segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Aportamos FONTE NOVA!


Onde se abriga barcos, abriga-se também a história de nossa gente e a criação de nosso querido Folclórico. O qual, nossa Mala do Folclore, alenta-se. Pois bem, estamos já tranquilos, despedidas e novas perspectivas à porta, digo, ao mar.


arquivo particular


  Um momento ímpar, encontrarmos os brasis em capital da Bahia, donde nasce o Brasil. Assim como, encontrarmos no Fonte Nova os Ritmos Nativos que agora apresentamos.

Caiapó – “Os portugueses têm muita escravaria destes índios cristãos. Têm eles uma confraria dos reis em nossa igreja, e por ser antes do natal, quiseram dar vista ao padre visitador de suas festas. Vieram um domingo com seus alardos á portuguesa, e a seu modo com muitas danças, folias, bem vestidos, e o rei e a rainha ricamente ataviados, com outros principais e confrades da dita confraria; fizeram no terreiro de nossa igreja seus caracóis, abrindo e fechando com graça por serem mui ligeiros, e os vestidos não carregavam muito a alguns por que os não tinham”. 
(Fernão Cardim – Tratados da Terra e Gente do Brasil. Pags. 342- 343, Rio de Janeiro, 1925).


Xote – “Schottisch – Apareceu durante a Regência e dominou na Maioridade e Segundo Império, tendo mais de mil composições dedicadas ao gênero. Dança de salão, aristocrática, passou ao povo e, desaparecendo da sociedade onde viera, incorporou-se aos bailes populares e regionais, sendo o ritmo de muita dança velha, como arrepiada, jararacas, serrote, etc. no Rio Grande do Sul havia e há vários tipos de “Schottischs”, com denominações especiais e típicas. O ritmo vivo de 2/4, presto dá para animar a festança. “Schottisch” e Polca foram expulsos dos bailes de gente ilustre, mais continuam vivos nas alegrias do povo. Nos estados do Nordeste, nos bailes de “rifa” ou nos bailes de “quota”, indispensavelmente, o fole, harmônica. sanfona ou realejo sacode para o ar o desenho melódico de muito “Schottisch”, antigo, e também inúmeros criados pelos sanfoneiros.
(Luis de Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore Brasileiro, pag. 568, Rio de janeiro – 1954). 

Samba de Lavagem - “Quem não recorda na Bahia, dos longos séquitos de aguadeiros e carroceiros a guiar cavalos e muares enramados com folhagem de pitanga e barulhentas carroças atacadas de lenha pela calçada do Bonfim até o adro da igreja, onde já tripudiavam crioulas e mulatas, gente de todas as castas e matizes, com a bateria de tinas, bacias, esfregões e vassoras? quem a viu, que a esquecesse aquela extraordinária festa da água e álcool, aquele enorme disparate de benditos e chulas, de rezas e gargalhadas, de gestos contritos e bamboleios impudicos ? a Vênus hotentote já exibia as suas opulências carnais e os seus rebolados de dançarina. Os ranchos de aguadeiros, despejando os barris, cambavam com garganteios estentóreos. Soavam bacias como sinos rachados. O estrépito das palmas formava um matraquear ensurdecedor. Num mesmo instante, joelhos que se dobravam ante os altares, estiravam-se ágilmente nos passos e voltas de um atrevido fandango. Enquanto as vassoras chapinhavam nas lajes da nave, olhares caprinos, incendiados em chamas alcoólicas, devoravam colos negros e impantes, onde as contas do rosário vibravam como guizos de mascarado. Não faltavam ao espetáculo nem as gaiatices do espirituoso capadócio, nem músicas apropriadas ao tom da colossal pagodeira”. (Ernesto Matoso. Cousas do Meu Tempo, pag. 25, Bordeaux, 1916). 









Assim vamos recolher as velas por hoje... E nos prepararmos para o próximo Post. Nos veremos para falar da nossa gente, nossa cultura e nossa música. Até breve amigos e vamos que vamos!                                     

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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Fonte Nova estamos aqui!



Partindo da Estação Cisca Fogo,  para o mar...

Bom dia amigos de estrada, como dissemos, a estação Cisca Fogo abriu-nos precedentes para muitas novidades, inclusive, nossa chegada ao mar. Aportados na Bahia, daqui traçamos nossa rota marítima e junto com ela a Mala do Folclore se despede da estação com mais três ritmos. 

Lundu - "Tollenare assistiu dançar o Lundu no Teatro da Cidade do Salvador. Bahia em l818. (Antologia do Folclore Brasileiro, pag. 73, São Paulo, 1944): “O mais interessante (entremez) a que assistir foi o de um velho taverneiro avarento e apaixonado por uma jovem vendilhona. O velho está sempre a vacilar entre o seu amor e o seu cofre. A rapariga emprega todos os recursos da faceirice para conservá-lo preso nos seus laços. O mais eficaz consiste em dançar diante dele o Lundu. Esta dança a mais cínica que se possa imaginar, não é nada mais nem menos do que a representação, a mais crua, do ato do amor carnal. A dançarina excita o seu cavalheiro com movimentos os menos equívocos: este responde-lhe da mesma maneira: a bela se entrega á paixão lúbrica: o demônio da volúpia dela se apodera, os tremores precipitados das suas cadeiras indicam o ardor do fogo que a abrasa, o seu delírio torna-se convulsivo, a crise do amor parece operar-se e ela cai desfalecida nos braços do seu par. Fingindo ocultar com o lenço o rubor da vergonha e do prazer. O seu desfalecimento é o sinal para os aplausos de todas as partes”.
(Luis de Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore Brasileiro. Pag. 364).

“Havia mulatos célebres, aplaudidos nos salões por darem ao Lundum um acento libidinoso como ninguém: era uma feiticeira melodia sibarita, em lânguidos compassos entrecortados, como quando falta o fôlego, numa embriaguez de sensualidade voluptuosa.”

(Oliveira Martins, História de Portugal, vol. II, Lisboa, 1920).



Arquivo pessoal



Na canção Pecado Infantil (Cd Cisca Fogo), saímos litoral adentro embalados no ritmo acompanhando o maneirismo das ondas do mar da Bahia.

Samba de Rancho – “O Rancho ou Reisado, como no centro do estado o chamam, é um grupo de homens e mulheres, mais ou menos numeroso, representando pastôres e pastôras que vão a Belém e que de caminho cantam e pedem agasalho pelas casas das famílias. Podemos dividir o Rancho em duas categorias; o Terno que é o Rancho mais sério e mais aristocrata e o Rancho propriamente dito, que é mais pândego e democrata... O Rancho prima pela variedade de vestimentas vistosas, ouropéis e lantejoulas, a sua musica é violão, a viola, o cavaquinho, o ganzá, o prato e ás vezes uma flauta; cantam os seus pastôres e pastôras por toda a rua, Chulas próprias da ocasião, as personagens variam e vestem-se de diferentes cores, conforme o “bicho”, “planta” ou mesmo objeto inanimado, que os pastores levam á Lapinha” (...). (Nina Rodrigues – Os Africanos no Brasil, São Paulo. 1932 pags. 263-265).

A historiografia tradicional do carnaval carioca afirma que os ranchos do Rio de Janeiro descendem dos ranchos de Folia de reis baianos, que saíam normalmente no Dia de Reis. Hilário Jovino Ferreira, em depoimento tardio, afirmou que foi ele quem criou o primeiro rancho carnavalesco no Rio de Janeiro, o Reis de Ouro, após participar do rancho Dois de Ouro, situado no Beco João Inácio. Ainda de acordo com seu depoimento, havia registro de alguns ranchos nesse estilo no Rio de Janeiro anteriormente. (Wikipédia).


Ciranda de Roda – “Ciranda – dança de roda infantil e Samba Rural no estado do Rio de Janeiro. É de origem Portuguêsa, musica e letra, e uma das permanentes na literatura oral brasileira, atestando a velha observação que as cantigas lnfantis são as mais dificies de renovação, por que as crianças são conservadoras num determinado tempo, repetindo as fases de cultura peculiares a êsse ciclo cronológico.
                                   
                                    Ò Ciranda ó Cirandinha,
                                    Vamos todas cirandar:
                                    Vamos da a meia volta
                                    Meia volta vamos dar.

                                    E depois de volta dada,
                                    Cavalheiro troque o par...

A quadrilha, sem o dístico, continua cantada e dançada pelas crianças. Em Portugal, como no Brasil.
(Augusto C. Pires de Lima, Jogos e Canções Infantis. Pag.,72, A CIRANDA, Porto, 1943).





É isso aí amigos, estação Cisca Fogo se despede e mais uma vez estamos agradecidos a vossa saudação,  "Vamos embora, vamos embora, arruma a mala que o trem não demora, me conta outra história." (Cd Cisca Fogo - Vamos Embora ). E estaremos sim, vos aguardando no próximo Post, no porto Fonte Nova.
                                                

Baía de Todos os Santos, em c. 1625. Imagem: 50 anos de urbanização: Salvador da Bahia no séc. XIX. Rio de Janeiro, Versal, 2005.(Postado por Carlos Silva - 01/11/2010 | 11:19).